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Comportamento

Brasília de 1975 é a “idosa” mais simpática e querida de condomínio

Dono apelidou Brasília de Idosa, mas não abre mão do carro nem em meio aos perrengues

Por Thailla Torres | 22/07/2024 06:04
Família gaúcha é apaixonada pela sua Brasília de 1975. (Foto: Henrique Kawaminami)
Família gaúcha é apaixonada pela sua Brasília de 1975. (Foto: Henrique Kawaminami)

Dos mais de 700 carros estacionados em um condomínio, nada chama mais atenção do que a Brasília, que vai completar 50 anos e já é considerada uma ‘idosa’ pelo dono. Vira e mexe, ela vai parar no mecânico e some da vista dos vizinhos que, durante a semana, costumam admirar cada detalhe do carro. Apesar de reformada, a Brasília não perdeu a sua alma e traz muitas memórias afetivas aos seus donos.

Depois de longas semanas tentando descobrir quem é o dono do carro que desaparecia por dias do estacionamento, encontramos uma família gaúcha apaixonada pela sua Brasília.

Pai decidiu comprar carro para reviver memórias ao lado dos filhos e da esposa. (Foto: Henrique Kawaminami)
Pai decidiu comprar carro para reviver memórias ao lado dos filhos e da esposa. (Foto: Henrique Kawaminami)

O engenheiro civil Maurício de Melo Guimarães, de 43 anos, é o dono da ‘Idosa’, de 1975, comprada há dois anos em Campo Grande para resgatar a alegria de uma criança que cresceu dentro da Brasília do pai.

Maurício tem fácil na memória as férias, a pescaria e a diversão da família dentro da Brasília de seu pai quando ele ainda era pequeno. Histórias não faltam, e estripulias também não.

Décadas depois, o pai precisou vender as Brasílias, e Maurício ficou apenas com as lembranças. Mas em 2022, quando ele e toda a sua família se mudaram para Campo Grande, a conexão com o carro que marcou a infância foi retomada.

“Um dia, contando as histórias da Brasília do meu pai para o meu filho, decidi ver se havia alguma Brasília à venda e encontrei esta”, conta Maurício.

Carro foi reformado e traz detalhes cheios de afetividade. (Foto: Henrique Kawaminami)
Carro foi reformado e traz detalhes cheios de afetividade. (Foto: Henrique Kawaminami)
Tem muito morador que passa curioso pelo carro. (Foto: Henrique Kawaminami)
Tem muito morador que passa curioso pelo carro. (Foto: Henrique Kawaminami)
Dono viu que muita gente tem história para contar com uma Brasília. 
Dono viu que muita gente tem história para contar com uma Brasília.

Não demorou muito para o engenheiro ir ao encontro do carro e ver a possibilidade de comprar. Ela estava bem detonada, precisando de um bom reparo, mas o coração falou mais alto e o investimento ocorreu.

Meses depois, a Brasília ganhou cara nova, mas aos pouquinhos: um reparo mecânico ali, uma pintura aqui, estofado novo e até decoração. Tudo feito gradualmente, sob os olhos dos filhos e da esposa.

A 'Idosa' vira e mexe dá problemas, deixando todo mundo na rua, mas nada disso tira a paz da família, que desce do carro sorrindo e empurrando, porque sabem do valor afetivo para o pai. Ali, cheiro de gasolina, barulho e o empurrão são identidades do carro.

“Para mim é uma alegria reviver os momentos da minha infância com ela, poder mostrar o valor de uma Brasília para os meus filhos. Não abro mão disso”, diz Maurício.

Nem quando Idosa dá problema dono pensa em desistir do carro. (Foto: Henrique Kawaminami)
Nem quando Idosa dá problema dono pensa em desistir do carro. (Foto: Henrique Kawaminami)

Na rua, Maurício lida com muitos olhares, admirados claro. “Tem gente que para tirar foto e conversar sobre o carro. Todo mundo parece ter uma história com uma Brasília”.

Não só histórias, a Brasília virou sinônimo de reconexão para a família que veio toda para Campo Grande recomeçar no trabalho. “Através dela a gente começou a conhecer um grupo de carros antigos, fazer novos amigos, é uma comunidade”.

Às sextas, Maurício vai trabalhar de Brasília e desfruta da companhia da Idosa aos fins de semana, que tem uma prancha de surf, feita há décadas pelo irmão de Maurício e que ficou de recordação dos tempos de surfista.

Seu pai, Romualdo Guimarães, que ainda mora no Rio Grande do Sul, se emocionou quando soube que o filho comprou uma Brasília e tem passado para os netos a mesma paixão. “Ele ficou emocionado e eu também fico, porque também é uma homenagem a ele, a história dele”.

Com tanta história boa para contar e viver com o veículo, o brilho nos olhos de Maurício, a esposa Vanessa e os três filhos adiantam que o carro não tem preço. “Podem até querer comprar, eu não vendo”, finaliza o gaúcho.

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