Casal isolado pelo coronavírus tem apoio dos amigos para não arredar pé de casa
Robson Gatti e Maria Eduarda foram detectados com o coronavírus na Capital e falam como é a vida na quarentena obrigatória
O dia 22, próximo domingo, deve ter um gosto especial para o assessor do prefeito Marquinhos Trad, Robson Gatti e para a esposa, Maria Eduarda Pedrossian Gatti. Neste dia termina o isolamento, depois de sintomas que apareceram no dia 7 de março e o diagnóstico do novo coronavírus, que chegou na segunda-feira passada. A liberdade então finalmente virá na segunda, esperam ansiosos.
Fechados em casa, em condomínio de Campo Grande, eles experimentam o dia a dia do isolamento, a rotina das tarefas da casa, o lazer e a convivência com o filho de 7 anos, que segue ao lado dos pais na residência, o único sem nenhum sintoma.
A descoberta - Os efeitos foram mais pesados em Gatti. Ele conta que no dia 7 de março teve muita febre, sentia a cabeça pesada e tontura. “Fui na Cassems, no domingo, fizeram uma tomografia e descobriram na hora dos exames que eu estava com pneumonia. Fiquei internado e em 48 horas fui liberado”, lembrou. A esposa que o acompanhava fez o exame que deu positivo para doença. “Ela não teve nenhum sintoma, o pulmão dela estava limpo mas voltamos para casa com positivo para eu e ela”, conta.
Diante do quadro ele está a base de antibióticos por causa da pneumonia e a esposa apenas tomou remédios leves para a dor, como dipirona.
A esposa Maria Eduarda, de 37 anos, diz que não teve complicações.. “Não tive nada. No dia seguinte ao resultado positiva tive sintomas de gripe leve, não teve febre nada mais grave. Só uma gripe normal. com tosse, coriza e só. Mesmo assim o isolamento é essencial. Acho extremamente necessário obedecer todas as regras para não passar pra ninguém. Os médicos deixaram isso bem claro”, frisou ela.
Isolados - Na questão do isolamento, ele conta que a primeira medida foi dispensar os funcionários da casa. “Com o isolamento, dispensamos empregados e ninguém trabalha mais aqui em casa. Ficamos isolados mesmo, sem usar carro, sem contato nenhum com ninguém de fora”, destaca.
Sobre os afazeres domésticos, Maria Eduarda diz que assumiu a limpeza da casa e a comida. “Eu amo cozinhar então não foi problema. Já a faxina eu faço normal deixo tudo limpo e organizado”, destaca.
Alimentação e produtos de primeira necessidade são comprados por amigos do casal e deixados na porta da casa. “Hoje mesmo um amigo meu está no mercado. Mandei a lista do que preciso no whats dele, transferi um determinado valor de dinheiro e ele deixa os mantimentos na minha”, detalha
Assim é a rotina do casal. Gatti diz que o filho está com eles, já que a escola antecipou as férias. “Não tá tendo aula, ele está tocando o terror”, brinca feliz ao ver que o filho não apresentou nenhum sintoma. “Ele tem a sala dele. Não teve nada felizmente”, citou.
Mesmo assim eles adotaram medidas severas de higiene. “Isolei o copo, prato, talher dele. Tudo isolado. Ele não dorme com a gente. Fica separado. Mas fora estas prevenções assim tocamos o dia a dia”, comenta.
O tempo em casa é preenchido com a internet, o whatsapp, vendo um filme ou série. “Como não pode ter contato com ninguém, Ficamos no zap, brincamos com o filho, busco ver filme para passar o tempo”, enfatizou.
Para Maria Eduarda a rotina de ficar em casa não tem sido problema. “Aproveitando para ficar mais com meu filho em casa montando lego, brincando. Infelizmente as medidas são necessárias. Quando preciso de algo as pessoas trazem e deixam na porta”, comenta. "Isso não é problema, e acaba que estou tendo um tempo de qualidade com a minha família. Temos que tirar o melhor de qualquer situação”, alegou.
Com relação ao motivo de ter pegado a doença ele acredita que foi transmissão voluntária. “Viajamos apenas em janeiro para Nova Iorque, quando ainda não tinha este surto. Mas depois disso nada, ficamos aqui no Carnaval”, destacou.
No momento, a maior preocupação do assessor é evitar a transmissão, e cuidar os idosos na família. “Temos a avó da minha esposa, Maria Aparecida, que é idosa e estamos tomando todas as precauções”, explica lembrando ainda que na casa da avó a família bloqueou visitas.
Dono de hábitos saudáveis e adepto de exercícios diários em academia, Gatti destaca que o vírus não escolhe modo de vida. “Todos estamos sujeitos. Nunca fumei, bebo socialmente, faço exercício todo dia e tive uma pneumonia”, alegou. A esposa também não bebe, nunca fumou e faz atividades físicas regularmente.
Com relação ao temor da vizinhança, Gatti diz que muitos ficaram preocupados. “Soltei uma nota oficial no grupo. Não temos sintomas nenhum. Estamos na quarentena de 15 dias, dispensamos nossos funcionários. Seguimos todas as regras de segurança de saúde”, argumentou.
Necessárias - Após viver esta experiência, Gatti diz que somente a adoção de medidas restritivas de evitar aglomerações e manter isolamento pode ajudar. “Acho muito necessário todo mundo tem se conscientizar. Abrir mão dos afazeres profissionais, pessoais. Resguardar as pessoas mais velhas, os idosos e cuidar as pessoas que tenha contato no dia a a dia. Sabemos que os mais jovens tem resistência maior, mas cada um tem que cumprir com seus 15 dias de isolamento”, destacou. Animado com o fim da quarentena, se sentindo bem , ele destaca que a infectologista que o atendeu acredita que ele não tenha corona novamente.
“Ela disse que quem pegou, não terá mais a não ser que o vírus sofra mutação”, salientou.
A esposa complementa e diz que a quarentena não mudou tanto a rotina. “No domingo já acaba, segunda vida normal”, complementa.