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Artes

Com tema “Afrofuturo”, autora explica como moda exalta os corpos

O livro de Carol Lee Dutra explica tudo sobre protagonismo negro e inspiração dos ancestrais na moda

Bárbara Cavalcanti | 10/10/2021 08:32
Modelos com a coleção de Milena Nascimento na São Paulo Fashion Week, exemplo prático de Afrofuturo. (Foto: Reprodução Redes Sociais)
Modelos com a coleção de Milena Nascimento na São Paulo Fashion Week, exemplo prático de Afrofuturo. (Foto: Reprodução Redes Sociais)

O negro como protagonista empoderado resume o conceito de Afrofuturismo ou Afrofuturo, movimento que começou na literatura, mas agora já se espalha por todas as artes e, inclusive, na moda.

No livro “Moda, Estética e Comportamento do Afrofuturo”, publicado pela Life Editora, a designer de moda Carol Lee Lemos Dutra apresenta alguns aspectos de como os negros criam narrativas que celebram sua identidade e história.

“Na moda eurocentrista, o padrão estético tem o europeu no centro. No Afrofuturo, a ótica afrocentrista, não coloca ninguém acima de ninguém, iguala todas as culturas e mostra a moda como identidade, como forma de expressão”, explica.

Maga Moura, exemplo citado em livro sobre Afrofuturo na moda. (Foto: Reprodução Redes Sociais)
Maga Moura, exemplo citado em livro sobre Afrofuturo na moda. (Foto: Reprodução Redes Sociais)

Carol, que não revela a idade exata e brinca ao dizer ter “a maturidade dos 40 e poucos”, é natural de Campo Grande, mas estudou em Brasília, no Distrito Federal e diz sempre ter sentido falta de material sobre a cultura afro na faculdade.

A área de moda e ainda por cima nesse recorte na cultura afro, ainda são assuntos tímidos na Capital. Durante a pandemia então conseguiu colocar a ideia em prática.

“Eu sabia que quando eu fosse escrever, escreveria sobre cultura. Sobre a minha cultura, como afro-brasileira. Inclusive, o Afrofuturismo tem muito disso, da ancestralidade, de olhar para trás e ver o que existe de bom, principalmente, para inspirar o futuro”, detalha.

Na moda, de acordo com Carol, o Afrofuturismo celebra a diversidade em todos os formatos e tamanhos de corpos. “O padrão é não ter ninguém acima de ninguém. É ter vários, exaltar o que cada um tem de melhor. E usar a moda como forma de expressão, olhando também para o que os ancestrais têm”, ensina.

Ilustração das Guerreiras de Daomé, insipiração para moda no filme "Pantera Negra", exemplo de Afrofuturo citado. (Foto: Arquivo Carol Lee)
Ilustração das Guerreiras de Daomé, insipiração para moda no filme "Pantera Negra", exemplo de Afrofuturo citado. (Foto: Arquivo Carol Lee)

Carol cita exemplos específicos de protagonismo negro na moda, como Milena Nascimento, de 22 anos, que estreou sua etiqueta de roupas autorais na São Paulo Fashion Week desse ano. O exemplo mais famoso do Afrofuturo na prática foi o filme Pantera Negra, da Marvel, lançado em 2018. “O filme tem todos os elementos. Tem protagonismo negro, pessoas vestidas com roupas e toda cultura inspirada na ancestralidade, e mulheres empoderadas e fortalecidas”, comenta.

O movimento em si nasceu na literatura, na década de 90 com o autor estadunidense Mark Derry, que defendia a participação da pessoa negra na literatura e na ficção científica. De lá para cá, o conceito já tomou proporções muito maiores. “A gente tem uma cultura muito rica. Não só na literatura. Para a gente chegar no Afrofuturo, quase que utópico e imaginário, é necessário fazer algumas ações agora. É olhar para o passado, ressignificar o presente e construir um futuro melhor”, reforça.

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