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Comportamento

Eric já viu muitas ameaças, mas ano como DJ levou música ancestral ao topo

Apesar de um 2022 difícil, Eric conta como foi ser um indígena DJ e sul-mato-grossense nos maiores festivais

Thailla Torres | 28/12/2022 09:25
Indígena sul-mato-grossense, Eric tocou em grandes festivais do mundo.
Indígena sul-mato-grossense, Eric tocou em grandes festivais do mundo.

Eric Marky Terena veio de uma família de líderes indígenas do povo terena, em Mato Grosso do Sul. Cresceu em terra indígena e viu os pais lutando por um mundo de acolhimento, auxílio e respeito às suas origens. Na adolescência e início da vida adulta não foi diferente. Diversas vezes vimos Eric em movimentos pelos direitos indígenas e inspirando muitos amigos.

Mas, neste ano, o jornalista deu novos passos e viveu momentos que ele nunca imaginou. Viu a música ancestral ganhar o mundo por meio dos seus equipamentos de DJs e viagens para grandes festivais de música eletrônica. Por isso, ele descreveu aqui como foi 2022 e como essa conquista impactou na sua história como artista.

"A música tem me levado a lugares inimagináveis e esse ano foi surpreendente"
"A música tem me levado a lugares inimagináveis e esse ano foi surpreendente"

"Dois mil e vinte dois é o ano em que o reconhecimento indígena toma seu lugar no topo. Depois de anos da colonização e das ameaças integracionista e de exploração das nossas riquezas naturais, estamos ocupando esses espaços de decisão por todo o Brasil. 

A música por exemplo tem me levado a lugares inimagináveis e esse ano foi surpreendente o número de convites a festivais, mostras audiovisuais, espaços de juventude na agenda climática mundial.

Me apresentei em palcos gigantescos em 4 países diferentes, conferências de clima em NYC (EUA) e também no Egito e Canadá. Fui convidado a me apresentar em diversas aldeias pelo Brasil e em países da América do Sul onde na oportunidade gravei os sons da natureza e cantos sagrados.

Na minha cultura tradicional Terena, a música é a principal conexão com nossas raízes. E desenvolver esse trabalho junto às comunidades tradicionais e escutando suas principais lutas e transformando em melodias, é mais que gratificante.

Pela primeira vez um Indígena DJ, brasileiro, estaria fazendo isso junto às comunidades tradicionais e agora conectado com outros povos indígenas de outros continentes para produzir música ancestral contemporânea com uma dose de tecnologia ocidental.

Além de amplificar as vozes dos povos indígenas, estar ao lado de outros parentes indígenas mostrar o papel dos guardiões da natureza pela preservação ambiental, cultura e a existência dos povos indígenas, é mostrar também que a sociedade em que vivemos precisa conhecer a diversidade cultural indígena existente no mundo e suas distintas lutas.

Que nossos povos, canções e tradições continuem ecoando pelos quatro cantos a do mundo mostrando que nos povos indígenas somos o futuro e resistiremos sempre para que nossas raízes nunca sejam mortas".

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