Selva detesta mato, mas por France vive rodeada por horta
Em casa que mais parece chácara, Francelino e Selva têm de banana até couve no quintal
No meio do Jardim Aero Rancho, a casa de Francelino Pereira, de 63 anos, e Selva Almeida, de 61, se transformou em uma pequena chácara graças ao amor do nordestino pelo cultivo da terra. E, por mais irônico que seja, Selva, que nem gosta de mato, aceitou viver rodeada por plantações de couve e até banana graças ao amor por France.
Placas de “vende-se cheiro verde e couve” feitas à mão são o aviso de que aquele quintal diferente na Avenida Costa Melo também convida o público. E, sem deixar dúvidas, Francelino ainda chama atenção de quem passa pelo endereço com sorriso e convite para conhecer o caldo de cana.
Enquanto a casa em si mantém estrutura mais parecida com os outros lares do Aero Rancho, a cerca de arame farpado e algumas flores com espinhos mostram que todo o entorno tem toques especiais. Isso porque mesmo com o tempo seco a horta não desistiu e continua garantindo muito verde para a família, como Francelino explica.
“Esse é meu quintal mesmo! Era para estar bem melhor, mas não choveu mais e eu não consegui plantar as outras coisas que queria. Mesmo assim ainda tem bastante coisa”, conta France.
Nascido na Bahia brasileiro, Francelino saiu de casa com a chegada da adolescência e viveu por muito tempo trabalhando em chácaras enquanto viajava pelos cantos do País. E, garantindo que o gosto pela vida é o que trouxe ele até aqui, completa que o amor pela terra nunca acabou.
Eu moro aqui há 22 anos e sempre tive horta no quintal, gosto mesmo da terra. Esse mundo é bom, filha. Esse mundo, se você souber viver, você sofre mas não morre, narra Francelino.
Com variedade que vai de couve, cebolinha, alecrim, banana e até cana-de-açúcar no “jardim”, ele é orgulhoso de ter transformado em que vive há 22 anos em quase uma chácara. Por gostar tanto de plantação, France detalha que já pensou em voltar à área rural algumas vezes, mas mais do que o amor pela terra, vem mesmo o amor pela Selva.
Devido a todo o espaço em volta da casa ter sido tomado pelas mãos de Francelino, imaginei que dona Selva também fosse apaixonada pela plantação. Mas, como ela diz, aquela é uma “Selva diferente”.
“É que esse Selva aqui é uma selva diferente porque não gosto de mato, mas ele gosta. Então ajudo a vender quando ele não tá em casa e um vai ajudando o outro”, explica a dona da casa.
E, mesmo sem gostar de mexer com a terra, ela não nega que ter o quintal recheado também é mais do que positivo.
Sorriso, terra e pé no chão
Enquanto não consegue ir mesmo para fora da cidade, Francelino conta que deixa a mente feliz com a vida que leva dentro e fora de casa. Antes do domingo chegar, ele continua no Aero Rancho vendendo as plantações e caldo de cana na calçada e no primeiro dia da semana coloca os pés na rua.
Apaixonado por caminhar, correr e, em cima da bicicleta, ver as casas do bairro ficarem para trás, o morador conta que se diverte na vida. Claro que, para não deixar dúvidas, assim como o verde do quintal é prova do amor pela terra, as medalhas e troféus também são mostrados com orgulho por ele.
“Eu gosto de correr, já participei de muita corrida de rua e ganhei em primeiro lugar aqui na cidade. Hoje eu corro mais para mim mesmo, fico esperando pelo domingo. Se não vou andando ou correndo, pego a bicicleta e vou também”, diz France.
Já para unir os momentos de alegria, o dono da horta completa que a chave é continuar fazendo o que gosta. Até porque, como ele explica, a vida é difícil mesmo, então o jeito é aprender a viver.
Por isso, France deixa o convite aberto para quem quiser conhecer os produtos da horta, tomar caldo de cana e ainda conversar sobre a vida. Localizada na Avenida Costa Melo esquina com Rua Hipopótamos, a parte comercial fica disponível de segunda até sábado.
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