Estacionar em vagas de idosos e deficientes é tão grave quanto a corrupção?
Com o clima tenso pós-eleição e com algumas pessoas pedindo impeachment da presidente e até intervenção militar, não faltam citações aos esquemas de corrupção que abalam o País e não é de agora. E é nessas horas que começa a lição de moral sobre os deslizes individuais que podem parecer pequenos, mas são indicados como tão graves quanto.
No Facebook, por exemplo, há campanhas que pedem, antes de tudo e, inclusive, antes dos discursos inflamados, o combate às pequenas corrupções pessoais, que vão da falsificação de carteirinha para pagar metade do valor no cinema, passando pelo hábito de furar fila, à péssima mania de estacionar em vagas de idosos e deficientes.
Diante disso, o Lado B saiu às ruas com única pergunta: Estacionar em vagas exclusivas, destinadas a idosos e deficientes, é tão grave quanto a corrupção?
Para o pintor Nivaldo Borges, de 35 anos, não. "Eu creio que se trata de falta de respeito e consciência da pessoa", afirma. Mas não deixa de ser grave, assim como a corrupção, que prejudica a todos e deve ser combatida a todo custo, completa.
A comerciante Alexandra Maia, de 36 anos, pensa de maneira semelhante. Ela também acha que estacionar em vagas exclusivas é falta de edução e não corrupção, porque esta segunda prática comum no Brasil tem, segundo ela, relação direta com o desvio de dinheiro público. "É mais grave", diz, ao comentar que, apesar disso, o desrespeito às leis de trânsito deve, sempre, gerar punição.
Madalena Guedes, de 62 anos, fala exatamente isso, com essas palavras, e diz que os órgãos competentes, como o Detran (Departamento Estadual de Trânsito), devem fiscalizar e punir motoristas irresponsáveis e mal educados.
Mas, para mulher, não dá para comparar a "mania", vergonhosa por sinal, à corrupção, que é algo bem mais grave. Na opinião dela, estacionar em local proibido é péssimo, mas quem faz isso não está roubando nada.
O encanador Washington Nascimento, de 55 anos, discorda completamente de Madalena, Alexandre e do pintor Nivaldo. Ele é da lógica de que roubar uma galinha ou R$ 100,00 reais é a mesma coisa, no entendimento dele, campanhas assim fazem sentido.
"É corrupção do mesmo jeito. O estacionamento exclusivo é um direito garantido por lei. Dá, sim, para comparar as duas coisas", argumenta.
A estudante Lívia Rebolo, de 17 anos, engrossa o discurso de Washington. Ela também vê sentido na comparação e no combate aos "pequenos esquemas", mas ressalta que, em Campo Grande, as vagas de estacionamento exclusivas são mal distribuídas.
Sobram vagas para idosos e deficientes e faltam para os "condutores comuns", diz. Talvez por isso, prossegue, existem tantos motoristas "abusados".
Fato é que, independente dessa discussão, a lei existe. E as campanhas de concientização não param, inclusive, com mudanças visuais.
Normalmente, o motorista folgado chega, encobre a indicação no chão, desce do carro e pega o rumo como se ninguém estivesse vendo. Como a sinalização horizontal não parece suficiente para evitar a cara de pau de alguns, a ideia foi usar placas na vertical, cada vez de tamanhos maiores.
Além de escrito no chão, a lei está super exposta de uma forma que ninguém mais pode camuflar. O jeito também é apelar com campanhas criativas, como a Multa Moral, idealizada por um cadeirante e até totens enormes, como os que o Shopping Campo Grande colocou no estacionamento.