Com espera de até 1 mês, aposentada desiste de comprar ar-condicionado
O aumento das temperaturas e a alta procura pelo equipamento zeraram os estoques
"Morrendo" de calor, clientes têm de esperar até um mês para a entrega de um ar-condicionado em Campo Grande. A procura é tanta que Vileda Hermann, de 83 anos, até desistiu de comprar um. Em busca pelo "refresco" rápido, a vendedora aposentada ainda tinha esperança do equipamento à pronta-entrega.
“Eu ia receber uma visita em casa e ia precisar do ar-condicionado. Fui em várias lojas e não encontrei nenhum. Acabei mandando consertar o que eu tinha, porque senão ia ter que esperar sete dias para chegar”, explicou Vileda.
A aposentada ainda conta que durante as buscas pelas sete lojas que visitou, os vendedores não davam garantia de que o equipamento seria entregue dentro do prazo. “Estava procurando por um split ou de gaveta, como já tenho aqui. Qualquer um pra mim já serviria. Mas eles diziam que pode ser que chegue em sete dias, mas não davam certeza disso”, diz.
Outro ponto destacado por Vileda é o preço dos produtos “que estavam altos”. Durante a procura pelo produto, a aposentada reparou que os equipamentos variavam de R$ 2 mil a R$ 3 mil.
Agulha em palheiro - O Campo Grande News esteve na tarde desta segunda-feira (15) em três grandes lojas que tem os ares-condicionados dentro de seu catálogo de produtos. Em todas as empresas a falta do produto em estoque foi descrita como “encontrar uma agulha em um palheiro”.
Na loja Gazin, da Rua 14 de Julho, o gerente de treinamento Henrique dos Santos, de 31 anos, relatou que com a busca intensa pelo produto nos últimos três meses a empresa ficou apenas com três ares-condicionados à pronta-entrega.
Tá sem, de vez em quando ainda chega três ou quatro no estoque, mas está em falta. Os clientes estão tendo que esperar. Tem cliente que compra e espera um mês para chegar. Não temos previsão de quando essa situação melhore porque está faltando peças para fabricarem os equipamentos”, relata.
Devido à grande procura e a falta de ar-condicionado, Henrique conta que até os climatizadores foram esgotados. Para quem vai até a loja buscando uma alternativa para se refrescar restou apenas os ventiladores. “Procura tem bastante, mas não tem pra vender. Já faz dois a três meses que estamos sem estoque”, diz.
Com a escassez do ar-condicionado, as reposições dos produtos estão sendo vendidas com preços mais “salgados”. Um equipamento de 9 mil Btus que há algum tempo era vendido por R$ 1.899 agora é encontrado por R$ 2.899. O mesmo ocorreu com o de 12 mil Btus, que passou de R$ 2.300 para R$ 3.399. Na loja, os três ares-condicionados que ainda há em estoque são 18 mil Btus, sendo vendido por R$ 4.789.
Leilão - O gerente da Sertão, localizada na Avenida Coronel Antonino, Davi Fernandes, de 42 anos, contou que clientes sedentos por um “refresco” chegaram a realizar ‘leilão’ para decidir quem levaria os últimos climatizadores da loja. Esses equipamentos foram os primeiros a serem esgotados, por serem alternativa de quem queria ter um ar gelado em casa e economizar energia.
“Esse aí foi uma loucura mesmo, porque quando saiu as pessoas ligavam pedindo ‘reserva pra mim’ e se não comprassem na hora eu já tinha pessoas aguardando aqui falando ‘se não for levar, eu vou levar’. Eu tinha dois ali que estavam quebrados, que era só um 'detalhezinho' na grade e começaram a falar: ‘se você me der um desconto eu levo’, outro dizia: ‘não precisa nem de desconto, eu levo ele assim mesmo’”, relembra.
No local, o último ar-condicionado que havia sobrado foi vendido ainda nesta manhã. Apesar do desabastecimento na loja, Davi informa que no estoque ainda há 20 equipamentos. Destes, 14 são de 30 mil Btus, que custam R$ 9.300. Os outros 6 produtos são de 24 mil Btus e são vendidos por R$ 6.800.
“Os equipamentos que temos em estoque são entregues na mesma hora ou retirados lá no estoque ou retiram na loja. Não tem demora, quando tem em estoque já vai embora. A demora é quando não tem, porque daí depende da entrega da indústria”, explica.
Agendando - Na Casas Bahia, da Rua 14 de Julho, o vendedor Alesson Alves, de 22 anos, conta que a alta procura por ares-condicionados fez com que os equipamentos fossem vendidos por agendamentos. “Os equipamentos que chegaram agora a gente está atendendo por pedidos, apenas duas marcas estão à disposição.”
Dentre os equipamentos disponíveis estão os ares-condicionados de 9 mil Btus e 12 mil Btus. O produto de 9 mil Btus era vendido antes do aumento da demanda por R$ 2.400, atualmente ele tem custo de R$ 3 mil.
Agora já é a quarta remessa que a gente tem de abastecimento. Pelo site o preço cai bastante, mas às vezes a gente consegue atender os clientes porque eles querem para já e no site tem um prazo de até 15 dias úteis para a entrega. O preço fica mais acessível, mas não atende os clientes na entrega”, pontuou Alesson.
Apesar do aumento registrado, o calorão tem feito com que muitos consumidores abram mão da economia para conseguirem se refrescar o mais rápido que conseguirem. “Eles vêm porque querem sair com o ar, mas não dá para ganhar os dois, ou ganha no preço ou ganha na entrega”, diz.
Ainda é contado por Alesson que o aumento das vendas começou a ocorrer após a onda de calor. Durante o fenômeno climatológico, a loja chegou a ficar zerada. “As cidades onde as temperaturas estão mais altas são as que mais estão faltando e precisamos repor rapidamente para não perder venda. Estamos já na quarta remessa de reposição. Nós recebemos a remessa semana após semana, mas teve vezes que terminou em cinco dias, três dias, menos de uma semana”, contou.
Os umidificadores também estão em falta na loja central. Porém, Alesson explica que o produto ainda está disponível em estoque em outras lojas da rede. Assim, o equipamento pode ser comprado em uma unidade e retirado em outra.
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