Danielle surpreendeu ao apresentar TCC com intérprete de Libras
Com apoio de intérprete, estudante defendeu tema que também está ligado à comunidade surda
Danielle de Rezende Gimenes, de 30 anos, mal tinha chegado na metade do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) quando decidiu que na data de apresentação defenderia o tema em Libras (Língua Brasileira de Sinais). Com apoio de uma amiga intérprete, a estudante de Direito mostrou que a acessibilidade se faz na prática.
A acadêmica foi a primeira do curso da Unigran a seguir a dinâmica. “Foi uma situação nova até pra minha banca avaliadora, que disseram que nunca haviam participado de uma apresentação acessível em Libras e que acharam muito importante” conta.
Apesar de também ser intérprete de Libras, Danielle preferiu convidar Karem Martins para desempenhar o papel. “Sou tradutora intérprete há dez anos, mas por uma questão ética com a minha banca avaliadora preferi que uma amiga fizesse a interpretação pra mim e eu fiz os agradecimentos”, explica.
Veja o vídeo:
O tema escolhido por ela também está relacionado ao direito da pessoa surda. “Essa recomendação trata a respeito da forma como o processo penal deve ser conduzido quando uma das partes é pessoa surda. Então sendo réu, vítima ou testemunha, a normativa traz a forma como esse processo deve ser conduzido de forma que garanta a acessibilidade linguística e o respeito à língua materna da pessoa surda, que é a Libras”, afirma.
"O tratamento das pessoas surdas e com deficiência auditiva no curso da persecução penal: Uma análise da recomendação" rendeu nota 10 para a intérprete que, como advogada, pretende continuar defendendo o direito da comunidade e trazendo visibilidade a mesma. “Poder ser voz e trazer a importância da língua de sinais será sempre o meu caminho, seja como professora dentro das salas de aula ou agora como advogada dentro dos tribunais. Saber que meu trabalho vai minimizar os impactos que a falta da acessibilidade traz, já é a certeza de que fiz as melhores escolhas”, destaca.
Formada em Letras pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Danielle teve o primeiro contato com a Libras durante o curso através de uma amiga. Após concluir a primeira graduação, o interesse a fez engatar uma pós-graduação em Libras.
O contato com a língua de sinais e com a comunidade surda fez com que Danielle notasse a importância de lutar pela acessibilidade. O curso de direito veio para somar com essa bandeira que Danielle sempre levanta.
“Sempre tive uma paixão imensa pelo Direito e quando decidi de fato cursar, entendi que precisava levar a língua de sinais comigo para poder continuar minha missão de lutar por eles. Já entrei no curso decidida que meu TCC seria em um tema relacionado à surdez, exatamente por conta da representatividade”, conclui.
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