Patrimônio esquecido, administração tenta parcerias para movimentar museu
Lugar que conta a história do fundador José Antônio Pereira recebe praticamente apenas estudantes
Desde dezembro de 2017, Adriano Souza Ramos busca parceiros e ações para transformar o Museu José Antônio Pereira em um centro vivo de cultura e história em Campo Grande. Na região do bairro Lageado, em Campo Grande, as visitações são raras. Há seis meses na direção, ele percebe que uma das principais dificuldades é a falta de interesse das pessoas em ocupar o espaço.
“Em 2016 eu fiz dois eventos aqui no museu nos meses de setembro e outubro, foi aí que me envolvi e quando surgiu à oportunidade eu me dispus em vir pra cá e começar um trabalho de disseminação da facilidade que as pessoas têm de conhecer a história da cidade, mas que não aproveitam”, explica.
Adriano diz que este ano apenas na semana dos museus, evento nacional, o lugar se movimentou, apesar de abrir todos os dias, das 8h às 17h.
“Criei as redes sociais do museu e, inclusive, falei com os presidentes de bairros, postos de saúde e escolas do entorno para que incentivem os moradores a vir. Este ano, por exemplo, consegui trazer a banda municipal em apresentação única para pacientes dos CAPs, foi um sucesso, todo mundo gostou e quero que isso se repita mais vezes a assim conseguiremos efetivar nosso trabalho”.
Com agosto chegando, mês de aniversário da Capital, o desafio é aproveitar a época de maior procura, principalmente, de escolas, para mostrar que o museu é patrimônio e precisa ser valorizado.
“Nos próximos dias estou preparando uma exposição do construtor português que veio para Campo Grande, Manoel Seco Tomé, estamos em fase de pesquisa. A família já me recebeu e me disponibilizou fotos que vamos usar nesse acervo que será exposto, mas sempre com esse vínculo que remete à Capital”, esclarece.
Outro projeto é a parceria com universidades públicas, disponibilizando o espaço para que os alunos façam exposições temporárias. “Quero mesclar esse acervo e quando os visitantes vierem em um mês e voltarem no outro não vão encontrar as mesmas peças”, enfatiza.
De janeiro a junho, o lugar recebeu quatro mil pessoas entre turistas e estudantes de escolas públicas, mas poucos campo-grandenses interessados em conhecer a morada do fundador da cidade. "A maioria é de turistas que vem de fora, porque são pessoas que geralmente tem mais instrução e se interessam por vir".
Mas parte importante dessa responsabilidade é da própria prefeitura, porque o museu não abre aos fins de semana, por falta de servidores. "Já estamos abrindo processo para contratação de 2 funcionários para abrir também aos sábados e domingos", relata.
Para o mês de agosto mais uma parceira foi fechada com o Consórcio Guaicurus, que irá disponibilizar ônibus para que os estudantes visitem o local. "No início do mês eu consegui trazer uma escola aqui por meio dessa parceria, e assim queremos crescer neste relacionamento para que possamos encher esse lugar, essa é a intenção", diz Adriano.
Com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul também há projetos de parceria com professores que vão trabalhar com desenhos das árvores que cercam o musei. "Espero definitivamente que os olhos da população se virem para cá, porque isso aqui é história e deve ser explorada", finaliza.