Entre riso e choro, vestido é o final feliz da mãe que pode ver a filha de noiva
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A emoção da primeira prova do vestido de noiva. Quando o modelo sai do papel e ganha a vida no corpo, vesti-lo é sentir bater forte o coração, como quem já quase ouve a marcha nupcial. É este branco, off white ou pérola que separa o passado de um futuro a dois e que dá às mulheres o sentimento de ser noiva mesmo. Foi na primeira olhada no espelho, que Mariana se enxergou assim. O encanto do desenho de menina somado a superação do câncer da mãe, a fizeram se dividir entre o choro e o riso.
"Acho que eu estava me segurando. Agora vou chorar. Está do jeito que eu quero, exatamente como tinha sonhado. O tecido, tudo. Estou encantada", diz a noiva. Mariana Fiorenza Bianchi tem 28 anos, uma história linda ao lado da mãe e, por coincidência, também é jornalista, mas até então não via como o vestido de noiva era uma bela narrativa.
No total são cinco anos e meio junto do noivo, William. Os dois se conheceram nas reuniões do Rotaract e levou sete meses para engatarem o romance. Em abril do ano passado, ficaram noivos e em agosto, quando começaram os preparativos para o casamento, veio junto a saga em busca do vestido.
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"Estava muito difícil achar um que não tivesse nada que fosse de renda. Descobri a Rosana, que é amiga da família do noivo", conta Mariana. Rosana é filha de costureira e costura profissionalmente há duas décadas, além de ser madrinha da cunhada de Mariana. Mas assim que começou o pontapé dos preparativos, Mara, a mãe foi diagnosticada com câncer de mama.
"Acabou ali. Parou tudo, a gente não tinha cabeça e logo em seguida ela operou", recorda Mariana. Foi num exame de rotina que Mara descobriu, ao fazer uma ultrassonografia. "O médico viu e falou: 'você vai vir aqui amanhã já colher material'. Eu não acreditava, cheguei em casa tentando disfarçar, mas a Mariana percebeu, aí eu desmoronei", descreve a professora Mara Catarina Fiorenza, de 57 anos. Uma semana depois foi a cirurgia e de agosto a abril, as sessões de quimioterapia.
"Meus pais se separaram em 2013 e foi um divórcio muito difícil para todo mundo. Quando decidimos noivar, veio aquela alegria e de repente, veio a doença, mas pensa numa pessoa que não caiu e não deixou ninguém cair? Ela uniu todo mundo de novo. Meus pais ficaram amigos, que é o sonho de todo filho de pais separados", relata a jornalista.
O casamento só foi retomado este ano, depois que Mara passou para a radioterapia e teve do médico a resposta de que estava tudo bem e que ela faria o acompanhamento pelos próximos cinco anos. Ali, olhando para a filha vestida de noiva, a mãe volta no tempo. Exatamente 33 anos atrás.
"Meu vestido foi princesa: saia toda de tule rodada, o corpo dele de cetim bordado e com aplicação de renda. Foi minha tia quem fez, era simples, com grinalda e tiara, mas foi o que eu sonhei", descreve Mara.
Ela foi a escolhida por Mariana para acompanhar passo a passo dos planos, incluindo o vestido de noiva.
E só descobriu ali que a filha tinha o modelo escolhido desde os 15 anos. "Eu fiz festão de 15 anos e tinha que usar branco, aí que eu fui ver que tinha vestidos cheio de nove horas, mas não era essa a minha ideia. Desde então eu desenhei um vestido igualzinho esse aqui. Nem minha mãe sabe disso", revela a menina.
No ateliê, Mariana conta que chegou a mudar de ideia e de um corte que não lhe traria tanto conforto, voltou ao desenho da Mariana adolescente. "Tenho certeza de que o William (noivo) vai olhar e falar que é a Mariana. É todo meu estilo, é a minha cara", detalha. "Eu me sinto uma princesa", completa rindo.
E o que a mãe sente nessa hora? A realização de um sonho. "É o que ela sempre quis e está conseguindo fazer tudo do jeito que sempre sonhou. Ela vai se casar e eu tenho a certeza de ue vai ser feliz", afirma Mara.
Que o vestido estampa a alegria das duas, isso ninguém questiona. É falar dele ou estar com ele para ver os olhinhos de mãe e filha brilharem.
"É um final feliz. Acabou minha doença, graças a Deus saí dela e vem o casamento da Mariana, que é outra felicidade. O vestido fecha tudo", desabafa a mãe.
"É o nosso grand finale para anos difíceis..." completa a filha, de volta às lágrimas.