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Comportamento

Cansada de esperar pai, Geovana agora procura outro doador

Mesmo após campanha viralizar, menina ainda não encontrou pai biológico, e agora ela precisa ter a sorte de achar um doador

Raul Delvizio | 04/11/2020 06:10
Geovana sonha em ser saudável, forte e feliz (Foto: Arquivo Pessoal)
Geovana sonha em ser saudável, forte e feliz (Foto: Arquivo Pessoal)

Na casa onde mora, Geovana Dias tem uma boneca e o nome dela é Maysinha – uma homenagem à sua "profe" da escola. Diferente da menina, a "filha" de brincadeira veio ao mundo totalmente saudável, é criança forte e feliz da vida. É nessas horas que a imaginação de Gi corre solta, afinal, não custa sonhar com aquilo que ela mais gostaria de ser.

Queria ter nascido sem essas 'dorezinhas', poder correr com os amigos, brincar de pega-pega e andar de bicicleta como qualquer um faz, sem medo de me machucar. Mas não sou assim".

Diagnosticada desde bem cedo com duas doenças tratáveis mas incuráveis – a disceratose congênita e a aplasia medular – a garota três-lagoense de 12 anos já teve a história contada aqui no Lado B quando um vídeo seu viralizou na busca pelo pai e desse pedaço "perdido" da família que, segundo os médicos, seria sua maior chance de encontrar uma medula compatível para o tratamento que tanto precisa.

Menina Gi em mais uma de suas visitas mensais ao hospital (Foto: Arquivo Pessoal)
Menina Gi em mais uma de suas visitas mensais ao hospital (Foto: Arquivo Pessoal)
"Não perco a fé. Há de acharmos alguém mais 'fácil' em qualquer lugar do país do que ficar dependendo do pai" (Foto: Arquivo Pessoal)
"Não perco a fé. Há de acharmos alguém mais 'fácil' em qualquer lugar do país do que ficar dependendo do pai" (Foto: Arquivo Pessoal)

"A equipe que cuida da Gi já explicou que é mais provável encontrar um doador pelo lado paterno, ou seja, os possíveis filhos, irmãos, primos e tios dele. O caso corre na Justiça, que ainda está à sua procura. Recentemente o promotor me ligou dizendo que não havia novidade. Pra mim isso não adianta de nada", desacredita Neide Dias, 35 anos, mãe de Geovana.

Tanto ela quanto a filha sabem que encontrar um doador de medula óssea fora da família é bem raro, mas que existe a possibilidade de acontecer. Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), a chance de compatibilidade é de 30% entre irmãos e muitíssimo menor quando se trata dos não-aparentados. Para as duas, a esperança é a última que morre.

"Não perco a fé. Há de acharmos alguém mais 'fácil' em qualquer lugar do país do que ficar dependendo do pai. Eu acredito que ele até já saiba dessa história toda da minha filha – da filha dele – mas por medo de alguma represália não está tendo a coragem de assumir sua responsabilidade", garante a mãe.

Aos 12 anos, Gi brinca de boneca, mas tem "espírito" de youtuber (Foto: Arquivo Pessoal)
Aos 12 anos, Gi brinca de boneca, mas tem "espírito" de youtuber (Foto: Arquivo Pessoal)
Mãe Neide é a maior amiga e parceira da filha, de tudo que veio e ainda virá (Foto: Arquivo Pessoal)
Mãe Neide é a maior amiga e parceira da filha, de tudo que veio e ainda virá (Foto: Arquivo Pessoal)

O paradeiro de Giovane, pai da menina Gi, ninguém sabe de fato. A única informação que resta é que ele seria do Maranhão. Anteriormente, Neide até contava com uma consultoria jurídica gratuita para dar apoio no assunto, mas ela mesmo acabou desistindo dessa ajuda alegando que a deixava "ainda mais conturbada".

"Só nós duas podemos contar nos dedos as boas e más fases que vivemos juntas. O que mais desejo pra Gi é a única coisa que eu não posso ter, que é trocar de lugar com minha filha. Se eu pudesse, já teria feito. Ela merece ser uma criança normal, forte e feliz 100% do dia", assegura.

"O que eu mais quero é que minha filha fique saudável, pare de ter essas dores insuportáveis que ela tanto sente. Quem vê os vídeos dela nas redes sociais, com rostinho feliz e falando tão bem, não imagina o quanto de sofrimento e passagens pelo hospital ela já teve", comenta.

Tratamento depende agora – e principalmente – de um doador de medula óssea (Foto: Arquivo Pessoal)
Tratamento depende agora – e principalmente – de um doador de medula óssea (Foto: Arquivo Pessoal)

Mesmo tímida, Gi se lançou na internet – fez canal no YouTube e perfil no Instagram – e gravou o tal vídeo viral sobre sua história de muita luta. Quase 1 milhão de pessoas já viram o rostinho da menina e seu sorriso, mesmo com as palavras difíceis que saíram de sua boca.

Sem mais esperar pelo pai, e à procura de qualquer doador de medula compatível, a campanha "Todos pela Geovana" rodou o Brasil. Para ela, sua mãe e a equipe de médicos, esses esforços visam o transplante como "cartada final".

Eu tenho muita fé e esperança. Vivo um dia de cada vez com minha filha. Vivo intensamente com ela, dentro dos limites dela, faço o que ela mais quer".

E Gi confirma: "minha mãe é a melhor mãe do mundo, ela sempre fica comigo no hospital. Nosso amor é grande demais".

"Minha mãe é a melhor mãe do mundo" (Foto: Arquivo Pessoal)
"Minha mãe é a melhor mãe do mundo" (Foto: Arquivo Pessoal)
Gi tira selfie com a irmã Paula e sua mãe Neide (Foto: Arquivo Pessoal)
Gi tira selfie com a irmã Paula e sua mãe Neide (Foto: Arquivo Pessoal)

Como ajudar? – A doação de medula é mais simples do se imagina e qualquer pessoa está apta a salvar vidas. Basta procurar pelo hemocentro mais próximo e seguir as instruções.

Em Campo Grande, o Hemosul fica na avenida Fernando Corrêa da Costa, 1304, no Centro.

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