Eles não aceitam cartão ou PIX; então, como conseguem vender?
A forma de pagamento é recusada firmemente em alguns estabelecimentos pelo medo dos golpes
Na Vila Carvalho, se você quiser sentar em um barzinho para tomar uma cerveja ou ir em uma padaria para comprar um pão, provavelmente, você só vai conseguir pagar no dinheiro vivo. Ali, alguns dos moradores que são comerciantes se recusam a usar o Pix firmemente. O motivo, em unanimidade, é a falta de confiança na “tecnologia”.
É o caso do bar de Sebastiana Durbem, de 71 anos, mais conhecida como Dona Tiana. São 20 anos de estabelecimento que ela abriu da porta da própria casa e, desde então, nunca aceitou sequer cartão, muito menos Pix. “Eu não confio muito nessas coisas, sabe? Nem de celular direito eu gosto. E nem entra tanto dinheiro assim, então, eu prefiro que seja assim”, comenta.
No local, os frequentadores já sabem exatamente como a coisa funciona. “Eu vou no banco sacar só pra isso mesmo”, comenta Fabio Barros, de 44 anos. Célio Marques Moreira Queiroz, de 56 anos, também é um dos frequentadores do local e já está acostumado. “Se eu não tiver dinheiro hoje, eu volto aqui amanhã e pago, porque ela não aceita Pix, nem cartão”, expressa.
Dona Tiana não é a única. No Bar e Mercearia São Vicente, a poucas quadras dali, um papel feito à mão logo de cara no caixa recepciona com a informação: “Não passa cartão”.
No balcão, a resposta ao questionamento se passa Pix é monossilábico: “Não”. A justificativa é a mesma de Dona Tiana: a proprietária é mais idosa e pela falta de habilidade com as tecnologias, prefere não aderir ao Pix.
Entre os idosos mais “modernos”, está apenas a padaria de seu Valdérico Melo, de 64 anos, que aceita cartões de crédito e de débito. Forma de pagamento, inclusive, que tem desde que o estabelecimento abriu, há quase duas décadas. Só o Pix mesmo que ainda gera desconfiança.
“Mas o Pix eu não tenho confiança ainda não. Estou estudando, mas a gente ouve muito falar nesses golpes que aplicam em idosos, então, dá um medo”, justifica.
A aversão ao Pix não é apenas na Vila Carvalho. No Bairro Jardim São Lourenço, Garaparia e Chiparia Parada Obrigatória, o Pix também não é bem-vindo. A explicação do funcionário Jeferson Corin, de 33 anos, tem a ver com agilizar os processos durante os momentos de movimento maior.
"Tem gente que vem aqui que não sabe mexer com Pix ou com cartão. E muitas vezes, estamos aqui atendendo sozinhos, então, ia demorar demais a acabar gerando fila. Por isso, só no dinheiro agiliza", comenta.
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