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Comportamento

José tenta viver com paletes, depois que infarto o tirou do Camelódromo

Aos 56 anos, ele cria sozinho os móveis na oficina improvisada enquanto tenta se aposentar

Jéssica Fernandes | 26/07/2022 06:34
Em frente de casa, José produz os móveis de palete. (Foto: Kísie Ainoã)
Em frente de casa, José produz os móveis de palete. (Foto: Kísie Ainoã)

José Cardoso de Sá começou a trabalhar na infância como vendedor de picolé. A função seria a primeira de muitas na vida do homem, de 56  anos, que sozinho criou as quatro filhas. No dia 12 de junho, ele sofreu um infarto agudo e, sem conseguir o direito da aposentadoria, está vendendo bancos para pagar as contas.

Em frente a casa onde vive, no Bairro Jardim Centro Oeste, José produz os móveis de palete com as ferramentas que pode comprar. Na oficina improvisada, ele cria bancos, cadeiras e mesas de palete, mas aceita encomendas de outros modelos. José relata o motivo pelo qual tenta produzir outros itens. “No momento, a gente faz de tudo para não faltar o pão de cada dia. Sempre foi tudo por tudo”, afirma.

Antes de trabalhar exclusivamente com a produção dos móveis, José atuou 16 anos na manutenção do Camelódromo de Campo Grande. Ele relata alguns dos demais trabalhos que desempenhou. “Na Prefeitura trabalhei 12 anos, na capinação e varrição. Em 14 anos fui segurança de feira, foi uma coisa particular minha e sem registro. É porque eu estava precisando”, comenta.

José explica que sofre de problemas de saúde, como dor nas costas. (Foto: Kísie Ainoã)
José explica que sofre de problemas de saúde, como dor nas costas. (Foto: Kísie Ainoã)

Enquanto mencionava os antigos empregos, José expôs problemas de saúde que tem, sendo que alguns não apresentam diagnóstico definitivo. Há dois anos, quando arrumava o telhado de uma mulher, ele afirma ter caído e sofrido um acidente. “Eu tenho os dois fêmures quebrados e a bacia rachada”, diz.

Após o problema cardíaco, ele passou por exames e aguarda o resultado. Edlaine Tolentino, de 26 anos, fala que os médicos desconfiam que o pai dela esteja com uma doença. “Ele tá com suspeita de tuberculose, mas tem mais exames para fazer”, explica. Nos dois pés, o homem também revela sentir dor, porém não sabe o motivo. “Os médicos ainda não descobriram. Agora tá melhor, mas tão esperando o resultado”, esclarece a filha.

Devido às complicações na saúde, a família iniciou o processo para que José seja aposentado. No momento, conforme Edlaine, o pai aguarda receber o benefício. “A gente já entrou com uma ação e nada foi feito ainda. Um advogado falou pra mim que demora de um a dois anos. A gente tá esperando uma resposta, porque ele não tem renda nenhuma de Bolsa Família ou Auxílio Emergencial", afirma.

De diversos modelos, bancos têm valores a partir de R$ 150. (Foto: Kísie Ainoã)
De diversos modelos, bancos têm valores a partir de R$ 150. (Foto: Kísie Ainoã)

Sem passar pela avaliação da perícia médica, José segue produzindo os bancos. Contudo, segundo ele, a atividade é motivo de dores e desconfortos. “Para poder trabalhar tenho que escorar e ajoelhar. Meu joelho é tudo calejado de tanto agachar, porque tenho que fazer o serviço. Sempre me dá uma dor na coluna”, declara.

Os bancos feitos por ele passam pelo processo de envernização e têm valores a partir de R$ 150. O preço varia de acordo com o modelo, por exemplo, o banco com o apoio lateral custa R$ 200. Em casa, José tem modelos a pronta entrega, mas é necessário que o interessado faça a retirada.

Como as ferramentas são precárias, ele diz que a produção é limitada. “Ultimamente ando precisando de maquinário. Por dia, se pegar bem firme mesmo a gente faz dois. No outro dia envernizo e faço outra pintura que a pessoa queira”, conclui.

Quem quiser comprar os bancos, pode entrar em contato com a filha de José. O número da Edlaine é (67) 98182-3808.

Ainda sem diagnóstico, José apresenta inchaço nos pés. (Foto: Kísie Ainoã)
Ainda sem diagnóstico, José apresenta inchaço nos pés. (Foto: Kísie Ainoã)
Homem dispõe de ferramentas precárias para trabalhar. (Foto: Kísie Ainoã)
Homem dispõe de ferramentas precárias para trabalhar. (Foto: Kísie Ainoã)

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