Na "arte" dos nossos avós, contação de histórias vira profissão de Josi
Com talento natural, ela agora inspira outros a também serem bons contadores em um curso on-line e gratuito marcado para março
Contar histórias. Escritas, lidas, ouvidas e faladas. Um hábito milenar que, nos dias de hoje, parece uma forma de "arte" distante da gente, que mais relembra os tempos dos nossos avós. Porém, para a bibliotecária Josiane de Oliveira de 46 anos, uma atividade apaixonante que se transformou em profissão.
Na velhice, os passos são lentos porque carrega uma criança, um jovem e um adulto na própria história..."
"Contar histórias é reviver memórias, lembranças, cheiros, sabores, vivências. Ouvi-las também, e isso transforma! Muda a forma de ver as coisas, as pessoas, a vida. Criamos imagens, refletimos, sonhamos", considera. Será que o Lado B, assim como ela, tem esse hábito como prática? Esperamos que sim.
Desde que era menina, Josi sempre se interessou pela arte das palavras. "Quando aprendi a ler, lembro uma vez a professora levou uma caixa cheia de livros e eu escolhi o maior. Queria que a história não acabasse nunca!".
Quando adolescente, seu refúgio era a biblioteca – até que virou carreira. Acabou por entrar no curso de biblioteconomia da UFPR (Universidade Federal do Paraná) e, assim que formada e na chance do primeiro emprego, se vestiu na função social de contadora de histórias.
"Mas meu primeiro curso na atividade só foi anos mais tarde. Os anos passaram e em 2017 fiz outro. A coragem de abrir a boca e revelar palavras foi maior que o medo de contá-las. Passei a dar voz às lidas e sentidas, e pude testemunhar o brilho nos outros dos outros a cada história", ressalta.
Com a pandemia da covid-19, Josi perdeu o emprego. Então as pessoas a incentivavam: "você tem que investir nesse tipo de trabalho, você é ótima!" e ela acreditou. "Passei a estudar ainda mais, criei um canal no YouTube e comecei a postar vídeos. Aprendi ao mesmo tempo que fazia. Hoje sinto que estou de fato lapidada", opina.
Arte dos nossos avós – "Nós somos a história viva dos nossos antepassados. Com a idade, ficamos mais saudosos, lembramos das coisas com mais simplicidade, calmaria, amor... por isso que é tão delicioso sentar ao lado de um senhorzinho ou uma senhorinha e ouvir. São histórias contadas em candura, pela experiência, coragem e alegria vivenciadas", explica.
Mas o que é preciso para ser mestre na hora da contação? "Primeiro é preciso encontrar o seu 'eu' de contador, receber a história para poder, então, compartilhá-la ao mundo. Não é preciso ser ator. Não é preciso encenar ou atuar. Mas há sim uma linha tênue entre as duas coisas. A dica de ouro, para mim, é saber a resposta para a pergunta: 'por que eu quero contar esta história?'. Afinal, o que a história vai despertar no outro? Tem que pensar na estrutura da narração e respeitá-la. Porém, uma mesma história fica diferente na boca de vários contadores. A beleza está na imaginação, no tom da voz, nos silêncios e pausas... é isto que faz uma história ficar especial", esclarece.
Formação gratuita – Em dez mini oficinas on-line cada uma com 10 horas/aula, o curso "Formando Contadores de Histórias" acontece de março a abril e promove a introdução para essa arte milenar. São três instrutores, incluindo Josiane, que promoverão gratuitamente desde a contação, passando pela atuação até preparação vocal. Na ocasião, serão emitidos certificados aos participantes.
"Qualquer pessoa maior de 16 anos, que tenha acesso a internet, se inscreveu em algum dos cursos e instalou o aplicativo Zoom no celular, tablet ou computador, pode participar. E lógico, aqueles que se interessam em aprender um pouquinho sobre esta linda arte", conta Josi.
As inscrições podem ser realizadas até o dia anterior de cada oficina pelo site oficial com a programação completa. Agende-se: do dia 1º de março até 21 de abril.
Curta o Lado B no Facebook e no Instagram. Tem uma pauta bacana para sugerir? Mande pelas redes sociais, e-mail: ladob@news.com.br ou no Direto das Ruas através do WhatsApp do Campo Grande News (67) 99669-9563.