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Comportamento

Motorista que entregou “maníaco” à PM já viu a filha sofrer com “tarado”

Ônibus seguia para terminal Aero Rancho, quando homem mostrou pênis para uma passageira

Ângela Kempfer | 15/11/2022 07:10
Motorista pediu para não ser identificado. (Foto: Alex Machado)
Motorista pediu para não ser identificado. (Foto: Alex Machado)

Com duas filhas jovens, o motorista que passou a maior parte da vida no transporte coletivo viu uma das passageiras enfrentar algo que pai nenhum aceitaria quieto. Quando, no último dia 12, ouviu uma mulher de 21 anos transtornada depois de abuso dentro do ônibus, ele “tocou” direto para a delegacia.

Mesmo com o abusador preso, o trabalhador de 49 anos pede para ter o nome preservado, por medo de dar de cara novamente com o homem. Mas diz que fez o que todo mundo teria de fazer quando visse uma mulher sofrer qualquer tipo de violência. No caso da passageira, um homem abriu as calças e mostrou o pênis para a jovem durante percurso da linha 080.

O motorista também não quer título de “herói”, como muitos postaram, após lerem a notícia nas redes sociais do Campo Grande News, inclusive, uma mulher escreveu garantindo já ter passado pela mesma situação e ter sido ignorada por outro motorista.

“Não fui herói, fiz o que foi certo. Tem horas que tem de puxar a responsabilidade para você. Ela me procurou, eu perguntei se ela tinha certeza, ela respondeu que sim e eu já avisei os passageiros que não iria parar até encontrar auxilio da Guarda Municipal ou da polícia. Uns chiaram, mas depois todo mundo colaborou”, conta.

Enquanto os homens que estavam no coletivo seguravam o suspeito, o motorista percorreu 2 quilômetros até o terminal Aero Rancho, mas como viu que não havia ninguém da segurança ali, nem parou.

De costas, ele conta que fez só o que qualquer um teria de ter feito. (Foto: Alex Machado)
De costas, ele conta que fez só o que qualquer um teria de ter feito. (Foto: Alex Machado)

“Eu ia tocar direto para a delegacia, mas aí uma passageira lembrou que tinha um pelotão da Polícia Militar perto e fui até lá. Não parei mais para ninguém descer e pedi que não espancassem o rapaz, porque cada um faz o seu trabalho e o da polícia é investigar”, lembra.

Ele diz que não se vê como machista e classifica o homem preso de “maníaco”. “Nada justifica qualquer coisa desse tipo contra uma mulher, porque tem gente que justifica até pelo tipo de roupa. No caso da menina, nem o corpo ela estava mostrando”.

Ele não vê uma saída para esse tipo de problema a não ser todo mundo se solidarizar quando assistir algo parecido e o autor ter punição rígida. "A gente não consegue ver pela cara do passageiro se ele é bom ou ruim”.

O motorista diz que já foi assaltado por homem armado, durante trecho na Coopharadio, mas depois do sistema de cartões ser implantado, “nunca mais aconteceu”.

Assédio ou abuso dentro do ônibus foi a primeira vez, mas ele diz ouvir relatos constantes de colegas sobre esse tipo de crime e já sentiu na pele a dor de um pai quando a vítima é a filha.

“Minha filha anda de moto. Um dia, parou no semáforo e quando olhou pro lado, o homem dentro de um carro tirou o pênis para fora. Ela chegou desesperada em casa. É algo até difícil de acreditar que alguém é tão louco”, diz.

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