“Luta, paz, união e diferença” são impressões de quem visita exposição indígena
Acervo com fotos e artes de oito etnias do MS ficará no Bioparque Pantanal por quinze dias
Para quem nunca foi a uma aldeia e está acostumado a ver artesanatos indígenas por aí, ver fotografias que retratam o cotidiano das comunidades indígenas é um diferencial na exposição de acervo dos povos originários, que começou hoje (19) e vai até o dia 2 de agosto, no Bioparque Pantanal, em Campo Grande.
Antagônicas, as impressões de quem visita o local são reflexo das histórias e resistência das diversas comunidades, marcadas pela luta por reconhecimento dos direitos.
O espaço tem também esculturas, cerâmica, cestaria e tapetes, entre outras artes das etnias terena, kadiwéu, kinikinau, atikum, guató, guarani kaiowá, guarani ñandeva e ofaié.
As fotos do jornalista Sidney Albuquerque, são as que mais chamaram atenção da professora e pesquisadora Flávia Mendes, de 39 anos, que levou as duas filhas à exposição no dia do aniversário de 4 anos das crianças.
“O mais interessante foi ver as fotos são de um fotógrafo indígena. Então, é o olhar dele sobre sua própria comunidade e outras etnias. As fotos têm muita riqueza, a autoria traz um diferencial. Nunca fomos a uma aldeia, então é muito legal ver, principalmente pelas fotos, como são as aldeias, porque já estamos acostumados a ver artesanato, mas as fotos são muito interessantes”, comentou Flávia, encantada com as imagens.
Tanto as fotos, como as artes são elementos que marcam a diferença e a união dos povos na luta pelo reconhecimento de direitos, na avaliação da terena Natielly Souza de Albuquerque, de 22 anos. Ela é da aldeia urbana Marçal de Souza, em Campo Grande.
“As pessoas vão ver que as etnias são diferentes, têm elementos, costumes, vestuário e histórias diferentes. No entanto, o que nos une é a origem. Quando vamos para a luta por direitos, vamos juntos com a mesma fé.
Na visita à exposição, o diretor geral do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), Hardy Waldschmidt, de 57 anos, elogiou a iniciativa, que partiu da Secic (Secretaria de Estado de Cidadania e Cultura), por meio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.
“Estou maravilhado, é tudo muito bonito e traz paz interior. As pessoas devem vir visitar, porque só estando presente para sentir”, resumiu.
Da aldeia Argola, que fica na Terra Indígena Cachoeirinha, em Miranda, a 208 quilômetros da Capital, a pedagoga Gisele Francelino, de 42 anos, explicou que para os indígenas é muito importante que a sociedade visite espaços como esse e tenha mais consciência da realidade dos povos originários.
“É um espaço para dar visibilidade e importante para a representatividade dos povos. Aqui, as pessoas verão elementos que são muito importantes para cada etnia. Por exemplo, a casa de reza que é sagrada para os guarani kaiowá e a cerâmica, que é uma marca dos terena. Muitas pessoas não fazem ideia de como são as aldeias, têm muito desconhecimento. Então, é importante para saberem que não é porque nos apropriamos de elementos tecnológicos, como um celular, por exemplo, que deixamos de ser terena ou de qualquer outra etnia”, destacou Gisele.
Segundo a diretora geral do Bioparque Pantanal, Maria Fernanda Balestieri, a exposição é temporária, mas o bioparque tem projeto para criar um espaço permanente com elementos das etnias de MS. “A intenção é que as pessoas possam conhecer nossa cultura, nossa história, além de valorizar os povos indígenas no Estado”, disse.
Além das fotos do jornalista terena, o acervo conta com imagens de Cassandra Cury e Álvaro Herculano. O Bioparque Pantanal fica na Avenida. Afonso Pena, 6277, no bairro Chácara Cachoeira.
Para entrar no local é preciso fazer agendamento pela internet.
Clique aqui para acessar o site do Bioparque Pantanal.
Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).