ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
JULHO, SÁBADO  20    CAMPO GRANDE 30º

Comportamento

À espera de um lar, cão é deixado com placa "dono foi para asilo"

Betoven tem 6 anos, estava muito bem cuidado e foi deixado em portão do Cotolengo

Paula Maciulevicius Brasil | 29/04/2021 07:43
Betoven se sentia em casa no Cotolengo, instituição que acolhe crianças com paralisia cerebral (Foto: Arquivo Pessoal)
Betoven se sentia em casa no Cotolengo, instituição que acolhe crianças com paralisia cerebral (Foto: Arquivo Pessoal)

Quando chegou para trabalhar ontem às 6h20 da manhã, o cozinheiro do Cotolengo não esperava que "Betoven" fosse mudar o dia dele e das crianças com paralisia cerebral acolhidas pela instituição. No portão de entrada da casa, no Bairro Mata do Jacinto, em Campo Grande, o cão que tinha o nome gravado na coleira estava com o seguinte aviso em uma placa plastificada: "o dono foi para o asilo", explicando a situação.

Placa que avisava o motivo do cão ser deixado no portão da casa (Foto: Arquivo Pessoal)
Placa que avisava o motivo do cão ser deixado no portão da casa (Foto: Arquivo Pessoal)

Se sentindo "em casa", Betoven entrou junto com o funcionário e ali ficou. Volta e meia acompanhava a chegada de outros colaboradores, como se fosse o porteiro da instituição. "O funcionário até abriu o portão para ver se ele queria sair, mas não, ele ficou", conta o padre que dirige o Cotolongo, Valdecir Marcolino, de 50 anos.

A casa tem câmeras e eles chegaram até a tentar recuperar as imagens, porém, o cachorro veio do lado onde o sistema de monitoramento não capta.

Muito bem cuidado, Betoven também trazia no aviso a informação de que tinha 6 anos de vida. O padre diz que nem ele e os demais funcionários da casa tinham visto o cão até essa quarta-feira (28).

"Nunca tínhamos visto, as crianças queriam ficar com ele, passaram o dia inteiro cuidando, brincaram, deram comida, água. Só que a gente não pôde ficar porque tem toda a questão de vigilância sanitária, algumas crianças usam traqueo", explica o padre.

Coleira trazia o nome e a idade de Betoven (Foto: Arquivo Pessoal)
Coleira trazia o nome e a idade de Betoven (Foto: Arquivo Pessoal)


Questionado do porquê o cão foi deixado ali, o padre acredita que a pessoa por trás da placa sabia do amor que as crianças têm pelos cachorros. "O pessoal todo ficou muito comovido, foi um dia diferente no Cotolengo, as crianças brincaram, os funcionários. Foi um dia muito gostoso mesmo, em que a gente viu a alegria de todos", descreve o padre.

A história de Betoven foi parar nas redes sociais, e o cãozinho comoveu muitas famílias que queriam levá-lo para casa. Os pequenos que foram os guardiões do cão durante o dia até fizeram o padre prometer que arrumaria um outro animal para a casa inclusiva que o Cotolengo também tem.

"A gente até tinha o projeto dos bombeiros que vinham aqui com os cachorros, mas nessa pandemia, tudo parou. Eu te digo que foi uma tarde muito rica, na qual você pode ver a solidariedade. Muita gente, mais ou menos 50 pessoas ligaram no Cotolengo e também no meu telefone para adotar esse cachorro", explica o padre.

Giovanna e Betoven, vendedora adotou cão e o levou para casa ontem mesmo (Foto: Arquivo Pessoal)
Giovanna e Betoven, vendedora adotou cão e o levou para casa ontem mesmo (Foto: Arquivo Pessoal)

Sobre a história do asilo ser verdade ou não, o padre diz que não sabe dizer, e estava até pensando em procurar, já que Campo Grande não tem tantas instituições de acolhimento de idosos, então seria fácil encontrar o dono e dizer que o cão está bem.

Às 16h30, Betoven conheceu sua nova família. A vendedora Giovanna Braga Ferreira, de 22 anos, foi uma das que ligou pedindo para adotar o cão. Moradora do Bairro Zé Pereira, ela foi até o Cotolengo com uma das sobrinhas para levar Betoven para casa. "Eu já estava em busca de um para adotar, e quando vi a postagem foi amor à primeira vista", fala.

Ela se encantou pela foto e logo trocou uma ideia com o marido sobre a possibilidade de buscar Betoven o quanto antes. "Ele é muito dócil, toda hora pede carinho, por ser assim e a todo momento abanar o rabo, realmente ele foi muito amado", diz sobre o dono anterior.

O nome vai continuar o mesmo e a vendedora explica o porquê. "Afinal, ele foi criado por uma pessoa que o chamava assim e eu só quero continuar dando amor para ele", finaliza.

Curta o LADO B no Facebook e no Instagram. Tem uma pauta bacana para sugerir? Mande pelas redes sociais, e-mail ladob@news.com.br ou via Direto das Ruas, o WhatsApp do Campo Grande News | (67) 99669-9563.

Nos siga no Google Notícias