Em 1972, Família de Rosa criou ‘raízes’ em casa de madeira
Na época, a iluminação pública era acesa com pavio e asfalto era um sonho bastante distante
Na Vila Taveirópolis, uma casinha de madeira localizada na Rua Padre Caetano Patamé, com suas vigas verde-claras já desbotadas pela ação do tempo, guardam as raízes da família Pereira dos Santos, que chegou a Campo Grande nos anos 1970, época em que a iluminação pública era acesa com pavio e asfalto era um sonho bastante distante.
Hoje em dia, o local é o lar das irmãs Elizena Pereira dos Santos, de 87 anos, e Dilma Pereira dos Santos, de 94 anos, que após ficarem viúvas, decidiram morar juntas para fazerem companhia uma à outra.
Elizana e Dilma passam o dia cuidando dos afazeres domésticos e do jardim, que possui algumas árvores e flores plantadas, além de alimentar cerca de 13 gatos de rua, que elas criam no quintal. Dilma também gosta de fazer crochê e bordar no tempo livre.
Mas anos atrás, o lugar foi o lar que os pais da professora Rosa Helena Pereira dos Santos, de 61 anos, conquistaram com bastante trabalho. Filha de Elizena, Rosa relata que se mudou para a casinha de madeira, junto com a mãe e o falecido pai, no ano de 1972. A família veio de Sidrolândia, na época que o município ainda era distrito de Campo Grande e se chama “Patrimônio”.
Naquela época, a casa não possuía os muros de alvenaria que tem hoje, e tudo que separava o terreno deles do dos vizinhos, ela um balaústre feito de fios. A casa tinha poucos cômodos, e o banheiro ficava do lado de fora, em uma ‘casinha’ no quintal.
“Aqui não tinha nada, era tudo mato. Relembro até hoje que a gente pegava umas trilhas aqui atrás [da casa] para chegar lá do outro lado e visitar a casa da minha tia [Dilma]. O vizinho aqui da frente tinha quatro filhas, a gente era muito amigas, a gente jogava muita queimada com os vizinhos”, relembra Rosa.
A iluminação também era bem escassa, e Dilma até relembra que as luminárias eram acesas com pavio. Como não havia asfalto, a criançada aproveitava o asfalto de terra para brincar e jogar bola.
“Quando eu vim pra cá, era tudo buraco. Era areia, era buraco pra cá, pra lá. Agora tá tudo asfaltado, tudo moderno”, brinca Dilma.
A professora conta que quando chegou com a família na Capital, era bastante difícil conseguir um terreno, por isso, a construção de madeira tem um grande significado para a família. Rosa detalha que, cerca de 12 anos depois de se mudarem para lá, seu pai construiu a casa de alvenaria, que era um sonho dele.
Mesmo com a moradia mais ‘moderna’ nos fundos, ninguém ousou desfazer a casa de madeira, que serviu de moradia para todos os filhos e outros membros da família com o passar dos anos.
Hoje, boa parte da estrutura original da casa foi modificada, pois a madeira começou a apodrecer e precisou de reparos, além de terem construído o banheiro dentro da moradia. As telhas do teto em formato triangular, que lembra levemente um chalé, ainda estão intactas. Rosa confessa que a mãe até fala em desmanchar, mas a professora sempre acaba ‘adiando’ o assunto.
“As minhas memórias estão aqui também. As memórias afetivas, memórias de trabalho, as memórias de sofrimentos também. Às vezes a mãe fala de desmanchar, aí a gente vai arrumando pra não precisar desmanchar, porque tem muita coisa ali. Quando a gente veio pra cá, o papai botou muito suor pra conseguir comprar isso. São as nossas raízes, então a gente tenta preservar”, finaliza Rosa.
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