Com pai de santo e missionária, intolerância religiosa não tem vez
Anualmente, centro espírita candomblé faz festa do Dia das Crianças unindo esforços independente de religião
Há 7 anos, o Centro Espírita Mzo, localizado no bairro Dom Antônio Barbosa, mostra que intolerância religiosa não tem vez por ali. Isso porque todo dia 12 de outubro, o pai de santo responsável pelo centro de candomblé se une a uma missionária da Igreja Pentecostal para provar que a alegria no Dia das Crianças é composta, no fim das contas, por amor.
Unindo as celebrações do dia de Cosme e Damião ao Dia das Crianças, o pai de santo responsável pelo centro, Tateto Mungongogy explica que por não ser possível realizar duas festas, a celebração é sempre no dia 12.
“A Raquel, que é missionária evangélica, sempre faz a confecção do bolo aqui no centro. Depois, o que sobra de doce, nós levamos para outra igreja evangélica. E, além disso, o comércio da região sempre ajuda muito”, explica o pai de santo.
Sabendo de como o preconceito é forte, Mungongogy narra que a amizade entre ele e Raquel Brito Souza Dias começou antes mesmo da festa. “Eu comprei o terreno e comecei a montar o centro, nessa época ela já morava aqui na frente. Isso tem, mais ou menos 12 anos. Nós sempre falamos que a dúvida de um pode ser a solução do outro, quando o assunto é religião”.
Na prática, o pai de santo comenta que muita gente segue com comentários exaustivos, enquanto a relação no centro é positiva. “Ela tem uma visão diferente de muitos evangélicos e eu respeito a religião dela, assim como ela respeita a minha. Ela sempre vem quando tem a festa, eu já fui na igreja dela e tudo certo”, explica.
Confirmando que para criar o bolo de três metros é necessário união, Raquel narra que sua vontade de ajudar, sem pensar em distinção de religião, teve início por ver o cenário do bairro.
“Nós fazemos assim pela união, por ver a alegria das crianças. Muitos pais não tem condições de dar um doce, um bolo. Então, nós temos o prazer de fazer isso, de ajudar”, narra a missionária.
Explicando sobre como vê as práticas religiosas do centro, Raquel pontua que não se preocupa com esses detalhes. “Para mim, não tem diferença nenhuma porque somos todos iguais. Todos, perante ao senhor, vamos ser julgados independente da religião que nós temos. Então, eu acho que cada um devia respeitar ao outro sem preconceito porque somos todos iguais”.
Apesar desse pensamento já estar fixo em sua mente, a missionária conta que sempre precisa lidar com as críticas de quem vê as cenas de fora.
“Eu não tenho nada contra a religião, mas muitas pessoas criticam quando venho aqui para fazer o bolo. Criticam só por eu estar aqui, mas o que penso é que o que fazemos é estar ajudando o outro”, defende a missionária.
De forma geral, Raquel comenta que tenta não se importar e compartilhar que o que basta é aquilo que está em sua mente e em seu coração. “Se cada um deixar de julgar o outro, a gente consegue combater a intolerância religiosa. É o amor pelo próximo, desse jeito vai crescendo a união entre os povos”.
E, já pensando no próximo ano, a equipe do centro pontua que anualmente são aceitas doações para compor a festa. Para mais informações, o contato é (67) 99121-6793.
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