Há décadas, amigas se reúnem para jogar bingo e falar mal de homem
Uma vez por mês, elas realizam o encontro divertido que tem comida, bebida e muita fofoca
Durante o encontro das mulheres, que não tem nada a ver com programação de igreja, existem uma série de regras. A mais importante é que nenhum homem pode participar. Caso alguém leve o marido, o sortudo fica responsável por servir as comidas e bebidas das mulheres que jogam conversa fora a noite toda.
A mulherada é amiga há mais de uma década, sendo que algumas fazem parte da mesma família. A dedicação para estarem juntas é grande e uma vez no mês elas fazem o famoso encontro. Segundo elas, a ocasião serve para ‘comer, beber, jogar bingo e falar mal de homens’. Ontem (23), o Lado B acompanhou uma dessas reuniões onde só entra quem é convidado e olhe lá.
Integram o grupo Nely Ramos, de 65 anos, Nelia Ramos, de 66 anos, Francisca Leanis, de 71 anos, Jucimeire Leanes, de 45 anos, Joana Guimarães, de 59 anos, Geovana Cardozo, de 46 anos, Luciene Guimarães, de 38 anos, Laidi Volk, de 55 anos, Jaqueline Lianes, de 47 anos, e Maria Eduarda Volk, de 17 anos.
O encontro dessa vez aconteceu na casa das irmãs Nely e Nelia, que são umas das primeiras participantes do grupo, assim como Laidi. Aos poucos, as demais foram chegando para nunca mais irem embora.
Quem fala sobre esse começo da amizade é Nely. “A Laidi morava na rua aqui de casa e tinha um bar. Íamos sempre lá e um dia ela (Laidi), falou: ‘Vamos fazer uma reunião pra gente conversar'. Da conversa surgiu o grupo de mulheres pra gente se encontrar e não ficar só em casa”, conta. Já Nelia fala que desde antes conhecia a amiga. "Eu vinha do serviço no mesmo horário que ela tinha que voltar com a filha da cidade. Eu sentava do lado dela, vínhamos conversando e descíamos no mesmo ponto”, lembra.
Descontraídas, as irmãs garantem que o que sai dos encontros é sempre algo bom. “O que eu mais gosto é que tudo que a gente conversa é coisa boa. No começo, eu falei: ‘Vamos sempre manter uma coisa gostosa’. Agora eu não gosto é de quando o homem participa”, revela Nely. Compartilhando da mesma opinião que a irmã, Nélia completa a resposta. “Parece que a gente não fica à vontade”, ri.
Só entra quem é chamada - Geovana foi uma das primeiras a chegarem no encontro. Bem-humorada, ela fala que é uma das únicas que não faz parte da mesma família e que entrou para o grupo, pois foi convidada. “Eu fui indicada, só entra com indicação. Tem que passar pelo processo. A maior parte eu conheço, porque é da família e a Juci é minha amiga de infância”, diz.
Passado o momento de descontração, ela relata que a união delas é forte e que todas sempre se ajudam. “Esse grupo é bom, porque é de muito empoderamento. A gente conversa de tudo, é bem gostoso, porque todo mundo apoia o serviço da outra”, pontua.
Aos poucos, as outras mulheres foram chegando e trazendo pratos diferentes para comerem durante a noite. No fim, a mesa ficou repleta de pastéis, esfihas, pizza de sardinha, calabresa, carne assada e pudim. O prato estrela e favorito da maioria é a torta de frango preparada pela Laidi. Para elas, uma reunião sem a torta não seria de fato uma reunião.
Após todas chegarem, as fofocas começaram e uma foi contando as últimas novidades, como o radinho conquistado em sorteio e por aí vai. O clima era de descontração, felicidade, muita gargalhada e uma tirava sarro da outra.
É nessa hora que Luciene expõe a essência da reunião. "A gente come, fala mal dos homens, joga bingo, toma cerveja e conversa muito, porque a gente fica até 2h da manhã. Não importa o tempo e se tá frio a gente se recolhe", declara. Nesse instante, Laidi lembra uma antiga reunião. “Um dia a gente veio aqui na Nely e ela falou: ‘Hoje vocês vão sair daqui só 2h da manhã. Aí ficamos, esperando e quanto deu 2h fomos embora”, ri.
O companheirismo das meninas e os encontros animados ficaram conhecidos por outras pessoas. Por isso, às vezes, uma conhecida de alguém quer participar. Contudo, conforme Laidi, só o grupo original permanece unido. “Quem ouve falar da gente diz: ‘Ai deve ser legal’ e querem entrar. Aí entra, vem uma vez e não vem mais. Então, é a gente”, enfatiza.
Apesar dos homens não serem permitidos, a única exceção é concedida para Rafael Guimarães, de 19 anos. Filho da Luciene, ele frequenta as reuniões desde pequeno e cresceu junto com as amigas da mãe. Outra pessoa que desde criança participa dos encontros é a filha de Laidi, a Maria Eduarda.
Contudo, Rafael não tem descanso e desempenha uma função primordial nos encontros. É ele quem canta o bingo para as mulheres. Para deixar a brincadeira mais emocionante, elas fazem apostas com valor inicial de R$ 2. O início do jogo deixa a reunião mais divertida e, aos poucos, elas comemoram a cartela sendo preenchida.
Como as reuniões só tem hora para começar e nunca para acabar, precisei me despedir das meninas que dão um show de simpatia. No próximo mês, elas estarão reunidas mais uma vez para fazer o que há anos é sinônimo de alegria.
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