Motorhome 'Brutão' trouxe liberdade para quem vivia só para o trabalho

É comum os pais vivenciarem o momento onde o filho sai de casa para conquistar a independência e viver de forma diferente. Para Marta Maria Dutra, de 45 anos, e Anderson de Paulo Chaves, de 44 anos, a situação foi ao contrário. Após uma vida regrada pela rotina e trabalho, os campo-grandenses deixaram o casal de filhos, saíram de casa e foram morar no ônibus motorhome.

Há três anos, eles disseram adeus para a ‘casa de tijolos’ e passaram a viver no veículo de 13 metros, que comporta tudo que é necessário para viajarem com conforto. Marta comenta que a ideia partiu do marido de forma repentina. “Quando ele falou para fazermos o motorhome não era sonho nenhum, mas foi um projeto de Deus. Nós mesmos que construímos”, conta.

Durante nove meses, os dois focaram na adaptação do ônibus que foi batizado de ‘Brutão’. "Meu marido não dormia, ele trabalhava dia e noite na construção", diz ela. Depois de ficar pronto, Brutão começou a rodar o país e o interior do Estado. Assim, o transporte virou também o parceiro das viagens que são motivo de satisfação e alegria para o casal.

A princípio, conforme Marta, a família achou a mudança uma loucura. “Falaram: ‘Esses dois são loucos’. Tem gente que chama a gente de cigano, doido, onde passamos falam: 'Nossa, é um circo”, comenta. Contudo, Marta garante que os comentários não os desmotivam. “Eles não veem que a melhor coisa é a cultura, é você sair e conhecer. Para mim é maravilhoso”, afirma.

Para quem hoje está mais que adaptada à nova vida e rotina, ela não esconde que o começo foi complicado. “Foi um ano e pouco, mas hoje eu já me adaptei”, frisa. Ao visitar a filha, de 18 anos, e o filho, de 22 anos, que estão na casa, Marta diz que sente falta do motorhome. “Eu ficava dois, três dias na casa de tijolo e falava para o meu marido: ‘Não quero ficar aqui, vamos viajar’. Não queria e nem quero mais ficar dentro de casa”, ressalta.

Longe da monotonia, ela relata que se transformou em outra pessoa nos últimos três anos. “Eu me sinto mais em paz, tranquila e realizada em todos os sentidos. É uma vida tão simples que a gente leva e não precisamos de muito. É uma liberdade”, destaca.

Com hora só para pegar a estrada e nunca para voltar dela, o casal não se prende a itinerários ou roteiros regrados. “A gente fazia planos, mas imprevistos acontecem. Então, hoje falamos: ‘Vamo? Vamo”, declara Marta.

Já Anderson fala que somente nos três últimos anos entendeu o propósito de estar vivo. "Agora que descobri o verdadeiro significado da vidade. Até então minha vida foi dedicada ao trabalho sem ter lazer. Agora nos pequenos detalhes estamos encontrando a paz interior que a gente não tinha", conclui.

No momento, o casal está fazendo os preparativos para a primeira viagem internacional do Brutão. Em breve, eles devem iniciar a viagem que terá como primeiro destino a Argentina.

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