O que Campo Grande ainda tem da série Stranger Things, sucesso da Netflix
Quer conquistar um adulto que nasceu no final da década de 70 e início dos anos 80? Acrescente o bom e velho rock’n’roll de David Bowie, misture com uma nave Millenium Falcon de Star Wars, acrescente uma jaqueta estilosa com pele e para finalizar, um monstro estranho e sobrenatural que atormenta uma cidade do interior dos Estados Unidos e principalmente, um grupo de crianças com suas bicicletas. Temos a fórmula perfeita de StrangerThings, nova série do Netflix que caiu nas graças do público e está deixando todos os apaixonados por cinema encantados com seus episódios cheios de suspense.
Para provar que os anos 80 e 90 estão mais vivos do que nunca, o Lado B foi atrás de tudo que torna Stranger Things tão atual. Além de claramente homenagear Steven Spielberg e Stephen King e os clássicos que eles fizeram no passado, como “E.T” e “Conta Comigo”, a série tem uma trilha sonora impecável, bem voltada para o rock da época.
Em uma das cenas que isso fica mais claro, um dos personagens apresenta para o irmão o caráter salvador do rock. Uma forma de esquecer o pai problemático e ausente. A vitrola, fita cassete e os discos aparecem em destaque. Na moda há muito tempo é possível decorar e inclusive consumir produções que são lançadas novamente nesse formato.
A arquiteta Paula Magalhães afirma que uma decoração inspirada nos anos 80, que busca a pegada retrô está cada vez mais presente.
“Papeis de parede vintage é o que está usando demais. É uma casa estilo casa de avó, com peças de antiquário, como o telefone que aparece na série. Eu fui a um antiquário em São Paulo, daquela feirinha de antiguidades, tinha um telefone desses para cada cor e tipo de gente que queria. Tem um amigo meu que colocou um orelhão aonde seria o interfone dele. Aqueles de ficha, antigo mesmo”, afirma Paula.
Em Campo Grande, a arquiteta indica as lojas Arco da Velha e Oca, que vendem antiguidades. “Já comprei um telefone assim lá”, descreve. Outro ponto interessante são as luminárias. Na série, elas têm um papel importante e determinam muitas questões, enquanto na vida real, elas podem dar um charme especial para a decoração. Qualquer criança que cresceu nos anos 80 conhece esse tipo de luminária, serve até as meio amareladas.
Na moda, a série acerta em muitos pontos como analisa o estilista e consultor de moda Marcio Massad. “São todas usáveis e contemporâneas. Então tudo isso são peças que saíram recentes de desfiles lá fora e chegou no Brasil. A malha está muito em alta e a pele veio e ficou. Animal print continua em alta, assim como o couro ecológico”, explica.
A jaqueta da personagem Nancy, com couro e pele de carneiro é um item básico no guarda-roupa de inverno. Em Campo Grande, onde o frio e o calor andam de mãos dadas, o suéter é uma boa opção, principalmente em tons pasteis e bege, uma tendência para 2016.
As listras também são uma aposta nos grandes desfiles de moda pelo mundo. Dolce & Gabbana mostra isso no vestido acima. A ideia é investir em vários tipos, da menina francesa ao marinheiro, mas sem perder o estilo retrô. Não há regras dessa vez, com variações na horizontal ou vertical, em look inteiro, mesclado com uma peça lisa, ou até com uma peça em outra estampa.
Para finalizar, porém, não menos importante, em todos os filmes dos anos 80 não pode faltar a velha e boa bicicleta. Resgatada na pegada sustentável ou disputada a unhas e dentes por colecionadores, as peças continuam fazendo sucesso e enchendo os olhos de crianças e adultos.
Nos Estados Unidos, os modelos que faziam sucesso eram as BMX, um modelo muito semelhante ao que aparece na série Stranger Things. O policial chega a falar que é impossível que uma criança abandone a bicicleta sem um motivo grave. Enquanto ela era o sonho de consumo de lá, aqui quem fazia sucesso era a Caloi Cross. Os modelos são semelhantes, talvez com diferenças nas cores.
Um colecionador do modelo em Campo Grande, Alex de Souza Ximenes, 23 anos, afirma que atualmente a Caloi Cross é rara. “Quem tinha essa bicicleta era ‘o cara’. Ela era ótima para manobras e o sonho de consumo de todo mundo. O modelo era colorido, não tinha outra que as crianças desejassem tanto”, explica.
Com quatro em casa, Alex diz que hoje é difícil encontrar peças e por isso a bicicleta custa em média R$ 2.500 a R$ 3.000 mil. “Dificilmente quem tem vai querer vender”, brinca. O apaixonado explica que era muito difícil que as bicicletas americanas fossem vendidas aqui e as brasileiras nos EUA, por isso cada País tinha a sua fabricante.