Viúva 2 vezes, Mireta é feliz colorindo a cozinha de “vermelho do amor”
Mireta é uma figura que faz qualquer um dar risada e inspira a família com suas invenções na casa
É impressionante a vitalidade de uma mulher que, aos 72 anos, já ficou viúva duas vezes e não tem tempo para ser ranzinza. A corumbaense Mireta Fonseca Santana é daquelas mulheres que a cada frase dita arranca de você uma risada. E o segredo para essa felicidade toda, ela nem precisa explicar muito. Basta entrar na residência em que vive no Monte Castelo, para entender como as cores transformaram a sua vida.
“Eu não tenho homem para encher saco, minha filha. Então, eu faço o que quero e pinto tudo”, diz dando gargalhada.
Os filhos e os netos até tentam podar Dona Mireta de vez em quando, temendo uma queda, principalmente, quando o assunto é mexer demais na mobília da casa e subir nos banquinhos para fazer suas pinturas. Mas não adianta. Quase toda semana, a família é surpreendida com alguma mudança no lar, e sempre pra melhor.
O destaque da casa está na cozinha quase toda vermelha. Dos utensílios até potes de mantimentos, fogão e o puxador de geladeira novinha foram pintados por Mireta. Ela sobe no banquinho e o trabalho começa, e só para quando cansa ou quando o acabamento ficou do seu gosto.
A mania de pintar começou em um domingo qualquer, enquanto assistia à televisão e viu algo sobre pintura em um programa de auditório. Não deu outra, naquele mesmo dia, Mireta lembrou que tinha uma lata de tinta em casa. “Fiquei até três horas da manhã pintando naquele dia e adorei”.
Depois, ela passou a incrementar a decoração com outros objetos. Mireta bate perninha nas lojas de utilidades do Centro e encontra objetos de decoração fofíssimos a preços acessíveis, para deixar a casa ainda mais cheia de detalhes.
Ao observar as cores e cada objeto em tom de vermelho, é a plaquinha no canto da parede que resume tudo que a mãe de 3 filhos e avó de 4 sente no coração. “A cozinha é pequena, mas é cheia de amor”.
É exatamente amor que transborda na casa de aproximadamente 50 m². Além da cozinha vermelha, a sala também se destaca, mas desta vez, com as cores pretas e brancas. “Agora, estou na onda do preto, pintei a mesa e as cadeiras”, diz orgulhosa.
Uma estante de canto virou cristaleira charmosa com papel contact de poá, que ela também levou para mesa de centro e o aparador. As paredes são preenchidas com diferentes obras de arte e um balcão está lotado de fotografias da família. Ali tem filhos, netos e bisnetos. “E dá um trabalho, viu? Porque eu vou trocando, eles vão crescendo, eu vou trocando as fotos”.
A área íntima da casa também é puro capricho. Mireta detesta desorganização, por isso, apesar dos inúmeros objetos na casa, tudo está no devido do lugar.
Se para alguns, tudo isso é muito trabalho, para Mireta, é ferramenta que prolonga a vida. “Olha, isso pra mim é uma terapia. Eu passo horas fazendo isso e fico muito feliz”.
Morando sozinha por escolha, já que uma das filhas até tentou segurar a mãe em casa, Mireta gosta mesmo é da sua liberdade. “Não vou mentir, às vezes, a solidão dói. Mas quando dão cinco horas da tarde, eu faço bolinho e dou pros vizinhos. Depois, eu vou fazer alguma coisa na casa e estou sempre ocupando a cabeça. É isso que me deixa bem”.
Aos 72 anos, ela até diz que a memória já não é a mesma, mas durante entrevista, dá show de recordações. Lembra-se de detalhes de onde veio, de onde morou, nome de todos que conheceu, datas e, claro, do amor pelos bailes.
Aliás, essa pandemia foi um sofrimento pra Mireta, que precisou tirar licença do salto alto para ficar em casa, foi então que aprendeu com os netos a mexer na internet. Hoje, ela aproveita as redes sociais como ninguém, mas não vê a hora de voltar a dançar e curtir um bailão pela cidade. “Eu amo dançar, curtir, conversar. É bom demais. A gente se sente viva”.
Sorridente, nem parece que nos olhos há espaço para lágrimas, mas bastou falarmos da família para os olhinhos ficarem marejados. Mireta ama incondicionalmente as netas e se orgulha de ver cada um “no rumo certo”, como define.
Após uma longa conversa, com muita simpatia, Mireta até questionou se a vida dela realmente era relevante para virar matéria no Lado B, sem se dar conta de que o que mais nos inspirou foi a maneira como ela se libertou dos padrões e decidiu ser feliz com a simplicidade da vida. Vida longa à Dona Mireta!
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