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Comportamento

Na Capital da Diversidade, culinária, idioma e dança se conectam

Em diversos locais é possível encontrar estrangeiros dispostos a ensinar um pouco da cultura deles

Por Idaicy Solano | 26/08/2024 08:24
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Grampolla ensina danças regionais do Estado e do Paraguia na Colônia Paraguaia de Campo Grande (Foto: Arquivo Pessoal)
Grampolla ensina danças regionais do Estado e do Paraguia na Colônia Paraguaia de Campo Grande (Foto: Arquivo Pessoal)

Na Capital da Diversidade, o que não falta é estrangeiro disposto a ensinar um pouco de sua cultura para os campo-grandenses. Seja pela culinária, dança, música e até mesmo o idioma, a cultura é o elo que nos une e conecta. Nesta segunda-feira (26), data em que comemoramos os 125 anos da Capital Morena, celebramos também a diversidade cultural presente na cidade.

Conectados pela dança 

A professora Grampolla Zaratin, de 49 anos, ensina danças regionais de Mato Grosso do Sul e do Paraguai na Colônia Paraguaia de Campo Grande, incluindo vaneira, chamamé, rancheira, manchinha, xote, bolero sertanejo, forró, polca paraguaia, katchaka e os sarandeios.

Grampolla veio para Campo Grande com os pais, há 33 anos e relata que as maiores diferenças que encontrou foi a linguagem, comida, vestes e, principalmente, na dança. Hoje, ela se dedica a ensinar para todas as gerações e manter viva a tradição.

“A dança para mim e para a maioria das pessoas que procura, significa saúde, ajuda na ansiedade, depressão, bem-estar, casamento, família, alegria e muitas outras coisas”, declara.

Quem tiver interesse em aprender, basta fazer a inscrição diretamente na Colônia Paraguaia de Campo Grande, localizada na Rua Ana Luísa de Souza, nº 654, no Bairro Universitário. O custo é de R$ 80 por mês.

Conectados pela língua 

O professor Loïc Lecteur é francês e chegou a Campo Grande em março de 2023. Ele veio para a Capital Morena por meio de um intercâmbio, para lecionar na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Ele atua na Universidade como professor assistente de francês, e ensina a língua tanto para a comunidade interna quanto para a externa.

O trabalho dele é veiculado à Serin (Secretaria de Relações Internacionais) da UFMS, que em parceria com a embaixada francesa no Brasil, traz professores nativos para lecionar. Loïc ensina seu idioma para os estudantes e aos funcionários da UFMS, para os estudantes que vão estudar nos países francófonos e também leciona aulas de francês instrumental.

Para Loïc, de ‘chata’ Campo Grande não tem nada, e o francês relata que observou que, pela cidade ser menos internacionalizada que São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, a diversidade de eventos culturais regionais é maior. Na opinião do professor, a cidade também tem muitas oportunidades. Já na questão da receptividade, a Capital Morena ganha do Norte da Europa.

“Eu acho que os campo-grandenses são mais fechados que a maioria do resto do Brasil, porém, eu acho que ainda são mais abertos que a maioria dos europeus. Para mim, Campo Grande está no meio caminho entre a Europa e outros países da América Latina, onde as pessoas são mais abertas, mais extrovertidas. Eu acho que Campo Grande é uma mistura entre os dois”, opina.

Conectados pela culinária 

A salgadeira Dione Zurita Cruz Bustamante, de 61 anos, é a responsável por comercializar saltenhas quentinhas que carregam um gostinho da Bolívia em Campo Grande.

Ela faz saltenhas há 20 anos e conta que aprendeu a receita do salgado com uma amiga boliviana e foi aprimorando com o conhecimento de parentes e outros nativos do país, que fizeram questão de ensiná-la.

“Chegavam os bolivianos e falavam pra mim ‘essa saltenha tá faltando isso’, aí eu ia complementando. Quando eu ia passear lá na Bolívia, meus parentes me indicavam mais coisas pra colocar e fui melhorando cada vez mais, e hoje, graças a Deus, está um sucesso. Eu sempre, cada vez mais, procuro melhorar”, relata Dione.

Nascida na Capital Morena, ela é filha de pais bolivianos, que vieram para Mato Grosso do Sul em 1954. Por aqui, ela conheceu o esposo, que é imigrante boliviano, e teve dois filhos. Ela relata orgulhosa que, com a venda das saltenhas, conseguiu formar o filho na faculdade de Engenharia Elétrica pela UFMS, e a filha está se formando em Medicina, em uma universidade na Bolívia.

“Eu sou muito grata por Campo Grande, e por ter nascido aqui. Eu gosto daqui e nunca saí, vou à Bolívia só para passear”, acrescenta.

Sobre as saltenhas, Dione destaca que é um salgado bem trabalhoso e delicado de se fazer, e ressalta que em Campo Grande bastante gente faz como uma massa de pão, mas na realidade, a massa do salgado não vai fermento, e se assemelha à massa de empada.

Dione faz saltenhas há 20 anos, e comercializa o salgado em feiras de Campo Grande (Foto: Arquivo Pessoal)
Dione faz saltenhas há 20 anos, e comercializa o salgado em feiras de Campo Grande (Foto: Arquivo Pessoal)

Confira a receita 

Ingredientes

  • Batatas
  • Frango
  • Ervilha
  • Farinha
  • Ovos
  • Óleo de urucum
  • Temperos a gosto

Modo de preparo

Caldo da saltenha

  • Dione começa descascando e cortando as batatas em quadradinhos, para cozinhar com sal e cebola
  • O caldo é feito deixando a pimenta cozinhar em água fervente, temperada com alho, cebola, sal, cominho, pimenta e colorau
  • Após a pimenta cozinhar bem, o próximo passo é adicionar no caldo peito de frango cozido e desfiado, junto com as batatas e ervilhas

Massa

  • A massa é feita a base de farinha, ovo, sal, açúcar e água, para ajudar a dar consistência
  • É adicionado óleo de urucum para tingir a massa
  • Após tingir a massa, basta abrir a massa em bolinhas, igual esfirra, deixar crescer e por fim abrir e rechear
  • O último passo é assar e servir o salgado
Dione faz salgado quentinho e gosto da Bolívia (Foto: Arquivo Pessoal)
Dione faz salgado quentinho e gosto da Bolívia (Foto: Arquivo Pessoal)

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