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Comportamento

Nome do pai em escola que trabalha rende história feliz à professora

Quando alunos descobrem acham até que ela quem é dona

Bárbara Cavalcanti | 16/07/2021 07:55
Professora Inaiá Rosa de Oliveira trabalha na escola que leva o nome do pai dela. (Foto: Paulo Francis)
Professora Inaiá Rosa de Oliveira trabalha na escola que leva o nome do pai dela. (Foto: Paulo Francis)

A professora Inaiá Rosa de Oliveira, de 39 anos, trabalha na Escola Municipal Vanderlei Rosa de Oliveira. E os sobrenomes iguais não são coincidência, pois Vanderlei é pai de Inaiá. “Quando os alunos ficam sabendo, eles acham que eu sou dona da escola”, ri Inaiá.

A professora revela que na verdade, teve pouco contato com o pai, que faleceu quando ela tinha oito anos de idade. “Infelizmente não cheguei de ter tanto contato com o trabalho dele, então a influência foi pouca. Mas minha mãe diz que eu herdei essa paixão dele”, comenta.

Inaiá ainda bebê com o pai, professor Vanderlei. (Foto: Arquivo Pessoal)
Inaiá ainda bebê com o pai, professor Vanderlei. (Foto: Arquivo Pessoal)

A inauguração da escola foi na década de 90, mas a família mesmo acabou não participando. “Naquela época o contato era difícil, e a gente também morava muito longe da escola. Então a gente só sabia que tinha uma escola com o nome dele e só isso mesmo. E eu também era adolescente, nessa idade a gente nem se liga tanto nessas coisas”, detalha a professora.

Com o passar do tempo, Inaiá ingressou na faculdade de Direito e depois, como segunda graduação, na área de pedagogia. Ela já era casada na época e se mudou para um bairro bem próximo à escola.

Outro raro registro de Inaiá com o pai, enquanto ele estava ainda em vida. (Foto: Arquivo Pessoal)
Outro raro registro de Inaiá com o pai, enquanto ele estava ainda em vida. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Achei uma coincidência muito grande, pois eu mesma nem sabia exatamente a localização da escola. Mas quando eu cheguei, não falei nada, pois eu não queria ir na bagagem do meu pai. Eu queria ser eu mesma”, reforça.

Só no final do estagiário que a diretora da época que assinou os papéis de Inaiá quem percebeu os sobrenomes iguais e Inaiá mencionou o parentesco.

Em 2016, Inaiá retornou à escola, mas desta vez como professora formada. E a reação dos alunos quando descobrem o parentesco são as mais divertidas.

“Eles acham que eu sou a dona da escola, ou que eu quem tinha que ser a diretora. Também acham que, já que o homem que dá nome à escola é meu pai, a diretora é minha mãe. É muito engraçado ouvir os comentários deles”, ri.

Inaiá com a placa com o nome do pai dela na escola. (Foto: Paulo Francis)
Inaiá com a placa com o nome do pai dela na escola. (Foto: Paulo Francis)

E para a mãe “verdadeira” de Inaiá, saber que a filha, não apenas seguiu os passos do pai, como também trabalha na escola em que leva o nome dele, o sentimento é de orgulho.

“Minha mãe também atuou na educação por um tempo, mas parou para se dedicar à criação dos filhos. Ela diz se sentir muito orgulhosa, tem muita satisfação em me ver na escola que leva o nome dele”, comenta.

A diretora Lucilene Fernandes de Oliveira, de 48 anos e que atua na escola há 20, foi quem se dedicou a registrar a biografia do professor Vanderlei.

“A biografia dele era apenas um pequeno registro, então eu fiz questão de pesquisar mais e elaborar melhor esse legado dele. Ainda com a ajuda de Inaiá e da família, agora que temos esse contato, conseguimos também fotos dele, que não tinham nos arquivos, por exemplo”, detalha.

Para o aniversário de 20 anos da Escola Vanderlei Rosa de Oliveira, a diretora organizou uma homenagem com a presença de vários familiares também.

“Foi muito emocionante. Além disso, é perceptível também ver a mudança da própria Inaiá. Antes ela se refreava um pouco de falar no pai dela, afinal ela conhecia pouco. Mas agora ela ouviu muitos relatos, de colegas, amigos dele, e tem uma imagem mais completa de como era o pai dela, quanto profissional”, ressalta.

Foto do professor Vanderlei que fica na escola. (Foto: Paulo Francis)
Foto do professor Vanderlei que fica na escola. (Foto: Paulo Francis)

O professor Vanderlei Rosa de Oliveira é natural do município de Camapuã, a aproximadamente 200 quilômetros de Campo Grande. Nasceu em 18 de abril de 1954 e faleceu em 1° de setembro de 1990.

Ele foi formado em administração pela antiga FUCMAT, atual UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), assim como em educação artística na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

Foi professor de educação artística em várias escolas estaduais e municipais. Ele participava ativamente nas áreas de dança e teatro na Rede Municipal de Ensino. Em 1986 e 1987 foi presidente da ACP (Sindicado Campo-Grandense dos Profissionais da Educação). A inauguração da escola aconteceu em 2 de outubro de 1998.

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