Tattoo homenageia Banho de São João que mudou vida de arquiteto
Banho de São João em Corumbá reconectou João Santos com as memórias da infância e a fé da avó.
As primeiras memórias do arquiteto e urbanista João Santos, natural de Londrina, são das festas de São João, tradicionalmente realizadas no mês de junho. Sua avó, a dona Terezinha ou “Vó Tetê”, devota fervorosa, começou a festa ainda jovem como promessa para saúde da família. Tempos depois os festejos viraram tradição familiar e isso marcou a vida de João, que recentemente decidiu eternizar na pele uma homenagem ao santo, que também representa todo amor por detalhes bem sul-mato-grossenses.
Na tatuagem feita pela artista Sol Ztt está São João, o carneiro, as bandeirolas e até os festeiros do tradicional Banho de São João de Corumbá, hoje reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil.
“Eu tenho muito claro nas memórias eu e minha irmã pendurando as bandeirolas. Pela manhã vinha o padre e benzia os pães feitos pela avó. Tinha pipoca, doces e bombinhas de papel, para as crianças estourarem, além de quentão de abacaxi”.
Passado a fase da infância, a avó de João parou de realizar a festa lá em Londrina, até que em 2013 o santo retoma espaço na vida do arquiteto quando ele conheceu o Banho de São João em Corumbá.
“Eu fui com uma visão do técnico pesquisador porque eu trabalhava no Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) na época. Quando eu me deparei com aquela festa, com aquela fé de cada festeiro chegando ao Rio Paraguai, aquilo me contagiou de um tanto que as memórias e minha fé que estavam deixadas de lado reviveram”.
E assim São João passou a fazer parte da vida do arquiteto novamente, como parte das coisas que o fazem bem. “Eu não tenho uma religião, bebo de várias fontes, a gente tem que acreditar naquilo que nos conforta. E aquele encontro com São João me reconectou com a minha fé em 2013”, descreve.
Desde então João começou a dar banho no santo, em Corumbá ou em qualquer outro lugar que esteja. “Já dei banho em São João em Corumbá, Salvador, dentro de um balde, em rio e no mar. Não importa onde eu faça esse ritual, o importante é ter o banho”.
Já em 2019 ele começou a fazer a festa. A primeira edição foi aberta para amigos e a família. “Retomamos e lembramos as festas de criança”. Em 2020, por conta da pandemia, foi impossível abrir o evento, por isso, realizou a cerimônia festeira em casa, apenas ao lado de seu companheiro.
Uma vasilha e uma jarra que eram da avó Terezinha sempre fazem parte dos rituais. A água usada é sempre uma água de cheiro, com folha de laranjeira e água benta. Quando não está em Corumbá, João realiza o banho em casa com essa jarrinha.
“Sou devoto de São João, sou festeiro e o tenho como santo protetor independente de religião ou segmentos. Conecto-me com São João, pois é um santo que tem muito a ver com festa, com alegria e o meu nome”.
Diante de tantos significados, João Sabia que desejava ter São João na pele e este ano sentiu que era um momento especial. “Sempre falei queria uma tatuagem da Sol. Sinto que emprestei minha pele para uma artista e me sinto lisonjeado por isso. Esse ano quando o Banho de São João declarado Patrimônio Cultural eu fiquei muito emocionando, porque sei o quanto isso é importante para Corumbá”, finaliza.
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