Em 2 meses, Cris perdeu 3 gerações e aprendeu a viver com memórias
Pai foi o primeiro a partir e, na semana passada, ela precisou se despedir da avó e da bisavó
[ para explicar: as senhoras que faleceram não eram mãe e filha, eram ex-sogra e ex-nora]
Orgulhosa de dizer que teve o privilégio de conviver com três gerações de sua família, Crislaine Dias Villas Boas precisou reformular a forma com que vê a vida após perder o pai, a avó e a bisavó em dois meses. Ainda se habituando a lidar com as faltas, ela narra que ter conseguido construir memórias tem sido sua força.
“Foi muito bom ter eles, ter feito parte da família. Minha filha, Lara, teve a oportunidade de ter e conhecer duas tataravós e duas bisavós”, conta Crislaine. Pensando no que ficou dos três que partiram, ela narra que o privilégio de ter tido uma família é o maior ponto e, pensando justamente nela, é que existe incentivo para seguir.
Além da perda ter sido intensa devido à quantidade de pessoas, o tempo entre cada partida também é motivo para que a bisneta se apegue às lembranças. “Meu pai faleceu no dia 11 de agosto desse ano e no dia 26 de setembro minha avó faleceu em Campo Grande, enquanto minha bisavó faleceu em Aquidauana”.
Alysson tinha apenas 46 anos e lutava contra um câncer de estômago desde o ano passado. Marly, avó de Cris, tinha 69 anos e também enfrentava um câncer há anos, enquanto Ruth chegou aos 88 anos e faleceu por complicações na saúde.
“Minha bisavó era ex-sogra da Marly e as duas faleceram por diferença de horas. Minha avó faleceu por volta das 7 horas da manhã, enquanto minha bisavó faleceu às 19h. Acho que ainda não entendi totalmente o que aconteceu porque foi muito rápido”, explica Cris.
Comentando que lidar com uma morte já é difícil, ela detalha que a lição tem sido cada vez mais entender como aproveitar o cotidiano ao lado de quem se gosta. “Não tive muito contato com minha avó Marly, mas nesse último mês tentei ao máximo. Visitei, ela veio passar fim de semana aqui em casa mesmo com as dores”.
Já com o pai e com a bisavó, o tempo foi melhor aproveitado, como ela narra. E entre as principais memórias e lições deixadas pelos dois estão o amor e o cuidado com o próximo.
“Meu pai sempre gostou muito de animais, por exemplo, e esse amor que tinha pela família e pelos animais é algo que ficou. Minha bisavó era kardecista, então também sempre ajudou muito as pessoas, ensinou isso para nós”, diz.
E, mais do que grandes atos, ela conta que os pequenos detalhes do dia a dia é que fizeram a diferença. “Meu pai chegava em casa e sempre fazia pipoca para a gente assistir filmes juntos, era tradição. A gente também fazia questão de ir ver minha bisavó, fazer churrasco com ela, aproveitar o fim de semana. Eram coisas em família que não faltavam”.
Quando a doença e as complicações na saúde começaram a evoluir, as diversões precisaram diminuir, mas o companheirismo ficou. “Eles se foram, mas o amor não acaba. Ele ficou comigo, com minha filha e com meus tios. A gente teve esse privilégio”.
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