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Comportamento

Após lutar dentro e fora da igreja, descobri: minha cura não existe!

Na data em que se comemora o Dia Mundial de Combate à LGBTfobia, a reflexão que Clayton faz é em cima das novas lutas

Paula Maciulevicius Brasil | 17/05/2020 19:57

Longe das notícias policiais que ele costuma cobrir, o texto abaixo do repórter Clayton Neves é sobre se orgulhar de ser quem ele é. Aos 25 anos, o jornalista escreve um relato comum dentro da comunidade LGBT, em especial daqueles que frequentavam igrejas, o de um menino que travou na infância uma batalha interna por acreditar que precisava, a todo custo, de uma "cura". Hoje, dia 17 de Maio, data em que se comemora o Dia Mundial de Combate à LGBTfobia, a reflexão que ele faz é em cima das novas lutas.


"Manas, resistam. Se orgulhem do que são, se orgulhem das outras manas", diz Clayton Neves. (Foto: Arquivo Pessoal)
"Manas, resistam. Se orgulhem do que são, se orgulhem das outras manas", diz Clayton Neves. (Foto: Arquivo Pessoal)

Durante anos da minha infância e pré-adolescência travei exaustiva batalha interna por acreditar que um demônio tinha me possuído. Hoje pode até ser cômico, mas naquela época foi devastador para a cabeça de uma criança de seus 7, 8 anos. Imagina, um menino criado em um lar cristão, que frequentava assiduamente a escola bíblica, não poderia ser gay. Certamente era obra do diabo.

Frequentava vigílias, montes de oração e não podia saber de uma campanha de libertação que lá estava eu, com minha boa bíblia e meu cd playback na mão. (Sim, eu cantava na igreja rs).

Mesmo tão disposto a receber minha "cura", ela nunca veio, e hoje entendo o motivo. 

O tempo foi passando e a criança viada começou a aflorar. Junto com ela, vieram também os olhares dos "irmãos" e o disse me disse dentro da igreja. Era constrangedor.

Até reunião secreta o supervisor dos jovens fez para tratar do "problema" que eu representava. Perdi o cargo de regente de louvor dos jovens dias depois. Nenhuma explicação, nenhum abraço, nenhum "como posso te ajudar?". (Talvez se eu pelo menos coçasse o saco receberia um 'obrigado' hahahah).

Tudo o que se passava aos poucos fez cair por terra o significado que até então tinha minha  batalha. Não lutava contra o diabo, estava em um processo de auto-destruição....

Hoje, 17 de maio, é dia símbolo da minha nova frente de batalha. Luta contra aquilo que oprime, rebaixa e exclui. Contra a lobotomização e suas máculas. Luta por sobrevivência e pelo direito de ocupar de cabeça erguida todo e qualquer lugar que me for de direito.

Hoje, em meio a um puta período sombrio, a luta é contra o demônio da falta de amor.

Manas, resistam. Se orgulhem do que são, se orgulhem das outras manas. Nós somos fodas!!!

#PRIDE 🌈

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