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Comportamento

Em 61 anos juntos, casal foi de união arranjada a cuidado com os mortos

José e Irene se uniram depois de 3 encontros e contam que através da fé e de luta chegaram aos 83 anos felizes

Aletheya Alves | 06/08/2022 08:10
José Cabral de Melo e Irene Wenceslau do Prado e Melo estão casados há 61 anos. (Foto: Arquivo pessoal)
José Cabral de Melo e Irene Wenceslau do Prado e Melo estão casados há 61 anos. (Foto: Arquivo pessoal)

Depois de três encontros, José Cabral de Melo e Irene Wenceslau do Prado e Melo se casaram. Desde então, já se passaram 61 anos de histórias construídas em dupla. Hoje, aos 83 anos, os dois resumem que a agora a parceria surge até na hora de cuidar de fiéis mortos, tudo na trajetória dos pastores foi feito através de muita fé e luta.

Assim como muitos casais que celebram uma vida de união, José e Irene contam que a vida não foi um conto de fadas, mas que com ajustes tudo deu certo. “Temos filhos, netos e bisnetos que são uma bênção de Deus. Claro que a vida tem discussões, cicatrizes, mas hoje me sinto realizado”, resume José.

Relembrando como toda a história começou, José explica que ainda criança saiu de sua cidade natal na Paraíba e, do outro lado do País, encontrou Irene. “Eu fui morar no Paraná para trabalhar com parte da família da Irene, mas não a conhecia na época. Só anos depois que estava lá é que nos conhecemos em um casamento”, ele diz.

Quando se viram pela primeira vez não houve nada de amor à primeira vista, tanto que só se encontraram novamente um bom tempo depois. Neste meio-tempo, os familiares de Irene que moravam com José ainda tentaram arrumar outro casamento para ele.

José e Irene se casaram ainda jovens depois de três encontros. (Foto: Arquivo pessoal)
José e Irene se casaram ainda jovens depois de três encontros. (Foto: Arquivo pessoal)
Após se mudarem para o Mato Grosso começaram a atuar como pastores. (Foto: Arquivo pessoal)
Após se mudarem para o Mato Grosso começaram a atuar como pastores. (Foto: Arquivo pessoal)

“Eles queriam que eu me casasse com a prima dela e a gente até namorou por um tempo, mas era aquele namoro que não dava certo”, relembra José. Já com a primeira tentativa de casamento sem ter conseguido tomar rumo, a família de Irene decidiu, então, que o ideal seria que ela se casasse com ele.

Sobre toda a trama, Irene conta que tudo isso era o óbvio naquela época, já que os casamentos ainda eram feitos daquela forma. “A gente não podia escolher com quem iria se casar e se a família falasse que a gente ia, então era assim. Depois é que a gente foi trabalhando para se aproximar”, narra.

Os dois se encontraram mais duas vezes depois do casamento, sendo que na última, José já estava até com aliança em mãos para fazer o pedido. “Um era do norte e outro era do sul, então claro que não foi fácil, mas com a bênção de Deus tudo se encaminhou. Se eu falava algo ruim, me desculpava e da mesma forma foi com ela. Até hoje é assim”, José comenta.

Desde então, os dois começaram a trabalhar em conjunto, viveram em quatro estados diferentes e trabalharam como comerciantes até chegarem à vida de pastores. O marido relata que depois de se casarem, ainda viveram na área rural, mas depois se encontraram no ramo das vendas.

“Eu era mascate, viajei o Paraná todo vendendo roupa até que precisei parar em um lugar só. Tive loja lá, depois ainda fomos morar em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Mas foi no Mato Grosso que comecei minha vida como pastor”, ele relembra.

Atualmente, José e Irene são pastores "aposentados". (Foto: Arquivo pessoal)
Atualmente, José e Irene são pastores "aposentados". (Foto: Arquivo pessoal)
Parte da família reunida em igreja de Campo Grande. (Foto: Arquivo pessoal)
Parte da família reunida em igreja de Campo Grande. (Foto: Arquivo pessoal)

Vida na igreja

Membros da Igreja Presbiteriana Renovada, Irene e José contam que tudo começou em Mato Grosso. De acordo como o pastor, ele passou a construir sua comunidade aos poucos e desde então resolveu se dedicar à vida na igreja.

Uma dos cinco filhos do casal, Miriam Cabral de Melo narra que devido aos pais terem vivido em regiões interioranas, muitos dos serviços acabavam sendo responsabilidade dos pastores. “Me lembro de muitas vezes meu pai ter que sair com caixão em cima da belina para ir buscar corpo de fiel porque não tinha Pax, da minha mãe dar banho em mortos porque caía a responsabilidade sobre eles”, diz.

Completando a narrativa, Irene conta que essa foi apenas uma das funções que eram transferidas a eles e que nenhum dos dois se arrepende de nada. Confirmando os testemunhos, José comenta que tudo foi feito pensando nos ensinamentos bíblicos em que a família tanto acredita.

Hoje, já “aposentados” da vida de pastores, os dois resumem que cada parte da vida foi dedicada ao que acreditavam e que ao olhar para a família completa, sentem que tudo deu mais do que certo. “Um dos exemplos é minha filha que está aqui. Miriam se tornou pastora e seu marido também na Comunidade Cristã Graça do Alto. Toda nossa vida foi pensando em Deus e, agora, a dela também é”.

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