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Comportamento

Dia das Crianças é de Rafa, que virou mãe de 4 e avó ao mesmo tempo

Família por adoção foi construída aos poucos, mas neste ano, as 4ª e 5ª integrantes chegaram como filha e neta

Por Aletheya Alves | 12/10/2023 07:12
Ao todo, Rafa construiu família com quatro filhas e uma neta neste ano. (Foto: Juliano Almeida)
Ao todo, Rafa construiu família com quatro filhas e uma neta neste ano. (Foto: Juliano Almeida)

Em 2018, Rafa (*) não imaginava que a família iniciada com duas filhas por adoção se tornaria um amor compartilhado com, ao todo, cinco novas integrantes. Por isso, neste ano, o Dia das Crianças é da contadora que virou mãe de 4 e avó ao mesmo tempo.

“A gente não esperava que seria assim, tanto que as pessoas não acreditam até hoje. Mas toda vez que alguém questiona, eu digo que Deus está com a gente, ajudando”, resume Rafa sobre como a passagem de uma vida apenas ao lado do marido foi ampliada tão rapidamente.

Para explicar bem a história, a contadora retorna a 2018, dois anos após o casal fazer o curso preparatório para adoção. “Anos antes, eu tive uma filha que gerei e por uma série de erros médicos, uma semana após o nascimento ela faleceu. Meu sonho sempre foi ser mãe, mas não queria mais gerar e passar por tudo isso”.

Com a ideia de adotar em mente, ela explica que deu entrada no processo logo em janeiro de 2018. “Nosso processo sempre foi para grupo de irmãos, então foi bastante rápido. O lar nos avisou de que tinham duas meninas, duas bebês, nós conhecemos e foi amor à primeira vista”, diz.

Mas, logo nessa primeira etapa, os planos começaram a mudar porque a intenção do casal não era de receber bebês. “A psicóloga sempre perguntava o motivo de eu não querer bebê, mas logo de cara vieram dois. Uma tinha dois meses e a outra tinha 1 ano e 10 meses. No dia 12 de dezembro de 2018 virei mãe”.

Na época, a mudança de rotina já foi intensa, como Rafa pontua. Isso porque, em poucos meses, a vida social do casal saiu de nenhum filho para duas crianças.

“Fiquei dois anos sem trabalhar e quando voltei foi bem na época da pandemia. Eu tenho uma coisa com Deus que ele vai me avisando e, nessa época, ele me disse que eu seria mãe de novo. Ele me disse em uma sexta-feira, contei para meu esposo e ele não acreditou. Na segunda-feira, o lar me ligou falando de uma terceira irmã que havia nascido”, relembra a contadora.

Amor começou a ser multiplicado em 2018, com a chegada das primeiras filhas. (Foto: Juliano Almeida)
Amor começou a ser multiplicado em 2018, com a chegada das primeiras filhas. (Foto: Juliano Almeida)

Novamente afastada do serviço, Rafa conta que a terceira filha precisou de mais atenção por ter nascido prematura. “Ela não ganhava peso, não engordava, não crescia. Depois, descobrimos que ela havia nascido com problema cardíaco e foi um choque porque precisaria operar”.

Neste ano, em 2023, chegou o momento da operação e, como a mãe explica, a cirurgia era de risco. “No dia 22 de março ela operou, nunca chorei tanto na vida. Estava naquele processo de choque, acompanhando a recuperação dela e lá Deus me avisou que ia acontecer de novo, que eu poderia ser mãe, mas que era uma opção minha”, relata.

Foram 17 dias no hospital e, como Rafa detalha, logo que a família retornou para casa, mais uma ligação foi recebida.

“O lar me ligou dizendo sobre uma irmã mais velha das meninas que eu não sabia. Eu estava saindo daquele contexto todo, pensando em tanta coisa que nem contei para meu esposo. Fiquei três dias pensando sozinha”, conta Rafa.

Na época, o pensamento, em resumo, foi: “se vier mais, Deus ajuda e a gente dá um jeito”. A diferença é que, dessa vez, além de mais uma filha, o lar contou que a menina, de 14 anos, tinha uma bebê de oito meses.

Nessa caso, além da família aumentar com uma nova filha, também teria uma neta. “Uma coisa que a gente, eu e meu marido, sempre conversamos é de que a gente não separaria as irmãs. Dessa vez, nós resolvemos ir, conhecer elas e entender melhor”.

Hoje, família é composta por Rafa, pelo marido, quatro filhas e uma neta. (Foto: Juliano Almeida)
Hoje, família é composta por Rafa, pelo marido, quatro filhas e uma neta. (Foto: Juliano Almeida)

De acordo com a contadora, a filha mais velha já havia passado por outros familiares e ido para o lar algumas vezes. E, com o caso da bebê, as duas seriam separadas.

“Nós fizemos o contato com ela e fluiu. Nós entendemos a situação e optamos para a adoção. Um dos depoimentos que ela deu quando foi para o lar é de que sabia que ela não teria chance de ser adotada, mas que a filha tinha. Disse que o sonho dela seria de conhecer as irmãs e a filha quando crescesse”, diz a contadora.

E, quando o casal resolveu contar para a menina sobre quem eram, o choro foi impossível de controlar. “Quando eu expliquei que era mãe das irmãs dela, ela só me agradeceu. Agradeceu por eu dar colo para as irmãs, por estar com elas, por cuidar e dar uma família. Eu chorei horrores”.

Com tudo resolvido, no dia 22 de julho, Rafa de fato se tornou mãe de quatro meninas e avó de uma. “Foi bastante difícil no começo, não sei quem chorava mais porque as meninas estavam enciumadas, minha filha mais velha não sabia como se portar, mas começamos a nos entender”, comenta.

Hoje, ainda em processo de adaptação, ela assume que as rotinas ainda estão sendo definidas e que a família segue melhorando como um todo. “Temos dias maravilhosos, mas também dias muito difíceis”.

E, observando todas as mudanças que aconteceram, todo o amor aplicado, ela sintetiza que o principal é entender que a família construída por adoção, assim como qualquer outra, precisa de paciência.

“Cada criança é diferente, cada uma tem sua história. Então, é importante saber que, assim como acontece com um filho por gestação, vão existir choques e o amor precisa ser construído. Mas o amor é imenso”, completa.

(*) O nome da mãe e das crianças não será exposto para preservar a identidade da família, uma vez que toda as filhas não são adultas.

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