“Capivarinhas” abordam o delicado tema do abuso sexual infantil
Livro é uma das ações da campanha “Maio Laranja”, no mês de combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes.
Faz tempo que a jornalista e advogada Ana Maria Assis queria escrever. Transformar em algo útil e menos doloroso toda a tristeza que ela sentia ao ter contato com crianças e famílias de crianças vítimas de abuso sexual. Assim nasceu o livro digital “Capivarinhas não são sozinhas – uma história de amizade”, lançado hoje (20 de maio), e gratuito através da plataforma online da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, como uma das ações da campanha “Maio Laranja”, no mês de combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes.
Ana diz que leu várias histórias, artigos, fez até cursos de atendimento. Sempre quis que fosse o menos difícil possível para as crianças o contato com o assunto. E ao ler alguns contos infantis, imaginou uma história com bichinhos que as crianças e adolescentes já́ conhecem.
“Dificilmente eu conseguiria resumir a minha relação com o tema infância. Faço mestrado em direitos humanos hoje em dia. Mas antes eu trabalhei na Defensoria, lá eu tive muito contato com processos que envolviam crianças vítimas de violência. Eu nunca fui violentada, mas quando eu escutava as histórias, eu ficava triste. Sempre me lembrava das crianças antes de dormir e dava um aperto no coração”, conta.
Dentre os personagens há capivaras, jacaré, onça e garça, em um repertório lúdico, com diálogos curtos, mas impactantes sobre a importância do olhar da família, da conversa, e uma mensagem de cuidado sobre comportamentos nocivos que evidenciam o abuso sexual e a importância de uma rede de apoio para que crianças e adolescentes se sintam acolhidos para pedir ajuda.
Na história, Ana colocou uma situação que pode ocorrer no período que muitos estão vivendo: em que a mãe precisa trabalhar, e as crianças não vão pra escola.
Depois de terminar o livro, Ana compartilhou o material com duas psicólogas, Taiana Rondon e Anna Priscila Benevenuto, que produziram e revisaram o conteúdo até a aprovação da didática na abordagem do tema. “Elas me deram dicas pra deixar a história um pouco mais especifica em relação ao assunto”, explica Ana. A ilustração ficou por conta de Luciana Kawassak.
“É um material sendo distribuído gratuitamente, para quem quiser. Pode ser usado por profissionais que trabalham com o assunto, ou em escolas. Fiquei bem feliz com o resultado”.
Taiana Rondon aprovou a forma e a temática. “Este é um tema que os pais têm dificuldade na abordagem, porque envolve sexualidade, então crianças pequenas podem fazer muitas perguntas. Um material assim incentiva a conversa sobre partes do corpo e é importante até para a interação entre a família. Ao final, as crianças podem até fazer outros desenhos, além dos sugeridos e dialogar com os pais”, disse a psicóloga.
Quem tiver interesse, pode baixar gratuitamente o e-book neste link (Clique aqui).