Violino e palhaçada transformaram vida de autista no semáforo
Há 4 anos, Pedro se tornou artista de rua e emociona quem nunca ouviu o som de um violino
O trânsito caótico vira um detalhe quando o som do violino vai se aproximando na Avenida Afonso Pena esquina com a Rua 25 de Dezembro. Tem sido assim nos últimos dias, desde que o artista de rua e acadêmico de Psicopedagogia, Pedro Henrique Ramos Pinto, 24 anos, passou a tocar violino nas ruas de Campo Grande ao entardecer.
Há três anos ele mora em João Pessoa, na Paraíba, onde faz Psicopedagogia, mas aproveita o período de férias para visitar a família campo-grandense. E para aproveitar o tempo livre fazendo uma das atividades que mais gosta, ele decidiu ir às ruas em horário de pico tocar o violino.
O que poucos sabem é que o instrumento mudou a vida do artista, que é um jovem autista e encontrou na música e no circo a fórmula exata para se expressar com leveza.
Tudo mudou quando ele visitou pela primeira vez uma edição do Pantalhaço – Mostra de Palhaços do Pantanal, que além de apresentações trazia oficinas e diálogos sobre a arte da palhaçaria a Campo Grande.
“Eu não conhecia o projeto e um amigo me convidou para ir. Era tímido, mas resolvi fazer um curso e descobri o quão libertador é a palhaçaria”, descreve o artista.
Desde então, Pedro passou a investir na arte e sorrir mais para a vida, melhor, passou a levar o riso para as ruas, como forma de democratizar o acesso à arte.
Como não tinha muita habilidade com o violão, ele decidiu investir no violino, instrumento que muitos acham difícil. “Mas foi muito mais fácil pra mim”, afirma.
A princípio, ele queria aprender o instrumento para tocar um violino de criança durante suas apresentações como palhaço, mas se apaixonou e passou a tocar de forma magistral as mais belas composições clássicas e até músicas mais atuais.
Quando encontramos Pedro ele tocava para o público a canção Bella Ciao, que nos últimos anos ganhou diferentes versões, depois de ser trilha sonora na série La Casa de Papel.
Ele não só ameniza a correria de quem o observa tocar como surpreende pessoas que nunca tiveram acesso a um instrumento musical com o violino. “Acredite, tem gente que nunca viu um violino na vida e já perguntou se eu estava tocando um piano”, lembra.
Atuando também como professor de violino e circo, Pedro vê as ruas como um importante palco para arte de rua. “Eu acho que arte de rua é o que tem de mais democratico dentro da arte, é bonito ver o encanto das pessoas e a chance delas de ouvir uma música diferente”, destaca.
Já quando está de palhaço, ele conta que seu personagem não fala, usa apenas um apito, e em conjunto com o violino dialoga com o público de uma forma mais sensível, gerando diferentes interpretações.
Por conta da mochila pequena, Pedro não conseguiu trazer o traje de palhaço, mas não abandonou o nariz vermelho que segue encantando quem dedica uns minutinhos a escutá-lo nas ruas.
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