Vizinhos do Carnaval se dividem entre lucro e torcida pela paz
Quem mora na Esplanada Ferroviária conta que aproveita a onda ou se resguarda em casa durante a festa
Nesta sexta-feira (17), o Carnaval na Esplanada Ferroviária já tem início e, como já é costume, quem mora na região se divide entre quem entra na onda da festa e aqueles que tentam se resguardar em casa e só torcem pela paz. Segundo os relatos, sair de casa é difícil, então uma das melhores opções é lucrar.
Aos 64 anos, Eunice Nunes mora bem no centro da festa, já que sua casa fica localizada na esquina da Rua Dr. Temistocles com a Avenida Calógeras. E, assim como nos últimos carnavais, ela conta que está se preparando para garantir renda extra durante os próximos dias.
Mesmo sem ser uma grande fã do Carnaval, a moradora comenta que desenvolveu um modo de aproveitar a festa e garantir a integridade da casa. “Eu e minha família nos reunimos aqui e vendemos bebida e espetinho. É bem cansativo, mas precisamos ficar aqui, então é melhor que não seja ficando parados”.
Em anos anteriores, ela até tentou deixar a casa e procurar um lugar mais tranquilo, mas a ideia não deu certo. “Como a casa ficou sozinha, invadiram, usaram de banheiro, estragaram muita coisa. Então não tem como sair, então enquanto eu conseguir, acho que vou manter essa estratégia de vender algo”.
Com situação parecida à de Eunice, Maria Fernanda Grego, de 36 anos, também já se prepara para transformar o portão de casa em comércio. E, neste ano, ela conta que ira vender apenas Vodka para o Carnaval compensar ainda mais.
“Vamos funcionar como em conveniência mesmo, só pela grade. Queremos colocar uma mesa para dentro e aí vamos vendendo por aqui. Durante o Campão até conseguimos vender com a mesa para fora, mas no Carnaval é impossível”, explica Maria.
Para ela, a opção de só ficar em casa sem fazer nada ou deixar o espaço vazio também não é possível. Por isso, desde 2020 resolveu dar início à comercialização de bebidas.
Mas mesmo com os relatos das vizinhas de que é impossível ficar parada, há quem tente se resguardar e continue torcendo pela paz. Psicóloga, Katia Iarussi, de 44 anos, também mora na Calógeras e conta que não pensa em usar o espaço para vendas.
“Às vezes alguns amigos vêm para cá, outras vezes nós só ficamos aqui mesmo, mas vender bebida ou comida não é algo que pensamos. Eu acho muito bacana que as pessoas venham para cá, mas acho que é necessário lembrar que se trata de patrimônio público”, detalha Katia.
Receosa com as consequências da festa, a psicóloga explica que ela também gosta do Carnaval, mas que nem sempre as pessoas aproveitam a folia com responsabilidade. “Nos anos anteriores já usaram meu portão como banheiro, sujam o muro, tentam entrar. Então é bem complicado, é com isso que a gente fica com medo”.
Como moradora antiga da Esplanada, Katia completa que o espaço realmente precisa ser ocupado, mas com consciência e respeito tanto pela estrutura física quanto pelos moradores.
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