Tradicionais frequentadores da Ary Coelho, aposentados aprovam reforma e fazem planos
Entre as reivindicações, limpeza e conforto são unanimidade. Enquanto espaço não fica pronto, aposentados preparam migração para outras praças; tudo para não perder o jogo de cada dia
Não importa que a “área de lazer” fique fechada por alguns meses para reforma, contanto que o resultado seja um espaço mais aconchegante e limpo. Esse é o pensamento dos “avôzinhos” que frequentam a Praça Ary Coelho diariamente sobre o fechamento do local para as obras de revitalização. Até planos e reivindicações para a nova Praça os assíduos freqüentadores já fazem.
O prazo de conclusão da reforma é de 12 meses, mas a empresa responsável pela execução, Loma Engenharia, pretende entregar a Praça em 10 meses. Os trabalhos já começaram e até a manhã desta quinta-feira (1) o espaço será fechado com tapumes para as obras.
Durante a reforma, ninguém poderá entrar ou utilizar a Praça. Apenas a calçada, com os pontos de ônibus, táxi e moto-táxi, ficarão livres para a passagem.
Para os “avôs”, as férias dos jogos e papos na Praça não geram, sequer, dor de cabeça alguma. Pelo contrário, são bem vindas e demoraram a chegar.
“Passou da hora disso aqui ser arrumado. Do jeito que está não tem condições, muita sujeira”, reclama o aposentado Serval Gomes Monteiro, de 70 anos.
A opinião é compartilhada pela roda de três amigos, que conversam em um dos bancos, embaixo de uma boa sombra.
Já em volta da rodinha de jogadores de carteado, a reportagem do Campo Grande News questiona como ficarão as tarde e manhãs dos aposentados sem a Praça. De pronto, o Seo Herman Reichar, de 72 anos, explica de forma simples e despreocupada, dizendo: “temos propostas para irmos para outras praças nesse período”.
Entre uma carta e outra no carteado, ele e os amigos contam que o grupo deve migrar para as áreas da Praça Belmar Fidalgo e do Horto Florestal, por exemplo. Tudo para não perder o jogo de cada dia com os amigos. Mas, logo que a Ary Coelho foi reinaugurada, eles voltam ao ponto tradicional.
Por que não um banco estofado? - Enquanto aguardam a comemorada reforma, são muitos os planos e desejos que os “avôs” fazem para a Praça. Algumas simples, como um local limpo e seguro. Já outras são no mínimo audaciosas, como um banco estofado e garçonetes pela área.
“Podia ficar mais confortável esses bancos, colocarem algo acolchoado. A sujeira também é algo que atrapalha, está uma imundice isso aqui”, diz o aposentado José Torres, de 79 anos.
O pedido de bancos mais confortáveis é unanimidade entre os aposentados, como também banheiros e espaço mais limpos.
Serval ainda aponta a questão da segurança, que para ele é algo precário na Praça. Ele acredita que o projeto de cercar o local e estipular o horário de abertura, com o fechamento durante à noite, deve inibir a circulação de pessoas mal intencionadas na área.
O aposentado ainda sugere que sejam montados quiosques para a venda de alimentos, onde seriam acomodados os ambulantes que hoje circulam pela Praça. “Ficaria muito mais higiênico. Seria melhor para a gente comprar algum lanche, um sorvete”, diz.
Projeto - A maioria das reivindicações dos aposentados será atendida, segundo detalha o arquiteto autor do projeto de revitalização, Paulo Hernandes.
Os “avôs” podem esperar mais conforto para jogar o carteado ou damas nas mesas, que ficarão distribuídas na área de lazer já ocupada tradicionalmente pelos aposentados.
De acordo com Paulo, a altura da cadeira e mesa será ajustada para se adequar aos freqüentadores. “O problema desses locais era a altura. É só observar como eles ficam curvados jogando nas mesas. É desconfortável”, explica.
Ele esclarece que o desejo de bancos acolchoados não poderá ser atendido por ser inviável tanto para os usuários quanto para a administração pública. “Isso vai apodrecer porque vai tomar sol e chuva, dia e noite. Não vai ser bom, principalmente, para os adolescentes”, diz.
O piso do espaço será pintado como um tabuleiro de jogo de damas, assim como a tábua das mesas. A área será beneficiada pela sombra das árvores, que já fazem parte da paisagem do terreno.
Ao lado, ficará o coreto, dedicado para apresentações culturais. E em seguida a academia ao ar livre para a terceira idade, que será equipada conforme as áreas já montadas em outras praças da Capital.
Junto a academia ficará o parquinho das crianças, que terá brinquedos novos e piso emborrachado.
O arquiteto conta que o projeto foi pensando para dar maior conforto e segurança aos visitantes, principalmente, as crianças e aposentados. “Cresci em Campo Grande e brinquei na Ary Coelho. A areia era branquinha, bem diferente de como é hoje. Queremos que os pais possam levar seus filhos na área e os aposentados aproveitar do espaço do conforto e segurança”, ressalta.
O projeto tem investimentos de R$ 2,1 milhões. Todo o espaço será revitalizado, como também o chafariz, que terá sistema de iluminação e sonorização.