Toda semana, Antônia faz pães caseiros para doar a 65 famílias
Dona Antônia não desiste de fazer pão nem com a forte dor no ombro e nem com o aumento do gás de cozinha
Nem a dor forte no braço, a falta de dinheiro e o aumento do gás de cozinha fizeram dona Antônia Martins Aguero, de 67 anos, desistir de fazer pães caseiros toda semana para doar às famílias carentes. Nenhum pão é vendido, tudo é repassado a quem precisa. E o sorriso de quem recebe, para ela, é a maior recompensa.
O projeto “Pão do amor” começou em 2020. Antônia atribuiu a solidariedade à fé. Religiosa, ela jura que ouviu uma voz dizendo que deveria fazer pão para doar. “Estava em oração no meu quarto, com porta fechada, eu ouvi aquela voz”, conta.
Antônia diz que não sabia fazer pão. “Fiz uma vez e não deu certo e nunca mais eu fiz”, lembra. Depois da oração, diz que resolveu atender ao pedido que ouviu. “Chorei muito, era nove julho de 2020, à noite”, descreve. “No dia 10, mandei para minha irmã pedindo a receita, no outro dia, fui ao mercado e comprei 2 kg de trigo e fiz o pão”.
A primeira entrega foi para três pessoas no Bairro São Jorge da Lagoa, onde Antônia mora. “Eu liguei para as pessoas e fui atrás de outras que nem celular tinha, porque são muito carentes”.
Na outra semana, a produção aumentou e Antônia passou a comprar mais quilos trigo. Hoje, ela usa aproximadamente 20 quilos de farinha e atende quase 65 famílias com seus pães caseiros.
As entregas são às quartas-feiras. A cada pão entregue, Antônia anota os dados da família como endereço, telefone e número de familiares, para que tenha um controle das pessoas atendidas.
“Hoje, vem muita gente. Meu coração transborda quando eu vejo que consegui finalizar os pães e sei que naquele dia, eles vão ter um pãozinho gostoso para comer”, diz Antônia.
Durante meses, Antônia sovava o pão sem ajuda, até que a forte dor no ombro a fez investir numa máquina, que ela tirou do próprio bolso.
Depois, a moradora conseguiu ajuda de amigas voluntárias do bairro, que se reúnem para produzir as fornadas de pão, assadas no fogão de cinco bocas que ela tem em casa.
A cada entrega, Antônia fotografa e ainda revela as fotos feitas de celular para guardar de lembrança. “Pra mim, é muito importante, eu fico muito feliz de ver que as pessoas gostam do meu pão”.
Quando falta forma de pão, até as vizinhas emprestam. Já o gás é que mais pesa no orçamento. “Mas sempre que recebemos uma ajuda ela é bem-vinda”.
Natural de Maracaju, Antônia trabalhou anos na Educação Infantil. Mãe de cinco filhos, ela diz que nem em meio às dificuldades, pensou em desistir. “Mesmo com a dor no braço, única coisa que peço a Deus é saúde para que eu consiga fazer os pães”.
Agora, o sonho é ampliar a produção para conseguir levar pães às regiões onde há moradores em situação de vulnerabilidade. “Nessa vida, cada um faz o bem como pode. Minha forma de fazer o bem é em pão caseiro”.
Para conseguir comprar os ingredientes e manter as doações, Antônia faz artesanatos, como panos de prato, puxa sacos e outros utensílios fofos para casa.
Quem quiser contribuir com ingredientes para que Dona Antônia mantenha o projeto ou quiser comprar um de seus artesanatos, pode entrar em contato com ela pelo telefone (67) 99284-3838.
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