Repita o clichê: você é uma ótima mãe e está fazendo o que pode
Quarentena tem colocado à prova nossa maior culpa: a de não ser uma boa mãe
Você é uma ótima mãe!!
Você está fazendo o melhor que pode!
Você não precisa dar conta de tudo, não se cobre, não se puna, não se culpe.
A quarentena trouxe à tona a culpa materna e prendeu entre quatro paredes, mães, filhos e o sentimento de que não damos conta de tudo. Não há em um lugar, desde conversa fiada de elevador aos desabafos em grupos de WhatsApp e papo entre amigas que não tenha sido dito o quão desafiador está sendo o isolamento das mães.
Dia desses, um e-mail chegou até a caixa de entrada do Lado B. Era de uma das mães que eu sigo no Instagram, palestrante, consultora em Educação Respeitosa, e que está em Campo Grande. Cinthia Andrade, do @maternidadepositiva é a co-autora do livro "Conectando Pais e Filhos 2", além de ser especialista emocional e educadora parental em disciplina positiva.
No texto, ela se colocava à disposição para reportagens, e eu mais do que depressa, corri para dizer que a gente precisava, e muito. Quando digo a gente, misturo aqui a Paula mãe e jornalista.
Dado o contexto, pedi que Cinthia falasse um pouco sobre como ser uma mãe melhor em plena quarentena. É clichê, eu sei, mas acho que deve ser um mantra a ser repetido: calma, respira, você está fazendo o que pode.
Dentro da disciplina positiva, como trabalhar essa ideia? E foi isso que a Cinthia respondeu, como um abraço, trouxe um alento a mim, e que espero que chegue para outras mães:
Acolha seus sentimentos quando sentir que chegou no limite.
Busque momentos dentro da sua rotina que permitam você se conectar com aquilo que mais importa a você, dentro do possível! Se para você o silêncio é importante e é uma necessidade, como você colocará ele dentro da rotina do seu dia? Lembrar que cuidar de nós nesse momento é tão importante quando cuidar do outro.
A disciplina positiva é uma forma de olharmos para dentro de nós antes de olharmos para a relação com nossos filhos. Ela diz muito mais de mim do que do outro.
Quando sou capaz de enxergar que meu filho pode ter voz, pode ter opinião, pode contribuir, eu mudo a relação que estou construindo com ele .
Quando eu percebo que posso me conectar com meu filho, olhando nos olhos e escutando o que ele tem a me dizer, eu já estou trabalhando numa relação respeitosa.
Quando eu percebo que não preciso mandar, ameaçar e castigar para mostrar que tenho autoridade, eu já estou em uma relação respeitosa.
Porque estou ciente do meu papel de pai e mãe, e que esse lugar não está ameaçado quando dou voz ao meu filho.
É sobre conexão, é sobre empatia, é sobre respeito, é sobre escuta, é sobre a minha capacidade de compreender que disciplinar é ensinar.
Disciplinar não é punir, disciplinar não é ameaçar nem chantagear, não é colocar castigos nem cantinho do pensamento. É percebemos que os padrões de educação mudaram e que agora somos a primeira geração a falar sobre essas relações respeitosas. É acreditar que quero desenvolver habilidades socioemocionais nos meus filhos para que eu possa deixar crianças melhores para esse mundo.
A disciplina positiva nos mostra 52 ferramentas que são um guia para construir as relações respeitosas. Algumas dessas ferramentas podem ajudar nesse momento de quarentena, como por exemplo, um quadro de rotinas.
Nesse quadro (um papel em branco), em conjunto com seus filhos, irão desenhar, colar as rotinas de um certo período do dia (por exemplo: brincar, jantar, tomar banho, escovar dentes, histórias, dormir). A criança entenderá visualmente o quadro e diminui a necessidade de você falar o que vem na sequência.
Porém, o uso do quadro de rotinas não pode ser um peso a mais para os pais, precisa ser leve e ser usado apenas se for ajudar.
É importante também compreendermos que toda a rotina mudou, os pais estão em casa, as crianças estão limitadas, sem escola, amigos, estamos todos sobrecarregados. Esse momento pede leveza e menos cobranças, faça o possível. Você não precisa ser aquela mãe que inventa mil brincadeiras o dia todo! As crianças podem ter momentos de tédio que são um salto para a criatividade. E se você precisa trabalhar em casa, use as telas como sua aliada. Focando em qualidade e não na quantidade, que esse acesso às telas gere aprendizado, aplicativos de cores, letras, números, estratégia, quebra cabeça, músicas e desenhos que falem sobre sentimentos. Assim reduzimos a culpa e preocupação caso o uso seja mais do que o esperado.
E principalmente, saiba que tudo isso vai passar e estamos tendo a oportunidade única de ficamos com nossos filhos e conhecermos todas as suas particularidades, aqueles detalhes que perdemos no meio da correria do dia a dia. Que esse momento também seja de proximidade e de conexão .
Você quer compartilhar ou sugerir um tema aqui no Mãe Também Reclama? Mande um e-mail para a gente no paulamaciulevicius@news.com.br Um forte abraço. Paulinha.