Pai pinta rosto da filha pelas ruas da cidade para falar sobre amor e arte
Sanderlei Martinez, de 28 anos, é um artista que leva o grafite de forma sensível para as ruas de Campo Grande
Cores, traços e texturas são a paixão do artista grafiteiro Sanderlei Martinez, 28 anos, que vê no grafite a saída para liberdade de expressão. E sua maior inspiração vem da filha, a Elisa Sadim, que "empresta seu rosto" para que o pai desenvolva a sua arte pela ruas da cidade com dose extra de sensibilidade.
“Eu comecei em 2009, fazia questionamentos nas ruas e logo depois comecei a desenhar, fui ocupando as periferias e levando um pouco de cor para as pessoas, para que elas saiam um pouco da vida monótona e recebam uma mensagem boa”, conta o artista.
Já o rosto da filha ele levou para as ruas pela primeira vez em 2016. "A arte pode transformar as pessoas, principalmente a arte de rua porque ela deixa uma marca em quem observa", acredita.
Colocar o rosto da pequena Elisa também foi além da arte para o pai. “Eu fui me transformando e mudando quando ela nasceu, deixei muitas coisas que achava que era certo para trás, através da arte eu venho melhorando como pai e como pessoa, e isso não tem preço”, afirma.
A arte também virou elemento de conexão entre pai e filha. “A gente sempre pinta junto, vou mostrando como funciona as coisas lá fora para que ela possa ter uma formação de pensamento e ser uma pessoa do bem”.
O artista já pintou a filha em vários bairros da Capital, entre eles: Vila Nhanhá, Oliveira, Escolas no Bairro Parati e no Bairro Caiçara. “É uma arte abstrata, eu vou desenhando ela e ela sempre sai de vários jeitos, de vários formatos, é uma transformação dela como criança”.
“Também pintei minha mãe, mas ela eu já convivo há 28 anos e memorizei, agora a Elisa ainda está crescendo e vai mudar bastante, mais é um encanto retratar as características dela”, revela.
Filho de paraguaios, o artista vê nas cores intensas o tom ideal para suas pinturas. “Como eu sou filho de mãe paraguaia, eu tenho mais essa pegada latina, desenho muito rosa, passarinho, cores fortes, e traços marcados, tipo 3D”, destaca.
Para Sanderlei o grafite tem esse poder de falar com a povo numa linguagem mais acessível. “Risca, marcar território é uma coisa que já está no nosso gene, é uma forma de comunicação desde o tempo das cavernas, contamos histórias através do traço”, pontua.
Com o tempo ele também viu na paixão uma oportunidade de negócio, “Como tatuador levei a arte das ruas para o corpo”, diz. “Eu também fui para o grafite comercial. Na pandemia, por exemplo, pintei muitos negócios, restaurantes”, afirma.
O artista também conta que foi estudar artes para poder aprimorar suas habilidades. “Depois do grafite eu fui estudar o lado da arte, exercitar minha comunicação, o meu lado engraçado, comecei a estudar linguagem, programação neurolinguística, mas isso veio do grafite, quebrando o gelo, falando com as pessoas”.
Em 2020, o artista foi contemplado pela Lei Aldir Blanc e montou seu estúdio em casa, “Comprei minhas máquinas para tatuagem, e hoje eu trabalho com tatuagem, grafite e como palhaço, fazendo poesia", finaliza.
Mais fotos do artista você encontra no Instagram @estudioscw__.
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