Brasília de 1975 é a “idosa” mais simpática e querida de condomínio
Dono apelidou Brasília de Idosa, mas não abre mão do carro nem em meio aos perrengues
Dos mais de 700 carros estacionados em um condomínio, nada chama mais atenção do que a Brasília, que vai completar 50 anos e já é considerada uma ‘idosa’ pelo dono. Vira e mexe, ela vai parar no mecânico e some da vista dos vizinhos que, durante a semana, costumam admirar cada detalhe do carro. Apesar de reformada, a Brasília não perdeu a sua alma e traz muitas memórias afetivas aos seus donos.
Depois de longas semanas tentando descobrir quem é o dono do carro que desaparecia por dias do estacionamento, encontramos uma família gaúcha apaixonada pela sua Brasília.
O engenheiro civil Maurício de Melo Guimarães, de 43 anos, é o dono da ‘Idosa’, de 1975, comprada há dois anos em Campo Grande para resgatar a alegria de uma criança que cresceu dentro da Brasília do pai.
Maurício tem fácil na memória as férias, a pescaria e a diversão da família dentro da Brasília de seu pai quando ele ainda era pequeno. Histórias não faltam, e estripulias também não.
Décadas depois, o pai precisou vender as Brasílias, e Maurício ficou apenas com as lembranças. Mas em 2022, quando ele e toda a sua família se mudaram para Campo Grande, a conexão com o carro que marcou a infância foi retomada.
“Um dia, contando as histórias da Brasília do meu pai para o meu filho, decidi ver se havia alguma Brasília à venda e encontrei esta”, conta Maurício.
Não demorou muito para o engenheiro ir ao encontro do carro e ver a possibilidade de comprar. Ela estava bem detonada, precisando de um bom reparo, mas o coração falou mais alto e o investimento ocorreu.
Meses depois, a Brasília ganhou cara nova, mas aos pouquinhos: um reparo mecânico ali, uma pintura aqui, estofado novo e até decoração. Tudo feito gradualmente, sob os olhos dos filhos e da esposa.
A 'Idosa' vira e mexe dá problemas, deixando todo mundo na rua, mas nada disso tira a paz da família, que desce do carro sorrindo e empurrando, porque sabem do valor afetivo para o pai. Ali, cheiro de gasolina, barulho e o empurrão são identidades do carro.
“Para mim é uma alegria reviver os momentos da minha infância com ela, poder mostrar o valor de uma Brasília para os meus filhos. Não abro mão disso”, diz Maurício.
Na rua, Maurício lida com muitos olhares, admirados claro. “Tem gente que para tirar foto e conversar sobre o carro. Todo mundo parece ter uma história com uma Brasília”.
Não só histórias, a Brasília virou sinônimo de reconexão para a família que veio toda para Campo Grande recomeçar no trabalho. “Através dela a gente começou a conhecer um grupo de carros antigos, fazer novos amigos, é uma comunidade”.
Às sextas, Maurício vai trabalhar de Brasília e desfruta da companhia da Idosa aos fins de semana, que tem uma prancha de surf, feita há décadas pelo irmão de Maurício e que ficou de recordação dos tempos de surfista.
Seu pai, Romualdo Guimarães, que ainda mora no Rio Grande do Sul, se emocionou quando soube que o filho comprou uma Brasília e tem passado para os netos a mesma paixão. “Ele ficou emocionado e eu também fico, porque também é uma homenagem a ele, a história dele”.
Com tanta história boa para contar e viver com o veículo, o brilho nos olhos de Maurício, a esposa Vanessa e os três filhos adiantam que o carro não tem preço. “Podem até querer comprar, eu não vendo”, finaliza o gaúcho.
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