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Comportamento

Com aplasia medular, Geovana precisa achar pai para transplante

Compartilhe essa história para localizar um possível doador de medula; se você ainda não é cadastrado, procure o Hemosul

Paula Maciulevicius Brasil | 19/08/2020 08:41


"Meu nome é Geovana Dias, tenho 12 anos e hoje vim contar minha história de vida"

É assim que começa o vídeo da simpática garotinha de 12 anos, que em minutos resume a narrativa de metade de sua vida. Aos 6, Geovana passou a procurar as causas de manchas pelo corpo, e somente três anos atrás que o diagnóstico foi fechado: de aplasia da medula óssea e diceratose congênita. De lá para cá, as internações são constantes e agora a busca é por um doador compatível, que pode ser o pai biológico, de quem a família só sabe o nome: Giovane e que seria do Estado de Maranhão.

Desde ontem as redes sociais têm repercutido o apelo de Geovana, que teve o Instagram "Dias de Gê", montado pela professora que a acompanha, Maysa de Sá. No perfil, o vídeo conta que Geovana passou a apresentar uma doença aos 6 anos, quando começaram a sair manchas café com leite pela pele. "Minha mãe me levou no médico de pele e ele passou uma pomadinha para ver se aquelas machinhas saíam, mas não adiantou", diz.

O segundo sintoma foram as unhas, que começaram a atrofiar, e então Geovana foi levada a outro médico, que também, segundo a garota, passou uma pomada para ver se tudo voltava ao normal, o que não aconteceu.

Geovana em uma das internações no hospital em Três Lagoas. (Foto: Arquivo Pessoal)
Geovana em uma das internações no hospital em Três Lagoas. (Foto: Arquivo Pessoal)

"Passou um tempo e minhas plaquetas baixaram muito, me levaram no Hospital Auxiliadora, de Mato Grosso do Sul, Três Lagoas, e os médicos falaram que era dengue. Tomei as plaquetas, mas não adiantou. Me levaram para Campo Grande, onde fiquei dois anos, mas não teve resultado", conta.

Através de uma ajuda vinda pelo Facebook, a família de Geovana conseguiu levá-la para Rio Preto, onde ficou internada por 30 dias até, enfim, receber o diagnóstico: aplasia da medula óssea e diceratose congênita.

"E de Rio Preto encaminharam para Ribeirão Preto, no Estado de São Paulo, porque lá em Rio Preto não podia fazer transplante em criança com a minha idade. Fui para Ribeirão, eles me colocaram na fila de espera de transplante de medula e para curar essa doença, precisava de um doador. Minha mãe e irmã fizeram exame para ver se eram compatíveis comigo, mas nenhuma foi possível de doar. Então o médico falou que 100% compatível era o meu pai biológico".

Ainda no vídeo, a menina conta que não sabe nada sobre ele, além do nome ser Giovane e ele ser do Maranhão, e aí vem o apelo. "Se você puder, compartilhe esse vídeo, o único meio de salvar minha vida é encontrando ele e fazendo o transplante de medula óssea".

Geovana é nascida e criada em Três Lagoas, onde mora com a mãe, a irmã e o padrasto, que considera pai. O sonho da menina, além de conseguir o transplante é o de conhecer a youtuber Lisa Barcelos, de quem a menininha é fã. Na escola municipal onde estuda em Três Lagoas, chegaram a fazer uma campanha para que ela conhecesse a ídola, mas não tiveram sucesso, também em razão da pandemia.

"Desde quando ela começou a frequentar as redes sociais e eu dei um telefone pra ela, ela se tornou fã da Lisa Barcelos, ela diz que um dos sonhos dela seria conhecer ela", conta a mãe de Geovana, dona Neide, de 35 anos.

Outro sonho da menina é o de ganhar um "ring light", daqueles acessórios para gravar vídeos com iluminação. "Ela também ama maquiagem e gravar coisas para um pequeno canal que criou no Youtube. Acredito que por ter limitações físicas, a Geovana acaba se realizando em atividades que pode fazer com autonomia sem cansar, como essas envolvendo redes sociais", explica a professora.

A mestre de Geovana, Maysa, é professora dela desde o ano passado, quando a menina foi sua aluna no 3º do ensino fundamental. "Em virtude das limitações da doença e constantes internações, acabei me aproximando mais para encontrar maneiras diferentes de manter ela a par dos estudos. Assim fomos estreitando relações.  A mãe dela passou a ter muita consideração por mim e eu, admiração pela mãe. Assim mantivemos o contato até hoje, mesmo ela não sendo mais da minha sala este ano", explica a professora.

Geovana e professora Maysa. Registro foi feito na escola onde menina estuda, no ano passado. (Foto: Arquivo Pessoal)
Geovana e professora Maysa. Registro foi feito na escola onde menina estuda, no ano passado. (Foto: Arquivo Pessoal)

A ideia foi dela de abrir o Instagram, depois que a menina passou muito mal, ficou internada novamente e a família percebeu a urgência do transplante. Sobre a repercussão, tanto mãe quanto professora estão espantadas. "Ela mesmo não tem vaga ideia. Na verdade nem eu tenho total noção da dimensão, fiz para tentar, porque quero muito que ela vença essa batalha, mas não imaginei que fosse assim como está sendo", diz Maysa.

"Eu estou feliz e ao mesmo tempo bastante assustada pela visualização que teve o vídeo dela", diz dona Neide. "Mas ela é uma menina muito inteligente, meiga, cativante, não é porque é minha filha, não sou só eu que falo, como quem se aproxima dela também. E o que estiver ao meu alcance, eu vou tentar realizar", resume a mãe.

Pelo Instagram, a família conseguiu apoio jurídico já para localizar o pai biológico. Em um vídeo, a advogada Victória Helena Monteiro Carraro, do escritório Carraro e Barros Advogados, de Três Lagoas mesmo, pede para que informações sobre o possível paradeiro do pai biológico sejam enviadas pelo e-mail diasdege@outlook.com ou ainda repassadas para o celular: 679 8469 4929. A advogada deixa claro que o foco é localizar e obter o material genético do pai para o transplante de medula óssea, não entrando no mérito da paternidade em si. E que se quem assiste ainda não é cadastrado como doador de medula óssea, que procure o órgão competente de sua cidade para cadastrar. "Vocês podem salvar a vida da Geovana ou de outra pessoa".

Cadastro de medula óssea - O Hemosul está em plena Semana Estadual de Incentivo a Doação de Sangue e Medula Óssea. A ação incluída no calendário oficial de eventos do Estado por meio da Lei 5.391 em setembro de 2019 tem objetivo de conscientizar para a importância do ato de doar sangue e sensibilizar novos voluntários, de forma a criar um hábito de cultura solidária de doação.

Por conta da pandemia, é recomendado agendar o atendimento para evitar aglomeração. Os telefones para agendamento na Capital são os fixos (67) 3312-1516, (67) 3312-1529 e (67) 99298-6316. Endereços e contatos para agendamento nas unidades do interior estão disponíveis aqui.

Na Capital, o Hemosul fica na Avenida Fernando Corrêa da Costa, 1304 em Campo Grande. O atendimento de segunda à sexta-feira é das 7h às 17h, e aos sábados de 7h às 12h. A cada 1° sábado do mês o atendimento é das 7h às 17h.

O perfil de Geovana no Instagram é @diasdege.

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