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Comportamento

No Dia Mundial da Prematuridade, um abraço forte às mães de UTI

Jéssica Benitez | 17/11/2022 07:01

Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Você olha pela janela e vê o mundo girando normalmente. Calor de fim de tarde, crianças saindo da escola, carros trafegando apressados, pessoas no ponto de ônibus, trabalhadores querendo chegar logo em casa para finalizar mais uma jornada diária. Mais um dia normal no cotidiano lá fora e você ali com o coração em pedaços pensando em como queria estar imersa à realidade do dia a dia, com seu bebê nos braços, coque no cabelo, pijama no corpo e a sensação de que as horas voam e se arrastam ao mesmo tempo, no saudoso caos de casa.

Mas, não, as paredes pálidas do hospital são sua morada nos últimos tempos e ainda não há data para o fim desta espinhosa hospedagem. O que se sabe é que o corpo está em frangalhos, mas a capa por fora é de fortaleza, afinal seu filho precisa de você. Pelo quarto passam enfermeiras, médicas, fisioterapeutas. Mexem com seu pequeno, brincam, porém no fim sempre vem uma picada, uma aspirada, um incômodo. E você ali de plateia, sem poder fazer nada.

Hora de pôr soro e o acesso se perde. Para achar outra veia naquele bracinho frágil vem uma, duas, três profissionais da saúde. Furam os braços, as mãos, os pés e nada de dar certo. Seu filho chora e você só pode deixar as lágrimas escorrerem junto as dele. Ele te fita com aqueles olhinhos vermelhos pedindo ajuda e seu coração fica tão pequeno que quase some.

Não há o que se fazer, só pensar no futuro próximo em que irão para casa e nunca mais passar por isso. O esforço para se transportar para os momentos bons é grande e ter fé às vezes é mais difícil do que achar veia no seu filho, a esperança escapa a cada visita que o médico faz e não menciona a alta.

A cabeça entra em parafuso quando a equipe conversa entre si e te deixa de fora. Tudo é uma grande incerteza. 'É assim mesmo, mãezinha', diz um médico. 'O processo é longo', explica outro, mas seu coração não quer saber do meio, só quer saber do fim. De quando tudo vai voltar ao normal.

Um pediatra me disse que "a medicina não é ciência exata, não tem receita de bolo". E a gente aprende isso na marra quando vê o tratamento que deu certo para um, não fazer efeito para outro... Não é fácil. A lição que fica é mais um dos muitos clichês que a maternidade nos enfia goela abaixo diariamente: mais vale um filho dando "trabalho" em casa do que quietinho em um leito de hospital.

Jéssica Benitez é jornalista, mãe do Caetano e da Maria Cecília e aspirante a escritora no @eeunemqueriasermae

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