ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
OUTUBRO, SEGUNDA  28    CAMPO GRANDE 23º

Comportamento

Em 1972, Família de Rosa criou ‘raízes’ em casa de madeira

Na época, a iluminação pública era acesa com pavio e asfalto era um sonho bastante distante

Por Idaicy Solano | 26/10/2024 07:05
Casinha de madeira está localizada na Vila Taveirópolis (Foto: Paulo Francis)
Casinha de madeira está localizada na Vila Taveirópolis (Foto: Paulo Francis)

Na Vila Taveirópolis, uma casinha de madeira localizada na Rua Padre Caetano Patamé, com suas vigas verde-claras já desbotadas pela ação do tempo, guardam as raízes da família Pereira dos Santos, que chegou a Campo Grande nos anos 1970, época em que a iluminação pública era acesa com pavio e asfalto era um sonho bastante distante.

Hoje em dia, o local é o lar das irmãs Elizena Pereira dos Santos, de 87 anos, e Dilma Pereira dos Santos, de 94 anos,  que após ficarem viúvas, decidiram morar juntas para fazerem companhia uma à outra.

Elizana e Dilma passam o dia cuidando dos afazeres domésticos e do jardim, que possui algumas árvores e flores plantadas, além de alimentar cerca de 13 gatos de rua, que elas criam no quintal. Dilma também gosta de fazer crochê e bordar no tempo livre.

Mas anos atrás, o lugar foi o lar que os pais da professora Rosa Helena Pereira dos Santos, de 61 anos, conquistaram com bastante trabalho. Filha de Elizena, Rosa relata que se mudou para a casinha de madeira, junto com a mãe e o falecido pai, no ano de 1972. A família veio de Sidrolândia, na época que o município ainda era distrito de Campo Grande e se chama “Patrimônio”.

Naquela época, a casa não possuía os muros de alvenaria que tem hoje, e tudo que separava o terreno deles do dos vizinhos, ela um balaústre feito de fios. A casa tinha poucos cômodos, e o banheiro ficava do lado de fora, em uma ‘casinha’ no quintal.

“Aqui não tinha nada, era tudo mato. Relembro até hoje que a gente pegava umas trilhas aqui atrás [da casa] para chegar lá do outro lado e visitar a casa da minha tia [Dilma]. O vizinho aqui da frente tinha quatro filhas, a gente era muito amigas, a gente jogava muita queimada com os vizinhos”, relembra Rosa.

A iluminação também era bem escassa, e Dilma até relembra que as luminárias eram acesas com pavio. Como não havia asfalto, a criançada aproveitava o asfalto de terra para brincar e jogar bola.

“Quando eu vim pra cá, era tudo buraco. Era areia, era buraco pra cá, pra lá. Agora tá tudo asfaltado, tudo moderno”, brinca Dilma.

Da esquerda para a direita, Dilma, Elizena e Rosa na varanda da casa de alvenaria (Foto: Paulo Francis)
Da esquerda para a direita, Dilma, Elizena e Rosa na varanda da casa de alvenaria (Foto: Paulo Francis)

A professora conta que quando chegou com a  família na Capital, era bastante difícil conseguir um terreno, por isso, a construção de madeira tem um grande significado para a família. Rosa detalha que, cerca de 12 anos depois de se mudarem para lá, seu pai construiu a casa de alvenaria, que era um sonho dele.

Mesmo com a moradia mais ‘moderna’ nos fundos, ninguém ousou desfazer a casa de madeira, que serviu de moradia para todos os filhos e outros membros da família com o passar dos anos.

Hoje, boa parte da estrutura original da casa foi modificada, pois a madeira começou a apodrecer e precisou de reparos, além de terem construído o banheiro dentro da moradia. As telhas do teto em formato triangular, que lembra levemente um chalé, ainda estão intactas. Rosa confessa que a mãe até fala em desmanchar, mas a professora sempre acaba ‘adiando’ o assunto.

“As minhas memórias estão aqui também. As memórias afetivas, memórias de trabalho, as memórias de sofrimentos também. Às vezes a mãe fala de desmanchar, aí a gente vai arrumando pra não precisar desmanchar, porque tem muita coisa ali. Quando a gente veio pra cá, o papai botou muito suor pra conseguir comprar isso. São as nossas raízes, então a gente tenta preservar”, finaliza Rosa.

Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Confira a galeria de imagens:

  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
Nos siga no Google Notícias