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Comportamento

Para filhos, amor de mãe está nos pequenos cuidados diários

Geralmente pensamos no amor materno como uma coisa grandiloquente, mas ele se manifesta pelos pequenos gestos e cuidados

Lucas Mamédio | 10/05/2020 07:45
Laiane, a pequena Livia e sua mãe Edileusa (Foto: Arquivo Pessoal)
Laiane, a pequena Livia e sua mãe Edileusa (Foto: Arquivo Pessoal)

Ser mãe é uma condição sobre a qual fica difícil falar se você não é. Ainda assim, me atrevo. Me atrevo pois sei o que é amor de mãe; não porque o manifesto, mas porque sinto. E é sobre isso que gostaria de falar, sobre como sentimos esse amor.

Geralmente pensamos no amor materno como uma coisa grandiloquente, épica, mega romantizada, e não deixa de ser assim muitas vezes. Acontece que no dia a dia, sabemos que o carinho chega de outra forma pra gente.

Tenho, cada vez mais, a convicção que o amor de mãe se manifesta pelos pequenos gestos, os pequenos cuidados do cotidiano, um cafuné repentino, uma passada de mão no rosto, uma ajeitada de gola, aí mora zelo natural e instintivo de uma mãe.

Lá em casa, por exemplo, a dona Elizabete Carminati, minha mãe, sem eu nunca ter pedido, deixa uma marmita com comida, frutas e castanhas no jeito pra eu levar no meu dia de trabalho. Gente, ela coloca castanhas e frutas secas separadas num saquinho. Não quero, pelo amor Deus, que ela pareça uma espécie de empregada, ela não é, é minha mãe, que trabalha, é independente, mas sente a necessidade de cuidar de mim do jeito que pode.

Não estou sozinho nessa, vou mostrar pra vocês. O exemplo do fisioterapeuta Renan Tramontina, de 27 anos, é muito didático. “Minha mãe é alguém que levanta mais cedo que eu sem necessidade, só pra deixar o café pronto. É alguém que aos sábados, faz aquela comida só pra me agradar. Quando vou sair e ela vê a roupa amassada, ela quer passar, só pra eu não sair amarrotado”.

Renan Tramontina e sua mãe, Celita (Foto: Arquivo Pessoal)
Renan Tramontina e sua mãe, Celita (Foto: Arquivo Pessoal)

Sobre palavras, Renan é objetivo. “Não somos uma família muito de dizer abertamente eu te amo, de abraçar, essas coisas, mas não me sinto menos amado por isso, sei onde está o amor da minha mãe”.

Três amigos jornalistas me falaram sobre suas respectivas relações com as mães e todos lembram de gestos particulares que definem a relação entre eles.

Francisco Júnior - só Chico pra nós - fala de como é chamado pela mãe. “Ela me chama ainda de bebê, pode ser infantil e bobo para algumas pessoas, mas é a maior demonstração de amor e carinho. O abraço e o cheiro da minha mãe é coisa mais gostosa e cheirosa do mundo”.

Ronie Cruz mora em Campo Grande há alguns anos, mas é natural de Ribas do Rio Pardo, interior de Mato Grosso do Sul. Sempre que visita a mãe na cidade houve uma mesma expressão ao vir embora. “Até hoje quando vou visitá-la num fim de semana ou feriado, ela pergunta quando vou voltar e se vou demorar. Dá pra ver o pedido de “não demora” no olhos dela”.

Laiane Paixão é mãe recente da pequena Lívia. Enquanto espera seu apartamento e do marido ficar pronto, vive na mesma casa da mãe, a dona Edileusa de Menezes. “Desde pequena, quando dormia no quarto com meu irmão, minha mãe, como trabalhava à noite, chegava ia direto no quarto pra nos olhar. Sempre achei que era pra nos vigiar, mas até hoje, eu com filha e marido, ela chega vai até nosso quarto, abre a porta e nos olha”.

Chico gosta do apelido carinhoso "bebê" (Foto: Arquivo Pessoal)
Chico gosta do apelido carinhoso "bebê" (Foto: Arquivo Pessoal)

Mesma situação de Amanda Rodrigues, atendente em uma operadora de celular. Neuza Cristina Rodrigues de Carvalho, mãe dela, não é de demonstrar muito carinho com palavras, até os gestos são meio escassos, mas a amor está ali, Amanda sabe. “Reparo muito que quando saio minha mãe não é muito de ligar, saber onde estou, mas todo dia de manhã abre a porta do quarto pra ver se estou lá, se está tudo bem”.

“Minha mãe sempre fala "Deus abençoe" para mim e minhas irmãs, antes de dormirmos. Mesmo que nós não frequentemos a igreja com ela e meu pai, nunca deixa faltar a benção, e justamente por isso, vejo com muito carinho esse nosso costume”, diz a estudante Lais Maria dos Santos sobre a mãe Cristina Santos.

“Ela sempre me deixa priorizar as coisas da faculdade, mesmo quando sei que ela precisaria de mim, como alguma tarefa aqui dentro de casa. É muito acolhedor saber que mesmo tendo meus compromissos aqui, ela releva, para não me prejudicar. Obrigada, para sempre, mãe!”, completa Lais.

Jeferson de Andrade, namorado de Lais, e também estudante, diz: “A minha mãe sempre no final da noite manda imagens de motivação por WhatsApp, então não importa se meu dia foi ruim ou cansativo, sempre vou dormir sabendo que ela se preocupa comigo, e mesmo estando longe, às vezes arruma um jeito de cuidar de mim”.

Amanda trabalhando com a mãe na quarentena (Foto: Arquivo Pessoal)
Amanda trabalhando com a mãe na quarentena (Foto: Arquivo Pessoal)

Letícia de Leon, professora de espanhol, é mãe de dois, a Julia e o Thiago. Ela perguntou para os dois sobre quais gestos pequenos sintetizam esse amor que ela sente. “Pra Júlia é dividir um tempo tomando um café ou um “oi!” com conversa quando chego em casa. Para o Thiago é quando eu cozinho pra galera aqui de casa. E quando faço uma coisa que ele estava muito a fim de comer”. Eu e o Renan Tramontina te entendemos Thiagão.

A estudante Beatriz Meirelles, filha de Fernanda Araújo, acha que a linguagem do amor de mãe é forma de servir, de cuidar. “Alegria dela é fazer uma comida quentinha para gente ao perceber que a gente está com muita vontade de comer algo específico. Ela gosta de ajudar, nem deixa eu conviver com a própria bagunça. Mesmo eu falando "não precisa", "pode deixar comigo", "eu dou conta", ela vai lá e faz”.

Como disse Adélia Prado no poema “Ensinamento”: “Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo. Não é. A coisa mais fina do mundo é o sentimento. Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente. Não me falou em amor. Essa palavra de luxo”.

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