Após 15 anos, reencontro de Lhariana e João acaba em casamento cigano

Depois de 15 anos separados, o primeiro namorado voltou para a vida de Lhariana, e o tão esperado casamento aconteceu em uma cerimônia cigana, planejada em três dias. Bastou uma solicitação de amizade no Facebook para fazer o passado vir à tona, e também três dias de conversa para eles oficializarem o namoro.

Foi uma foto do casamento cigano que fez o Lado B chegar até o casal. Depois de uma regressão e um mapa astral em conjunto, Lhariana e João Marcos viram que o amor deles vinha de outras vidas.

Juntos, um completa o outro até nas frases, e nas recordações de como a história começou. João Marcos, que hoje tem 42 anos, e é policial rodoviário federal, quem conta que o namoro começou na academia, 15 anos atrás. "Era aquela academia ali na 7, que se chamava Coliseu, a gente malhava lá, conversamos, trocamos telefone, mensagem, e começou por aí", lembra João Marcos Volpini Teixeira.

Lhariana tem seis irmãos, entre as meninas, é a caçula. À época, o pai era super protetor e mandou que, se João quisesse ficar com a filha, tinha que casar. "Meu pai tinha medo de eu cair na vida, não trabalhar, não estudar, e falava: -ah, não, o cara tem 27 anos, você não vai ficar com ele assim não'", recorda a arquiteta Lhariana Mareco Soares - agora Volpini Teixeira, de 30 anos.

João foi conversar com o sogro, e sem muito romantismo, nem um pedido oficial, só perguntou se Lhariana queria casar, e que iria então buscar as alianças. "'Você quer casar mesmo? Então, vou buscar as alianças'. Foi assim, até que um dia eu cheguei e falei que não queria casar mais", lembra Lhariana.

Com 16 anos, o medo da responsabilidade bateu, e ela desmanchou a relação, que já tinha até data para o casamento: 4 de junho.

Um ano e meio depois, quando João Marcos se mudaria pela transferência do trabalho para Santa Catarina, foi procurar a ex, eles chegaram a ficar juntos uma única noite, que não significou nada para os dois.

Nestes 15 anos, Lhariana nunca saiu de Campo Grande nem se casou, teve um filho, o Pedro. Já João, teve dois casamentos e morou em inúmeras cidades entre SP, SC e MS.

Toda vez que Lhariana terminava um relacionamento, pensava como João Marcos estaria.  A arquiteta chegou até a procurá-lo nas redes sociais, mas João usava o sobrenome da mãe, que ela não sabia.

"Aí no dia 29 de fevereiro, ele mandou a solicitação. Eu acordei, era um domingo, levantei e vi. 'Conheço essa pessoa... Abri a foto, caramba! O João Marcos'", reproduz a surpresa. "Eu procurei, encontrei, mas não dava para ver nada, se ela estava casada ou não... Aí pensei: 'vou solicitar, a hora que ela confirmar, eu pergunto'".

Os dois trocaram mensagens, perguntaram o que cada um estava fazendo da vida, e marcaram um café para quando João voltasse de São Paulo, onde havia ido para fazer uma cirurgia. "A gente conversou dia 1, dia 2 e no dia 3 ele falou: 'eu já sinto que a gente está namorando', aí eu falei 'então a gente está'".

Desde a volta dele para Campo Grande, cidade onde já morava desde 2018, João e Lhariana não se desgrudaram mais. No dia a dia, tanto pelo repouso que a cirurgia dele exigia como pela quarentena, os dois sentiam a conexão que havia ali. "Começamos a perceber que a gente tinha muita coisa em comum, e que por mais que a vida tenha levado cada um para um caminho, a gente ficou muito igual. Fui percebendo que tudo o que eu queria ele já estava fazendo para mim, ou o que ele pensava, eu já estava fazendo", comenta.

Lhariana já havia feito um mapa astral, e resolveu então fazer um para João Marcos também, para entender o que era aquela sintonia. O profissional que fez para ela sugeriu que eles fizessem a chamada sinastria, a interpretação da combinação dos mapas do casal. "Analisando os dois mapas ele falou que a gente era alma gêmea. O João falava, mas eu nunca acreditei, porque eu já estava cética com o amor, aí no mapa astral, ele falou que a gente teve encontros e que fomos muito perseguidos, que o nosso amor tinha sido perseguido, e nessa vida a gente também seria, mas estávamos mais fortes, e que deveríamos estar alinhados à espiritualidade", conta.

Na interpretação, havia também um pedido: para que os dois tivessem uma união concreta e oficial, coisa que Lhariana já havia sonhado anteriormente, e se viu, ao lado de João, vestida de cigana. "Eu vi outras feições, mas era a gente, e um cordão que saía de mim e entrava nele dando voltas. Eu nunca vi isso, tenho sonhos desde os 15 anos, sou médium, mas nunca tinha visto um negócio parecido. Peguei e contei pra ele que tínhamos sido ciganos em outra vida, e quando a sinastria chegou, eu vi que era real, eu tive uma regressão através do sonho".

E foi ao ar livre, na chácara do tio do João, em Terenos, apenas com pais e irmãos, sem aglomerações, que os dois se casaram em uma cerimônia cigana, no dia 23 de maio, véspera do dia de Santa Sara Kali, rainha dos ciganos. "Tivemos três dias para fazer o casamento. Nossa vida é assim, cada dia uma coisa", brinca o casal sobre a intensidade dos dias.

A mesa teve frutas, flores, lentilhas e peixe, símbolos de prosperidade, fartura e abundância, além de ponche e vinho. Simples, mas muito especial, quem conduziu a cerimônia foi a madrinha da noiva no espiritismo, que incorporou uma cigana. "No dia seguinte a gente sentiu uma diferença, uma enorme conexão, como se a gente fosse um só. As pessoas não entendem essa sintonia tão grande, o que ele quer falar, eu já estou sabendo", exemplifica Lhariana.

As vestimentas deles foram dentro dos costumes ciganos. Como Lhariana também incorpora entidades, e a dela é uma cigana, usou parte da cor que ela veste quando recebe a entidade, o dourado. "Para o casamento, as ciganas usam o vermelho, símbolo da paixão e do amor, aí usei metade, metade", descreve. O noivo foi comprar as roupas um dia antes, e também decidiu seguir as cores vibrantes.

"Se alguém tivesse me dito que isso ia acontecer, eu nunca ia acreditar. Querendo ou não as entidades me avisam das coisas, certo ponto me avisaram que eu ia ter uma pessoa, mas não achei que eu fosse me casar. A gente tem ideias de fazer outros casamentos, e casar até em Vegas. A passagem está comprada", finaliza a noiva.

Tem uma história de amor para contar? Envie para o Lado B no Facebook, no Instagram, pelo e-mail: ladob@news.com.br ou no Direto das Ruas através do WhatsApp do Campo Grande News (67) 99669-9563. Confira a galeria de imagens com as fotos do casamento feitas pelo Estúdio Fernanda Vianna.

Confira a galeria de imagens: