José tenta viver com paletes, depois que infarto o tirou do Camelódromo
Aos 56 anos, ele cria sozinho os móveis na oficina improvisada enquanto tenta se aposentar
José Cardoso de Sá começou a trabalhar na infância como vendedor de picolé. A função seria a primeira de muitas na vida do homem, de 56 anos, que sozinho criou as quatro filhas. No dia 12 de junho, ele sofreu um infarto agudo e, sem conseguir o direito da aposentadoria, está vendendo bancos para pagar as contas.
Em frente a casa onde vive, no Bairro Jardim Centro Oeste, José produz os móveis de palete com as ferramentas que pode comprar. Na oficina improvisada, ele cria bancos, cadeiras e mesas de palete, mas aceita encomendas de outros modelos. José relata o motivo pelo qual tenta produzir outros itens. “No momento, a gente faz de tudo para não faltar o pão de cada dia. Sempre foi tudo por tudo”, afirma.
Antes de trabalhar exclusivamente com a produção dos móveis, José atuou 16 anos na manutenção do Camelódromo de Campo Grande. Ele relata alguns dos demais trabalhos que desempenhou. “Na Prefeitura trabalhei 12 anos, na capinação e varrição. Em 14 anos fui segurança de feira, foi uma coisa particular minha e sem registro. É porque eu estava precisando”, comenta.
Enquanto mencionava os antigos empregos, José expôs problemas de saúde que tem, sendo que alguns não apresentam diagnóstico definitivo. Há dois anos, quando arrumava o telhado de uma mulher, ele afirma ter caído e sofrido um acidente. “Eu tenho os dois fêmures quebrados e a bacia rachada”, diz.
Após o problema cardíaco, ele passou por exames e aguarda o resultado. Edlaine Tolentino, de 26 anos, fala que os médicos desconfiam que o pai dela esteja com uma doença. “Ele tá com suspeita de tuberculose, mas tem mais exames para fazer”, explica. Nos dois pés, o homem também revela sentir dor, porém não sabe o motivo. “Os médicos ainda não descobriram. Agora tá melhor, mas tão esperando o resultado”, esclarece a filha.
Devido às complicações na saúde, a família iniciou o processo para que José seja aposentado. No momento, conforme Edlaine, o pai aguarda receber o benefício. “A gente já entrou com uma ação e nada foi feito ainda. Um advogado falou pra mim que demora de um a dois anos. A gente tá esperando uma resposta, porque ele não tem renda nenhuma de Bolsa Família ou Auxílio Emergencial", afirma.
Sem passar pela avaliação da perícia médica, José segue produzindo os bancos. Contudo, segundo ele, a atividade é motivo de dores e desconfortos. “Para poder trabalhar tenho que escorar e ajoelhar. Meu joelho é tudo calejado de tanto agachar, porque tenho que fazer o serviço. Sempre me dá uma dor na coluna”, declara.
Os bancos feitos por ele passam pelo processo de envernização e têm valores a partir de R$ 150. O preço varia de acordo com o modelo, por exemplo, o banco com o apoio lateral custa R$ 200. Em casa, José tem modelos a pronta entrega, mas é necessário que o interessado faça a retirada.
Como as ferramentas são precárias, ele diz que a produção é limitada. “Ultimamente ando precisando de maquinário. Por dia, se pegar bem firme mesmo a gente faz dois. No outro dia envernizo e faço outra pintura que a pessoa queira”, conclui.
Quem quiser comprar os bancos, pode entrar em contato com a filha de José. O número da Edlaine é (67) 98182-3808.
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