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Comportamento

Dona de sex shop é detonada por falar dos produtos que vende no Instagram

Stories de Emily irritam mulheres pela "vulgaridade" e estampam assédio de homens que diz que querem provar produtos com ela

Lucas Mamédio | 05/03/2020 08:40
Emily segurando o aparelho que simula a língua humana (Foto: Marco Maluf)
Emily segurando o aparelho que simula a língua humana (Foto: Marco Maluf)

É por volta de onze horas da manhã quando chegamos ao sex shop de Emily Mayuco, na segunda unidade, aberta há cerca de um ano no Centro. Foi nesse mesmo período que a empresária começou a gravar vídeos fazendo uma breve descrição de seus produtos e postar nos stories do Instagram, que aliás, tem todo ele um tom bem-humorado. 

“Já falei de praticamente tudo que tenho na loja, e tudo experimentei antes”, fala a sorridente Emily, que é noiva e tem uma filhinha de pouco mais de 1 ano.

Ela arruma o balcão de atendimento, apoia duas plaquinhas com a frase “Dicas da Emily”, pega o produto do qual vai falar e coloca sobre a mesa. No vídeo que acompanhamos, ela decidiu falar sobre um aparelho que simula uma língua humana, mas toda porosa, que faz movimentos na vertical em três velocidades, umas mais impossível de reproduzir que a outra, para nós meros mortais. Aliado à língua, Emily indica como combinação o “Gel do Beijo Grego”, indicado para o sexo anal.

“Gente, eu geralmente falo da língua para as mulheres, mas a combinação com gel é perfeita para os homens, por isso minha dica hoje é pra você homem adquirir o aparelho juntamente com o gel”, diz Emily durante o vídeo fazendo propaganda de seus produtos.

Emily fala todos os dias de um produto diferente (Foto: Marcos Maluf)
Emily fala todos os dias de um produto diferente (Foto: Marcos Maluf)
Simulando remédios, os gels estimulantes são os mais vendidos (Foto: Marcos Maluf)
Simulando remédios, os gels estimulantes são os mais vendidos (Foto: Marcos Maluf)

Por falar sobre produtos como esses, usados em momentos íntimos, mas que todos desfrutam, Emily vem sendo atacada e ofendida constantemente pelo direct do Instagram. Mulheres revoltadas com a forma natural com que ela fala de possibilidades de utilização dos produtos e homens que se sentem no direito de assediá-la pelo mesmo motivo são os problemas mais enfrentados por ela.

“Muitas mulheres me chamam de vulgar, biscate e outros nomes impublicáveis. Os homens também ofendem, porém o mais comum é mandarem nudes, fotos das partes íntimas, falando que querem testar tal produto, mas só se for comigo”.

Nesse um ano fazendo stories Emily já tem cerca de 100 pessoas bloqueadas, todas por ofensas. A empresária diz que isso não tem reflexo permanente em sua saúde mental, mas que em alguns casos, dependo das palavras e do contexto, fica triste por alguns dias.

“Pra mim essas atitudes revelam uma imaturidade sexual muito grande do brasileiro e do campo-grandense também. Sexo é um tabu pra muita gente, mas não deveria. Tudo que eu vendo aqui é para ajudar na relação ou relações, mas o moralismo às vezes cega as pessoas”.

Emily pensa que muita gente não tem educação sexual, por isso age de forma preconceituosa (Foto: Marcos Maluf)
Emily pensa que muita gente não tem educação sexual, por isso age de forma preconceituosa (Foto: Marcos Maluf)

Em uma das mensagens mostradas por ela, uma mulher que nem a seguia, fez o seguinte questionamento: “Você tinha que ter mais noção, né? Dica que você dá só puta faz, você acha que mulher de família faz isso?” Completou a mulher dizendo que não a seguia, que viu pelo Instagram de uma amiga e que agora não seguiria mesmo.

“Falei pra ela ir transar que passava”, diz Emily rindo, “mas não nego que fiquei meio mal depois pelo peso das palavras dela”.

Legal mesmo foi ver a quantidade de gente que “destravou” com os produtos dela. Emily recebe com a mesma frequência depoimentos de pessoas que tiveram a vida sexual transformada por seus produtos. Muitas ainda não falam sobre isso abertamente, mas o direct dela sabe do que estamos falando.

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