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Comportamento

Amigos, Olivio e Ida moram juntos e vencem isolamento na dança

Os dois moram juntos, mas afirmam que são apenas amigos e adoram dividir a vida dançando

Raul Delvizio | 04/12/2020 06:20
Ida e Olivio são parceiros de dança e os amigos que dividem a mesma casa (Foto: Arquivo Pessoal)
Ida e Olivio são parceiros de dança e os amigos que dividem a mesma casa (Foto: Arquivo Pessoal)

Ida e Olivio fazem entre si a melhor companhia que têm. Os dois não formam um casal "formal" como marido e mulher, mas moram juntos como se fossem um – são roommates  (companheiros de quarto) um do outro. Aos 65 anos, o par de amigos inseparáveis vivia participando das atividades para a terceira idade na cidade de Maracaju, onde moram, até que veio a pandemia. Para vencer a tortura do isolamento social que a covid-19 trouxe, não foi preciso muito: dancinhas on-line a dois para matar o tédio e "mexer as cadeiras" foram a diversão

Ambos já se conheciam de vista antes mesmo de frequentarem os bailes do Conviver, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos de Maracaju. Gaúcho de nascença, Olivio Portela Colvero pediu a mão da holandesa naturalizada brasileira Ida Biersteker Beukhof para uma valsa, e ela aceitou.

Isso já tem quatro anos. Até então nenhum de nós tinha par, e acabou que juntos encontramos a sintonia e o parceiro de dança que precisávamos", afirma Ida.

Além dos encontros no Conviver, os dois também frequentavam juntos as "invernadas" no Centro de Tradição Gaúcha para os mais de 50 anos, sempre dando um show de "apresentação" – sem contar as saidinhas para os bailes, que incluía até viagem para o município vizinho.

"Uma vez fomos até Dourados participar do Ubiratan Esporte Clube. Quando a gente começava a dançar, a turma toda parava para olhar, nos apreciar e aplaudir. Passávamos a manhã toda, até o início da tardinha dançando, depois pegávamos a estrada de volta", relembra Olivio.

Arrumados, os dois sempre estão prontos para participar de um baile (Foto: Arquivo Pessoal)
Arrumados, os dois sempre estão prontos para participar de um baile (Foto: Arquivo Pessoal)

Ele é viúvo há mais de 15 anos; ela, divorciada há 10. Oito meses depois desses primeiros encontros pela dança, resolveram juntar os trapos como amigos, e se tornaram companheiros do mesmo lar.

A gente se entende bem. E gostamos dessa nossa união amigável", diz Ida.

Quando chegou a pandemia, as atividades recreativas dos dois tiveram paralisação, mas os passinhos de dança não. Ida confessa que até assistiu vídeos no YouTube e aprendeu novas coreografias em casa para voltar à rotina da dança.

Assim, o casal de amigos foram convidados pela Secretaria de Assistência Social de Maracaju a participar do Festival On-Line da Melhor Idade de MS – Dança de Salão 2020. Pegando os dois de surpresa, faturaram o primeiro lugar da competição.

Vestindo roupas típicas, o "casal 65" conquistou o prêmio no estilo do chamamé (Foto: Arquivo Pessoal)
Vestindo roupas típicas, o "casal 65" conquistou o prêmio no estilo do chamamé (Foto: Arquivo Pessoal)

"O início veio com o forró logo de cara, que não é nosso melhor estilo. Não passamos para a fase seguinte, mas pelo regulamento acabamos repescados. Em seguida veio a valsa, que somos craque. Mas a final é que foi o mais divertido, um bom e velho chamamé pra encerrar com chave de ouro", consideram.

"Devo dizer que a notícia nos pegou de um jeito muito feliz. A dança faz bem para qualquer um, pra alma e pro coração. Incentiva nossa alegria, ajuda na saúde, ativa o corpo e a mente. É muito bom", comenta Ida.

Confira abaixo a participação do "casal 65" (começa em 15min24s):

Velho não dá conta? – "Ô, se dá. Somos senhor e senhora com orgulho. Pra mim não importa como nos chamam, se sou velho, ancião, idoso. A idade nunca escondi e também não tem como esconder. O importante mesmo é o viver", garante Olivio.

"É uma beleza ver outros casais de velhinhos que mal conseguem andar, mas dão um show de dança. Esperamos juntos chegar até lá, daqui uns 10, 15, 20 anos", finaliza Ida.

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