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Comportamento

Ex-Papai Noel, Ribeiro largou função para honrar voto e deixar de mentir

De 2010 a 2019, ele rodou a cidade e o interior do Estado vestido como o personagem natalino

Jéssica Fernandes | 28/12/2022 07:25
No Facebook, Ribeiro tem registros de quando era Papai Noel. (Foto: Arquivo pessoal)
No Facebook, Ribeiro tem registros de quando era Papai Noel. (Foto: Arquivo pessoal)

Durante quase uma década, Nadir de Assis Ribeiro, de 68 anos, viveu na pele as alegrias de ser um Papai Noel. Vestindo a roupa vermelha, ele rodou Campo Grande e municípios no interior do Estado, ouvindo incontáveis pedidos de crianças e entregando brinquedos. Há três anos, ele cortou a barba branca e pôs fim a saga que rendeu histórias que hoje são lembradas com carinho.

Nadir, mais conhecido por Ribeiro, conta que parou de ser Papai Noel após fazer um voto cristão. “Eu fui pra congregação e fiz um voto que se eu voltasse a andar direitinho eu parava de ser Papai Noel, porque tinha que mentir muito para as crianças. A primeira coisa que fiz foi cortar a barba e a minha era original. Pra tirar minha barba veio um irmão de Santa Catarina”, fala.

As aventuras como Papai Noel, segundo ele, também foram interrompidas devido à idade e o desejo de ter uma casa própria.

Ribeiro recorda histórias que viveu como o personagem. (Foto: Marcos Maluf)
Ribeiro recorda histórias que viveu como o personagem. (Foto: Marcos Maluf)

“Eu parei de ser porque já tô velho, outra porque tive AVC e se criança encostar perto de mim eu caio. Antes de ter uma casa eu morava num barraquinho e falei: ‘Se Deus me ajudar a ter uma casa, vou parar de ser Papai Noel e me entregar à igreja. Aí o pessoal da congregação fez minha casa todinha, é a mais bonita que tem”, enfatiza.

O começo como Papai Noel - Antes de interromper a carreira, ele morava em Campinas (SP), onde trabalhava fazendo frete. Por coincidência, os cartões de visita dele tinham o rosto de dois Papais Noéis estampados. Em agosto de 2010, Ribeiro se mudou para Campo Grande e passou a interpretar o personagem natalino.

“Para não jogar aquele cartão fora eu continuei com eles aqui e tinha o Papai Noel de cada lado. Quando foi em novembro, a Funtrab estava pedindo por Papai Noel para trabalhar na Pernambucanas. Eu nunca tinha trabalhado e fui fazer o curso, porque ser Papai Noel não é só colocar a roupa. Tinha que ter uma ética”, afirma.

Ribeiro durante viagem de trabalho como Papai Noel. (Foto: Arquivo Pessoal)
Ribeiro durante viagem de trabalho como Papai Noel. (Foto: Arquivo Pessoal)

Dos 50 candidatos à vaga, Ribeiro conquistou a função que passou a desempenhar na loja e também no shopping. Orgulhoso, ele fala que era um dos três principais Papais Noéis da cidade. “Na época só tinham três em Campo Grande. Era eu, um sapateiro perto da rodoviária e aquele que tinha um barzinho perto do exército”, explica.

Para o homem falar do antigo trabalho é relembrar um período ‘gostoso’ da vida. “Fui pra Bonito fazer durante três anos a chegada do Papai Noel, fiquei dois no Pátio Central. Saía para fazer eventos, festas de fim de ano, trabalhava muito, era muito gostoso. No dia 25 onde eu passava e via criança eu parava”, recorda.

As crianças não eram as únicas a celebrarem a presença do ex-Papai Noel. Ribeiro revela que também já fez a alegria de adultos. “Um dia chegou um rapaz no Pátio Central e falou: ‘Minha mãe tá com 92 anos e ela quer ver o Papai Noel original e é você que ela viu. Quando cheguei essa velhinha ficou tão emocionada que não deixava eu sair de perto nem um minuto”, relata.

Hoje, Ribeiro guarda as histórias e compartilha no Facebook os registros da época que era Papai Noel. Na rede social, ele mostra as viagens de trabalho feitas em Bonito e Nioaque. O álbum virtual é cheio dessas recordações gostosas que Ribeiro deixou para trás ao cumprir com a promessa.

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