Eclevilson vive para lembrar como carroceiros ‘construíram’ a cidade
Aposentado, ele criou a Associação dos Trabalhadores de Carroça e faz questão de manter a história
No Jardim Santa Emília, Eclevilson Pereira Silveira sente diariamente a necessidade de relembrar sobre como os carroceiros compuseram a história de Campo Grande. Tendo criado a associação dos trabalhadores de carroça, ele resume que vive, aos 66 anos, para não deixar a história morrer.
“Quando você não conta, não escreve, ela se perde. Não quero que isso aconteça”, resume o carroceiro aposentado sobre a necessidade de manter as lembranças narradas em dia. Tendo deixado a prática da profissão para trás há cerca de cinco anos, o homem vive, literalmente, na associação.
No quintal de casa, uma placa indica que o espaço é a sede da instituição. De acordo com Eclevilson, o que um dia já um sonho maior realmente começou por ali, sem nem paredes de tijolos.
Tendo começado a trabalhar com carroças na década de 1980, o homem explica que viveu as dificuldades da profissão até meados de 2014 sem nenhum tipo de união formal. Foi assim que surgiu a ideia de reunir os colegas para criar uma associação.
Com apoio de alguns políticos, Eclevilson narra que o grupo recebeu o terreno que hoje é sua casa. Na época, a ideia era levantar a sede para que os trabalhadores conseguissem se organizar.
Sem muito sucesso, ele explica que reuniões foram feitas e objetivos traçados, mas o tempo acabou varrendo as esperanças e deixando apenas um conjunto de papéis, a placa desbotada e a memória como herança.
Por isso, acreditando que hoje seu papel é não deixar que as memórias da profissão desapareçam, ele não perde a chance de contar sobre como a cidade da Capital se entrelaça com a dos carroceiros.
“A Santa Casa, por exemplo, foi construída com ajuda dos carroceiros. Quando os carros não eram tão comuns, quem servia de táxi eram os carroceiros. Eu não cheguei a fazer esse trabalho, meu serviço era o de limpeza e transporte de entulho”, diz Eclevilson.
Ainda sobre as memórias que gosta de destacar, ele garante que apesar da Antiga Rodoviária já parecer ter ficado na história, antes dela existir o endereço era parte da narrativa de seus companheiros. “Ali é que colocava as ferraduras nos cavalos, tinha esse profissional e um outro em bairro diferente. Mas isso foi se perdendo”.
Para o aposentado, seu novo objetivo é conseguir fazer com que mais pessoas valorizem os esforços feitos pela classe. Seja ouvindo sobre a profissão ou auxiliando em uma destinação para os documentos criados pela associação, todo interesse faz com que a esperança do homem retorne aos poucos.
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