Inspirado em Lady Gaga e Dalí, Rogério cria e vive entre o surreal e abstrato
O ateliê ainda é a sua mente. Sem espaço físico para expressar sua arte, é da cabeça e das mãos de Rogério Varanis Novais, que saem sentimentos e o trabalho. Aos 21 anos, formado em Moda, o expediente em horário comercial é atuando com vendas em uma loja de tecidos e fora dele, é fazendo o que mais gosta: criar.
"Moda ou arte? A arte, ela sempre está em evidência. Eu falo que a arte é meu céu e a moda, como se fosse meu inferno", poetiza. Foi vendo desenhos, pinturas e vestidos de Rogério, que o Lado B se interessou por saber de onde vem o talento de um menino tão novo.
Desde pequeno ele já tinha essa habilidade de se expressar, independentemente da situação, fosse alegria ou tristeza, se encontrando no papel. Ao terminar o Ensino Médio, ingressou no curso de Moda, ainda não sabendo se estava fazendo o certo.
"Percebi que eu estava dentro da área criativa, então continuei e não desisti. Foram dois anos bastante intensos e sofri um certo preconceito, porque eu tentava fugir dessa coisa da moda comercial", recorda.
O trabalho de conclusão de curso, apresentado no ano passado, foi prova disso. Vestidos baseados nas obras de Salvador Dalí, fonte de inspiração do jovem. "Foi muito performático, teve muita expressão, eu fiz a roupa dentro de uma coleção conceitual, bem longe do comercial, até os tecidos que usei não eram tão caros", conta.
Entre os materiais, Rogério usou até toalha de mesa de plástico. Questionado sobre o que faria depois, ele explicou à época que moda conceitual vende um conceito e não uma roupa. É uma expressão artística.
A arte de Rogério caminha pelo surrealismo. Escola que aprendeu ainda no Ensino Médio num curso de desenho e pintura. "Lá ensinaram técnicas e tive aprofundamento maior com os artistas. Foi o que me deu liberdade para criar", descreve.
Entre pintura e desenho, ele faz aquarela e chega misturar a técnica com grafite e giz pastel. "Tenho um trabalho bem misto, sem me prender muito à técnicas".
Modesto, foram poucas as vezes em que ele viu sua arte ser apreciada e comprada. "Já vendi e me perguntava: mas por que as pessoas estão adquirindo essa obra que não é comercial? Eu não conseguia imaginar ela numa parede e me explicaram que a arte não tinha nada a ver com isso, que vai da sensibilidade da pessoa", lembra.
E foi estudando mais que ele se descobriu no abstrato. "No surreal, eu já amava a liberdade, mas no abstrato, foi muito mais... É rápido de criar, em poucos traços se faz, basta escolher as tintas, as cores que entram em harmonia e jogar na tela", descreve.
As obras dele, até hoje, só foram expostas em mostras coletivas. Quem se interessar, pode procurá-lo, tanto na moda quanto na arte. "Eu trato a moda como arte, se vou criar uma roupa meu objetivo é observar aquela roupa. Isso não é vendável", explica.
A paixão pela arte é maior a ponto de que, se pudesse, viveria dentro de um ateliê a pintar. "Minha arte, se for expressá-la agora, ela é meio melancólica. Minha maior fonte de inspiração é Lady Gaga, pela incrível impressionante energia. Pode parecer bobo, mas eu queria trazer a mensagem dela para a arte. A liberdade, a forma de se expressar e se aceitar como é", destaca.
Abaixo alguns dos desenhos do artista:
Confira a galeria de imagens: