Na noite, Nara é a mulher que se transforma em Rana como drag queen feminista
Com produção belíssima, maquiadora resolveu fortalecer a cena drag na cidade e representar as mulheres nessa arte.
Rana Foratto, de 28 anos, é uma drag queen mulher que se monta e faz performance na noite campo-grandense há um ano e meio. Hoje, parte do guarda-roupa dá lugar às perucas, vestidos glamourosos, salto alto e muita maquiagem para produções nada convencionais.
Muita gente ainda olha torto, “especialmente os homens, são os que mais questionam o porquê me monto dessa forma”, conta a maquiadora Nara Foratto, que interpreta Rana.
A caracterização começou numa brincadeira entre amigos, mas fez tanto sucesso dentro e fora de casa que virou luta significativa na vida de Nara. “Eu sempre achei incrível a arte drag, aprendi muito com a Andromeda e com outros amigos sobre toda essência. Desde então, não consegui parar”.
A primeira montagem foi “impactante”, descreve. “Montei-me para um aniversário e amei. Foi então que resolvi começar do zero”.
Maquiagem para Nara nunca foi um desafio, há 10 anos ela é maquiadora profissional, mas no dia a dia o sombreamento, delineado ou combinação de cores simples passam longe da verdadeira obra de arte que o rosto de uma drag queen se transforma.
Mas para conquistar esse resultado, Nara aprendeu passar, no mínimo, três horas e meia na frente do espelho se maquiando. “Primeiro peguei boas dicas com os amigos que já se montavam. Em seguida fui evoluindo e aprendi a fazer desenhos e características só minhas”.
O que muda, principalmente, são as cores e a liberdade na hora da criação. “Não existe uma regra e nem simetria padrão. Particularmente, sou metódica com a maquiagem, gosto que cada lado do rosto fique certinho, mas a melhor parte é usar a cor que eu bem entender”.
Nara ganhou apoio da família, dos amigos e do namorado. Depois de se maquiar a primeira vez e encarar diversos looks diferentes, o segundo passo foi subir no palco e fazer a primeira atuação como drag.
Foi nesse momento que ser drag tornou-se algo maior. Além de se divertir, a drag Rana surgiu para fortalecer a cena, principalmente, com a participação das mulheres. “É muito difícil encontrar o público feminino fazendo performance. Muita gente acredita que só existe homem”.
Além de levantar a bandeira pelas mulheres, Nara fez nascer no palco uma drag feminista que se desempenha ao som de rap e traz para a balada letras que tratam com respeito o universo feminino. “Eu tenho focado nessa missão. Dei preferência sempre às músicas que tem uma letra que fale do feminismo e minha drag sempre vai ter a voz de uma mulher e vai militar dentro do feminismo”.