Corredor de ipês não surgiu do nada, foi plantado há 20 anos por crianças
Foram cerca de duas mil mudas levadas para o local durante as aulas de Educação Ambiental e hoje, as árvores são ponto de selfies
Hoje eles são adultos e devem aproveitar as selfies como todo mundo nos últimos dias. Mas há 20 anos os responsáveis pelos ipês brancos do Parque das Nações Indígenas eram meninos e meninas de 6 a 13 anos. Nas aulas de Educação Ambiental na escola Paulo Freire, o grupo teve a missão de garantir o plantio, para valorizar a natureza.
Já são duas décadas e para a hoje psicóloga Andreia Spengler é gratificante olhar para a paisagem e lembrar que contribuiu com um dos cartões postais da Capital. “Que orgulho. Quem diria que hoje iriam usufruir. É importante ver que a minha ação de quando era pequena virou ponto turístico”, diz toda empolgada.
Ela tinha dez anos e estava na terceira série do Ensino Fundamental. Na época, não havia muito ipê no parque. “Era mais grama. Plantei numa manhã e tinha um engenheiro ambiental que deu uma palestra sobre a importância do reflorestamento. Cada criança plantou sua muda”, lembra.
O tempo passou, hoje, aos 30 anos, ela trabalha como psicóloga, porém nunca esqueceu da atitude. Após o plantio, Andreia voltou algumas vezes ao local para acompanhar o crescimento da árvore, sabia a área exata onde foi plantado o seu ipê. “A escola até colocou uma plaquinha identificando".
Claúdia Pedraza, 52 anos, era professora e ajudou a levar os alunos até o parque. “Foram mais de 80 alunos e vários dias de plantação. Separávamos os estudantes por turmas de 20 pessoas e íamos caminhando da escola até lá. Hoje, tenho alunos que caminham no local, veem a plaquinha e comentam sobre a plantação”.
Foram duas mil mudas e a decisão do tipo de espécie que seria plantada no local ocorreu após uma votação entre os alunos. “É a árvore símbolo da região e quando floresce fica bonita. Tivemos a autorização para plantar no parque”, explica a professora.
Lembranças - O físico, Guilherme Amaral, tinha só 7 anos quando plantou a sua primeira árvore. “Foi em 1999. O meu foi o branco. Sempre foi uma atividade que engajava a escola, inclusive com os nossos pais, sobre a questão do desmatamento”. Hoje, aos 25 anos, fica orgulhoso ao lembra que a “sua” árvore está ao lado do lago.
“A gente estudava as árvores típicas do Cerrado. Fomos ao parque antes para observar o local. Tinha toda uma preparação até chegar no dia do plantio. É bom saber que os ipês sobreviveram, que foi uma coisa positiva. É atração turística e traz as memórias. Lembro do meu pai e dos meus amigos de 20 anos”, comenta.
Atualmente, aos 25 anos, Guilherme deixou Campo Grande para morar em São Paulo. Contudo, a cada dois meses visita à cidade natal e passa pelo parque.
Para o empresário Fábio Dudas, 30 anos, o melhor é poder compartilhar a história com a família que construiu. “Acho que plantei o ipê rosa. Hoje vemos aquelas árvores maravilhosas e falo que fui eu quem plantei também. É gratificante ter contribuído com uma iniciativa como essa”.
Ele mora próximo do parque e é um dos que adora caminhar no local. “Vou semanalmente ao parque. O meio ambiente e a plantação contribuíram para meu crescimento”, destacou.
Continuação - Hoje, o colégio continua com o projeto de Educação Ambiental. “Estamos atualmente plantando mudas na praça que a escola adotou. Esse ano plantamos 15 mudas de ipês amarelo. Nossos alunos que participam do projeto no Club de Ciências, são chamados de Guardiões da Natureza”, conta a diretora Adelina Maria Avesani Spengler.