"Pensei em internar...não deu tempo", diz mãe de jovem executado pelo tráfico
Mãe chegou a comprar TV para que filho devolvesse ao dono depois de furtar o aparelho
Para salvar o filho das drogas e do crime, a mãe chegou a comprar um TV, parcelar em 10 vezes e dar a Luiz Felipe da Silva, de 22 anos, para que ele devolvesse ao dono. Mas não teve jeito. O rapaz não conseguiu aproveitar a segunda chance e acabou assassinado com 20 tiros na semana passada, no Bairro Tijuca,
Ainda sem aceitar a morte tão violenta e prematura, a mãe, que prefere não ter a identidade revelada,o que fica é a história triste de um menino que começou a usar drogas aos 15 anos. Por não ter tido muito recurso durante a infância e adolescência do rapaz, ela acredita que a ambição foi o que levou o filho a ir para esse mundo.
“Ele não era um menino mau. Tinha um bom coração, era meigo e carinhoso. O que estragou a vida foi a ambição. Querer ter as coisas sem medir as consequências”, lamentou.
Na época do roubo à TV, que acabou ganhando o noticiário pelo ato de devolver o aparelho, a mãe contou que Luiz estava sem dinheiro e que tinha muitas dividas. Tinha que pagar consertos de casas que ele danificou e havia comprado um carro. Por isso, começou a roubar.
O pai foi quem pagou advogado para o filho e a mãe, junto ao padrasto, compraram o aparelho para que fosse devolvido. “Conversei, chorei, implorei, dei conselhos pedi ‘pelo amor de Deus’ para ele parar de roubar e ele se arrependeu mesmo. Resolveu parar, por isso compramos a TV para ele devolver”, contou.
A mulher afirma que se tivesse tido mais condições financeiras, o filho não estaria onde está hoje. “Se eu tivesse recursos para dar uma educação melhor, uma estrutura de vida melhor ele não teria sido vitima dessa parte da sociedade. Como eu não tinha condições para dar pra ele, ele foi usar esses meios que considerava mais fácil”, disse. “Infelizmente a ambição levou meu filho a onde ele esta hoje”, afirma.
Lipe, como era chamado pela mãe, morava com a namorada. A casa, onde foi morto, conforme relatado pela mulher, havia sido locada para morar e não vender drogas, garante. Já à Polícia, adolescentes que presenciaram o crime, contaram que haviam ido até o lugar para comprar drogas.
Para a mãe, a história não bate. “Disseram que se tratava de um grupo de extermínio que matava qualquer pessoa diferente que estivesse na região. Quanto ao falarem que ele vendia drogas, se ele era traficante, então cadê as drogas?”, questiona.
"Hoje eu choro a perda. Pensei até em interná-lo para tirar esse vício, mas não deu tempo"
A mãe lembra da criança que tinha o sonho em ser jogador de futebol, mas também sabia dançar. “Ele estudou até a sétima série. Participou de campeonatos, inclusive, ganhou algumas premiações e adorava dançar. Ele era muito amado”, concluiu.
Execução - Luiz Felipe foi assassinado com 20 tiros por uma dupla que chegou em um carro e desceram atirando. A vítima estava sentada na varanda da residência, que segundo testemunhas, era alugada por ela para a venda de drogas.
Uma dupla de 15 anos que estava com Luiz Felipe no momento em que foi assassinado, contou à polícia que conseguiram correr e se esconder, no momento em que os assassinos davam um “confere” para ver se a vítima estava morta.
Ainda segundo o relato dos adolescentes, Luiz Felipe estaria comprando drogas de outros fornecedores, o que era proibido pelo Chefão do Bairro. Um dos jovens ainda chegou a relatar que em outro momento já havia sido avisado por Paixão que não era para vender drogas no local e que para matar quem desobedece não custa nem uma caixa de cerveja.
Foram presos em flagrante Caio Cesar de Oliveira da Silva, Thiago da Silva Gomes e Fabiano Saraiva. Segundo a polícia, Caio e Fabiano são quem efetuaram os disparos contra a vítima. Thiago, funcionário de Marcelo, era dono da casa onde o veículo foi localizado. Na residência foram apreendidas porções de maconha e cocaína. A policia também já pediu a prisão preventiva deles.
A polícia procura ainda pelo 4° integrante, Marcelo Rodolfo das Neves Oliveira, que seria dono do carro usado para praticar o crime um Fiat Uno, porém o veículo é produto de furto. Marcelo, que é funcionário de Thiago Paixão, está foragido e responderá também por receptação.