Dono de banca que recebeu até ex-presidente, Hélio morre aos 85 anos
Expoente na venda de jornais e revistas, ele marcou a vida de uma geração em Campo Grande
Depois de construir sua história em uma das esquinas da Rua 14 de Julho, faleceu nesta manhã (na data que dá nome à rua), em Campo Grande, o dono da banca de revista mais famosa da cidade Helio de Andraus Gahoma, aos 85 anos. Expoente na venda de jornais e revistas, ele marcou a vida de uma geração que viu as principais notícias do Brasil e do mundo chegarem à capital sul-mato-grossense nos anos 70, 80 e 90 através de sua banca. Depois de se despedir do grande amor há dois anos, hoje ele deixa cinco filhos e quatro netos.
Hélio gostava de contar sua história para muitos amigos e a família. O segundo filho, Granviller Ribeiro Gahuma Ribas, de 49 anos, lembra que o pai começou a trabalhar cedo, ainda menino, para garantir o sustento. Aos 12 anos, foi para o Rio de Janeiro e viveu por anos até voltar a Campo Grande e fundar sua banca de revista na Rua Dom Aquino esquina com a 14 de Julho.
Naquele tempo, era ali que tudo acontecia e Hélio via da própria banca o crescimento da cidade. “Era mais conhecido que nota de um real”, começa o filho. “Ali na banca, ele recebeu de ex-presidente, como Emílio Médici, até políticos de Mato Grosso do Sul. Nelson Trad era padrinho de casamento dele. Todos o conheciam e tinham muito carinho por ele”, completa Granviller.
Hélio até se viu chateado com o declínio das revistas e jornais impressos, mas nos últimos anos dentro da banca se reinventou vendendo produtos importados. Há cerca de quatro anos, ele deixou o espaço e passou a alugar o ponto que hoje é tomado por capas e outros acessórios de celulares. No entanto, seu nome segue estampado na banca.
“Ele foi um abençoado de começar sua trajetória com a banca ali naquela época. Ele lembrava que a delegacia já foi na esquina da banca dele, que lembrava do tempo que a Maracaju inundava e todos os acontecimentos do Centro. Foram muitas histórias”, diz o filho.
Paulo Bandeira, de 73 anos, comerciante na Dom Aquino, se emocionou ao saber da morte do amigo. “Estou desacorçoado. Era um grande amigo, um cara 100% gentil e que todo mundo gostava”.
Senador Nelsinho Trad (PSD) lembrou que Hélio também foi um homem ativo politicamente. “Antigamente, ele funcionava como rede social, quem queria saber alguma notícia passava pela banca. Jornalistas se pautavam por notícias passando pela Banca do Hélio. Hélio era comercialino fanático, ele tinha uma buzina que levava aos jogos e tocava nos gols, virou a marca registrada dele. Ele foi candidato a vereador enquanto eu estava no comando do PTB, salvo engano em 1982. Ele tinha uma história com minha família, meus pais foram padrinhos de casamento dele. É uma perda que toda sociedade vai sentir muito, a história dele se confunde com a história de Campo Grande”.
Hélio faleceu em casa após uma parada cardiorrespiratória. O velório acontece a partir das 15h, na Capela Campo Grande localizada na rua 13 de maio, 4588. O sepultamento será às 16h30 do sábado (15), no cemitério Parque das Primaveras.
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